Mais um dia, mais uma derrota

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 "....como......dito.......caos.......cuidado......."

Mais um sonho. Toda noite sonhando o mesmo sonho, e toda manhã o mesma monotonia.... Mas não posso me concentrar nisso hoje. Como sempre a mesma rotina de acordar, ajudar a minha mãe com as tarefas começa, o que não é é uma coisa ruim, de fato, é  a melhor parte do dia. O que já não é tão bom assim... A escola...

Em um mundo de poderes e habilidades, é frustrante ser um dos únicos humanos na terra sem uma singularidade. Na verdade essa população não é tão pouca assim, mas considerando que são uma minoria espalhada pelo mundo, é um grupo bem pequeno. Não por acaso, não é incomum pessoas como eu serem alvo de bulliyng e serem chamados de [contaminador]. Não porque levamos alguma doença, mas porque quanto mais pessoas sem singularidade há em uma família, maiores as chances de uma criança nascer sem uma. Eu caio nessa categoria.

Minha mãe não tem uma singularidade, contudo, por ter crescido em um dojô, ela aprendeu artes marciais com meu avô. Depois que ela e meu pai se conheceram ao acaso, eles começaram a trabalhar juntos num caso, desse dia em diante a relação deles foi avançando até o ponto de namoro então nóvios, até casados em última instância. Daí veio eu, Hisashi Miyazaki. Por conta da minha mãe, mesmo que eu não tenha nascido com uma singularidade, ela continuou me incentivando a querer seguir qualquer caminho que eu quisesse sem nunca me sentir intimidado.

Meu pai era um dos que trabalhava como [herói], alguém com uma forte singularidade e que a usava para o bem dos outros. Quando criança eu sonhava em ser como ele, ter o poder de proteger aqueles que são preciosos para mim ao mesmo tempo que nunca esqueceu o que era importante para ele. Não por acaso minha mãe se apaixonou por ele. Ele a conhceu enquanto ele estava trabalhando disfarçado para descobrir o responsável por uma série de roubos, e então conhceu minha mãe, que nunca elaborou essa história direito, mas eu posso imaginar quem era o dito ladrão.

Durante minha infância eu tive alguns amigos, nós brincávamos muito no bosque perto do parque, porém, quando a idade em que as singularidades começam a se manifestar chegou, por volta dos 5 a 6 anos, eu comecei a ser excluído. Eu fiquei triste na época pois eu era apenas uma criança, mas por alguma razão, eu tinha um pressentimento que algo iria acontecer naquela época, mesmo que eu não saiba explicar bem o porquê. Eu só conseguia sentir que, algo iria mudar.

Nem preciso dizer que não tenho amigos, mas não é como se eu sofresse bullying também. Meus dias na escola, mais que normais, são entediantes, mas ultimamente anda ocorrendo uma comoção. No meio da aula de matemática apareceu um homem com uniformes de policial e o diretor. O que está acontecendo? um aviso?  O homem em roupas de oficial foi até a frente do quadro e depois que se apresentou ele começou a explicar o motivo da visita.

"Boa tarde a todos, como vocês já devem saber devido aos noticiários, o caso de desparecimento de estudantes anda aumentando na região. Por conta disso estamos passando de escola em escola pedindo aos alunos que evitem irem para casa sozinhos, sempre ande no mínimo em grupos de 3 e evitem locais com pouca circulação de pessoas."

"Mas o qu-?" De fato, há algum tempo que jornais falam de desparecimentos de alunos do ensino médio, mas achei que era somente sensacionalismo. Em pensar que oficiais realmente se dariam trabalho de darem avisos em escolas... Deve ser realmente mais sério do que eu pensei. O resto da turma está agitada agora.

"E agora? Acho que vou pedir para meu pai vir me buscar"

"Posso ir contigo? Eu moro mais longe..."

"hump! Bando de medrosos"

Enquanto alguns estão com medo, os que possuem singularidades mais fortes acham que podem lidar com seja lá o que for sem medo. Bem, eu também tenho confiança nas minhas artes marciais, mas não é como se eu pudesse vencer caso eu esteja encurralado ou o outro lado tenha singularidades problemáticas. O diretor vendo a agitação dos alunos chama a tenção da turma e começa a falar de procedimento,

"Aham! Bem, como você ouviram do oficial, o recomendado que grupos de no mínimo 3 alunos voltem juntos para suas casas. Por isso vai ser passado para vocês um formulário para assim aqueles que morem mais próximos uns dos outros voltem para casa juntos."

Boa dor. Depois que todos preencheram o formulário que foi entregado ao professor responsável pela turma as aulas continuram normalmente até o fim do dia, onde o verdadeiro problema viria... "bem... Eu já esperava isso também" . Quando fui ao portão esperar pelo meu grupo, eu vi eles saindo sem mim com outro grupo. Por que não esperaram por mim? Simples. 

Eu sou um [contaminador]. Não somente eu sou o único na minha turma sem uma singularidade, como também, num mundo onde singularidades moldam o mundo, pessoas com singularidades sonham em ser [heróis], enquanto aquelas que não as possuem levam uma vida normal, essas são vistas como algo a ser evitado. É só imaginar um cenário onde os heróis mais fortes que possam vir a existir, simplesmente não existam devido a existência de um contaminador como pai, mãe, ou avós. Por isso pessoas como eu são evitadas. Você não pode se contaminador com aquilo que não tem contato não é verdade?

"Só me resta ir para casa então" penso comigo mesmo enquanto saio do portão. Apesar de não ter uma singularidade, eu tenho orgulho da minha capacidade de sentir perigo e da minha boa sorte. "Vou procurar o caminho mais rápido até em casa e vou ir por ele". Enquanto olho o mapa pelo smart-bracelat enquanto caminho, eu também presto atenção nos meus arredores, passando por ruas, avenidas e até mesmo becos para chegar em casa. Enquanto caminho pelo último beco de repente eu sinto um peso sobre o meu corpo.

"Você acha que esse vai servir?"

"Não tem essa de 'acho'. São ordens"

Duas pessoas saem de dentro de uma sombra quando eu ia sair do beco e começam a falar alguma coisa. Os dois estão usando máscaras estranhas, e algo que se parece com óculos para ver no escuro, pelas vozes a primeira deve ser uma mulher e o outro um homem adulto "Droga! Não me mexo!". Por mais que eu tente, não consigo me mexer nem falar. Isso não era para acontecer, eu não conseguir sentir a presença deles porque eles estavam na sombra? Isso é uma singularidade?

"Ande logo com isso"

O homem se aproxima de mim."se mexe, se mexe, se mexe!!!". Por mais que eu lute, eu não consigo sair do lugar. Eu tento fazer força, me concentrar, qualquer coisa para tentar sair desse estado de petrificação. Quando finalmente eu consigo liberar um dos meus braços o homem faz uma cara de surpresa por um segundo, mas a mulher segura meu braço e ele injeta alguma coisa no meu pescoço "Que... merda..." 

Começo a me sentir cada vez mais fraco e a minha visão começa a ficar turva e tudo preto. Depois disso não me recordo o que houve depois.





De caos ao Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora