The Moment I Knew

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Avisos!

Possuí menção a suicídio, depressão, ansiedade, e pensamentos suicidas, então se você não se sente confortável lendo esse tipo de coisa, por favor NÃO leia.

Aqui todo mundo saiu vivo depois de enfrentar o Vecna (primeira fase do luto é a negação).

Boa leitura!


Acho que todos temos um momento em que sabemos o que somos ou o que queremos ser. Talvez possam surgir dúvidas que façam com que você se sinta deslocado neste mundo, mas fique tranquilo, sua hora vai chegar.

Eu acho que sempre soube o que era, ou pelo menos sempre achei que soubesse.

Steve Harrington, o cara do cabelo bonito que usava seu charme para dar em cima de mulheres.

É, esse sou eu.

Por um longo momento da minha adolescência, eu sempre tive certeza de que era heterossexual. E sempre aprendi desde criança, que o oposto era errado.

Sempre ouvi coisas como "Homossexuais são pecadores. Eles vão todos para o inferno! Steve, mantenha distância de pessoas assim."

Mesmo não concordando com toda essa coisa de isolar pessoas pelo que elas são, nunca fui contra os meus pais. Porque afinal, eles eram sempre os donos da razão, não é?

Mas graças aos deuses, eu conheci Robin Buckley. A princípio achei que ela poderia ser minha namorada, então comecei criar sentimentos e me declarar.

No final, eu a ajudo a procurar uma namorada. Irônico, não?

Robin é a pessoa mais gentil e engraçada que eu já conheci em toda minha vida, depois de Dustin é claro. Ela sabe exatamente dizer o que você precisa ouvir, e se não souber, ela jamais sairá do seu lado, até ter certeza de que você está melhor.

Então, quando percebi que também gostava de caras, foi uma explosão de sentimentos. Eu chorei, gritei, não de felicidade mas sim de desespero.

Desespero por que o sabia o que estava por vir. Por saber o que eu teria que escutar se contasse para qualquer um sobre isso. Mas Robin estava lá. Ela me abraçou, limpou minhas lágrimas e disse que tudo ficaria bem. Que eu poderia confiar nela.

Mesmo não acreditando na mentira de que tudo ficaria bem, porque é claro que nunca fica, eu me senti seguro naquele momento. Um dos poucos da minha vida.

Mãe e pai sempre falavam sobre algum caso que tinham ouvido na cidade. Sobre algum homem sendo visto beijando outro. Sobre o quanto aquilo era nojento.

Era como se ela soubesse. Parecia que ela sentia a mentira e o medo escorrendo pelo meu suor toda vez em que ela citava algo parecido. Pai sempre olhava em meus olhos e dizia com uma voz extremamente autoritária.

"Por favor Steve, não nos decepcione. Não seja como eles."

E eu sempre respondia, com um fio de voz, escondendo a vontade de chorar.

"Eu não vou pai."

Eu queria poder ignorar a existência deles. Mas não dá para evita-los 100% do tempo, então você apenas aprende a conviver. Por que, no final de tudo, eles ainda são seus pais, e não há nada que você possa fazer para mudar isso.

[...]

- Steve? - Dustin estalava os dedos na frente de seus olhos. - Mundo chamando Steve Harrington. Responda!

Harrington pisca algumas vezes antes de olhar para o garoto. Ele estava cochilando no trabalho de novo.

- O que é que você quer Dustin?! - Limpa os olhos - Não vê que estou trabalhando?

- Você chama isso de trabalho? Dormir? - O garoto disse com seu clássico tom irônico.

- Eu não estava dormindo! Estava apenas... Ok eu estava dormindo. - Admite sentando na cadeira próximo ao caixa. - Enfim o que você quer?

- Perguntei se você me levaria na casa do Mike, vamos fazer outra campanha, não posso faltar.

- Outra? Vocês não jogaram isso a tipo, três dias atrás? - Steve põe a mão na cintura, encarando o garoto.

- Eu sei! E foram incríveis doze horas de puro entretenimento e...

- Doze Horas?!? Vocês jogaram por Doze horas??!?! - O garoto deu seu clássico sorriso, mas agora com dentes. - Não vejo necessidade em você jogar isso toda semana.

- Steve... - Harrington sabia que coisa boa não viria dali. - Todo esse jogo acrescenta algo na nossa vida! Quero dizer, nós aprendemos a nos defender, pensar em estratégias! E se outro portal se abrir novamente? Temos que estar preparados. Isso é uma jornada de conhecimento, nós estamos remando...

- Ah não... O discurso do remo não... - Steve bateu a testa no balcão, dramatizando um desmaio.

- ... Esse jogo é o nosso remo, para nos preparar para o que pode vir pela frente, não é? - Steve confirmou com um grunhido. - Precisamos do remo Steve...

Harrington levantou a cabeça e encarou Dustin por alguns minutos.

- Eu te levo, mas não quero ouvir nenhuma palavra sobre remos, entendido?

- Sim senhor, capitão! - Ele gesticulou uma continência - Vamos começar às três da tarde amanhã. Não se atrase ok?

- Certo Henderson, saia daqui antes que eu mude de ideia.

[...]

Como sempre acontecia, no dia seguinte Steve decidiu esperar o jogo acabar para levar as crianças para casa. Ele sempre se preocupava com elas.
Então ele foi meio que obrigado a assistir seis horas de um jogo que ele não entendia muito bem, mas que eles realmente gostavam muito.

Munson era o mestre como sempre, ele conduzia as crianças por aventuras mirabolantes em um reino mágico cheio de bichos e monstros bizarros.
Eddie parecia se divertir muito com as crianças. Steve gostava disso nele. A facilidade com que conversava e as deixavam entretidas, ele realmente estava empenhado.

Outra coisa legal no garoto eram suas tatuagens, cada uma mais irada que a outra, faziam com que Munson ficasse bem mais descolado. Steve adorava o estilo dele. Achava agressivo e extremamente sexy. Mas ninguém precisa saber disso.

Depois de todo o problema com Vecna, Eddie passou a tratar Steve com mais intimidade. Com piadinhas sem graça, ou apelidos íntimos, Steve poderia arriscar que Munson dava em cima dele. Mas seria pretensioso demais pensar nisso.

- Okay pessoal, o jogo está muito bacana mas vocês precisam ir para casa. - Eddie anunciou ganhando reclamações dos garotos. - Stevie, você pode nos levar?

- Claro, vamos logo por favor.

[...]

Ele ja havia deixado todos em suas devidas casas, faltando apenas Eddie. Assim que Steve parou o carro próximo ao trailer de Munson, ele o agradeceu.

- Obrigado querido. - Deu um tapinha na perna de Steve, que sentiu seu coração acelerar. - Não quer entrar e tomar uma cerveja? - O metaleiro perguntou.

- Não Eddie, eu preciso voltar para casa, mas obrigado pelo convite. - Sentiu suas bochechas esquentarem.

- Tudo bem querido, podemos marcar para outro dia. - Eddie abriu a porta do carro e saiu. - Adeus Stevie. - Mandou um beijo no ar para o garoto, entrando o trailer logo em seguida.

Steve sentiu algo palpitar em seu coração.

- Merda... - Ele sussurrou desesperado. - Merda, merda merda...

Six Feet Under [Steddie]Onde histórias criam vida. Descubra agora