"Um teto que não conheço..."
Quando recobro a conciência me deparo com um lugar desconhecido que parece uma cela. No lugar das roupas que eu usava, estou usando o que parecem ser roupas de hospital e no lugar do meu smart-bracelat, há uma pulseira com números. Não estou sozinho, outras pessoas também estão no mesmo local que eu, homens, mulheres e inclusive crianças.
"Você está bem?"
Um cara que parece ser mais ou menos da minha idade olha para mim preocupado. Ele tem o cabelo preto como eu, tem pele branca e parece forte, talvez ele pratique algum esporte. Como todos nesse lugar ele também usa as mesma roupas e tem uma pulseira com números. Eu tento orgazinar essa situação na minha cabeço e respondo.
"Na verdade não, mas obrigado. Que lugar é esse?"
"Um laboratório, mas não sei onde exatamente"
"Como assim um laboratório? Isso não faz sentido? Isso tem a ver com os casos de desaparecimento? Não importa como eu olhe a situação, eu fui sequestrado." Eu fico desesperado e tento me levantar, mas ainda não consigo me mover direito e quando estou prestes a cair o cara me segura.
"Cuidado! Todo mundo que é pego fica fraco no início. Você tem que descansar primeiro."
"Obrigado. Meu nome Hisashi, e o teu?"
"Kazumi."
Ele me coloca no chão e me responde com um sorriso gentil. Quando finalmente me acalmo e estou prestes a perguntar por que estamos num laboratório, uma porta se abre com muita força. Aparecem 4 homens usando as mesma máscaras de quando fui raptado e se dirigem a um dos homens que está na sala. Ele parece está aterrorizado, todos ao redor estão tensos e Kazumi está tentando acalmar as crianças que correram para a direção oposta a dos mascarados. Eu começo a suar frio.
"Levem ele"
"N-Não! Espera! Por favor, não!!"
Três mascarados agarram o homem, dois seguram seus braços enquanto outro, a cabeça dele. Lágrimas começam a escorrer do homem em desespero quando o quarto capanga aplica uma injeção no seu pescoço. Quando aquela cena de horror finalmente termina, um deles vira seu olhar em nossa direção. A única palavra que pode ecoar no coração de todos que estão nessa cela é apenas uma, morte.
O homem que estava gritando até pouco tempo fica inconsciente e é levado embora pelos que vieram buscá-lo. Quando eles finalmente saem da cela, quando não é mais possível ouvir seus passos, a atmosfera de tensão é subtituída por uma de pesar. As crianças estão chorando mas Kazumi tenta acalmá-las. Minhas mãos estão tremendo e meu coração está acelerado. Me lembro das técnicas de respiração que minha mãe me ensinou e tento me acalmar. "Temos que sair daqui."
"Kazumi. Me conte tudo que você sabe sobre este lugar."
"...Certo."
Kazumi pareceu um pouco supreso pelo minha mudança de tom repentina, mas procede para me contar o que sabe.
"Não sei onde fica o laboratório onde estamos, nem quem está por trás dele, mas todos aqui foram sequestrados para experimentos."
"Entendo. E baseado pelas pulseiras, somos as cobaias de teste. Por que escolheram a gente?"
"Todos aqui tem uma coisa em comum, não possuem singularidades. Só há você e eu da nossa idade por aqui. Quando cheguei só haviam e somente sequestravam adultos, agora, até crianças estão sendo pegas"
Algo não está certo. Pessoas sem singularidade são uma minoria muito espalhada, não dá para juntar tantos em um lugar só sem saber quem são elas em primeira lugar. Sejá lá quem estiver por trás disso, possui acesso aos registros das pessoas. "Alguém do governo?". Mesmo olhando por todos os cantos da cela não consigo achar uma brecha, não há janelas, os dutos de ventilação são gradeados e certamente devem haver guardas na porta da cela. "Pense... Pense..! Em um momento desses..."
"Kazumi, eles vêm deixar nossas refeições?"
"Sim, sempre aparecem dois caras mascarados para deixarem refeições. Não me diga que voc-"
"Vou tentar escapar? Sim."
"Você sabe que isso é arriscado não é?
"Ficando parado eu vou apenas esperar com que a possibilidade de algo pior acontecer seja 100%."
Kazumi arregala aos olhos ao ouvir minha resposta. Se tentarmos fugir, podemos conseguir, no pior das hipóteses, morreremos. Se ficarmos, estaremos apenas esperando a nossa vez de morrer igual a um abatedouro.
"Eu tenho um plano, mas preciso de sua ajuda. O que diz?"
Kazumi tem um rosto conflitante. Ele está tremendo igual a mim quando vieram buscar o pobre homem mais cedo. "Será que ele perdeu pessoas aqui também?" Acho que estou pedindo muito para alguém que possivelmente não foi treinado para situações de estresse, acho que vou ter que pensar em outro plano.
"Desculpe, eu acho que é demais para pedir."
Eu me concentro no que está na cela, "talvez eu possa usar algo daqui como arma." Kazumi olha para mim analisando a cela e vira seu olhar para as crianças que não estão mais chorando. Ele cerra os pulsos e fica com um olhar de fúria no rosto. Ele se levante e vem até mim. Eu estava de costas, então fico supreso quando ele segura meu ombro e me vira de repente. Até pouco tempo ele tinha um olhar de ternura e tristeza, mas agora, parece mais determinado do que nunca.
"Me diga seu plano."
"....Obrigado. Você está aqui mais tempo do que eu e conhece mais pessoas aqui do que eu. Eu preciso de tua ajuda para convencer todos adultos aqui a participar do plano."
"Isso eu posso garantir, mas e as crianças?"
"Eu preciso que você as acalme durante todo o tempo. Para ter certeza que o plano vai dar certo vamos analisar cada coisa que acontece aqui até eles pegarem a próxima cobáia."
"Entendido"
Kazumi parece aliviado ao saber que as crianças não serão envolvidas nisso. Ele realmente parece se importar com elas... não. Com todos. Mesmo agora ele parece preocupado pela segurança de todos que estão aqui, inclusive eu, quem ele cuidou quando estava inconsciente.
"Quanto tempo demora para eles buscarem uma nova cobáia?"
"Entre 1 a 2 semanas."
"Tempo suficiente."
Kazumi e eu nos olhamos com seriedade e damos um aperto de mão. A partir de agora tudo depende somente de nós dois para saírmos dessa situação. Que a sorte esteja conosco.
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De caos ao Caos.
FantasyCom o surgimento espontâneo de superpoderes pelo mundo, conhecido mais como singularidades, a magia, que já era secreta, começou a ser usada cada vez menos até o ponto de seus praticantes desaparecerem dessa terra. Contudo, isso não significa que el...