O Escolhido?

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O Santuário do Enlace de Fogo...foi assim que o cavaleiro desanimado o chamou. Disse que aqui eu poderia encontrar um pouco de calmaria antes de partir. Vejo nele um semblante de medo. Medo de se transformar em um monstro imortal...como eu. Mesmo trajando este elmo fechado, não foi difícil para ele perceber o que sou. Meu corpo seco e definhado entregou isso. Ele me olhou nos olhos...no início com repulsa, mas logo depois com pesar. Ele sabia que me encarando, encarava diretamente o próprio futuro.

Não tive culpa de ser amaldiçoado com o Sinal Negro. Alguns poderiam dizer que é uma bênção. Quem sabe? Pelo menos o lugar é calmo como ele me disse. Estas ruínas trazem uma beleza ímpar e a relva ao redor é verde como a vida. Esta espada em chamas à minha frente traz um conforto estranho, que nunca antes senti na vida. Ou na morte. Tudo mudou tão de repente...em um momento eu estava trancafiado naquele lugar esperando a insanidade me alcançar, e agora trago comigo uma espada, esta armadura e a missão de um homem morto. Ele disse que sou o Escolhido. Aquele que trará a cura para toda a espécie. Minha espécie. Minha e de Oscar. E mais tarde a do cavaleiro desanimado.

O que eu posso fazer? Não entendo o que Oscar viu em mim. Não entendo por qual motivo ele me tirou daquela cela. Poderia simplesmente ter me deixado enlouquecer e me tornar apenas mais um, naquele maldito asilo. Será que ele sabia que podia morrer? Talvez por isso tenha jogado aquela chave. Talvez quisesse ter a certeza de que alguém continuaria caso ele falhasse. Oscar...

Escolhido...é uma palavra muito forte para alguém como eu. Bom...não é todo dia que, sou agarrado por um corvo gigante e saio voando por aí. Pelo menos consegui fugir daquele asilo e por milagre derrotei o guarda. Talvez eu seja capaz de fazer isso, afinal. Aquele demônio sempre me assustou, mas ele está morto, agora. Morto pelas minhas mãos. As mãos de outro demônio, eu acho.

Tocar dois sinos...foi isso que o cavaleiro desanimado me falou. Não parece tão difícil. Tocar os dois sinos e então, saberei o meu destino. Isso realmente é tentador. Grandioso, até mesmo para um mundo sem esperanças. Petrus disse que este mundo precisa de milagres. Disse que podia me ensinar alguns, caso me juntasse ao seu convento. Eu rejeitei sua oferta, mas ele não se ofendeu. Me presenteou com essa moeda de cobre e me desejou boa sorte em minha jornada.

Talvez eu consiga fazer isso, afinal. Tocar os tais sinos e concluir a tal Peregrinação que Oscar falou. Conseguir de volta minha humanidade... será um caminho difícil, mas acho que estou pronto. Escolhido? Não... Oscar estava errado sobre isso. Sou apenas um peregrino. Esse não é o meu destino..., mas é o que escolhi seguir.

O Escolhido?Onde histórias criam vida. Descubra agora