-Olive! Não! - gritou Mihael me puxando pelo braço e me abraçando com força.
Aquecida nos braços dele, eu ouvia o barulho dos carros passando e um vento forte entre nós.
-Você quer se matar mesmo?! Você sabe que isso é coisa da sua cabeça! - disse Mihael que parecia irritado.
Ouvir ele gritar comigo daquele jeito me deixava com medo, Mih nunca foi assim...
-Me desculpe...- Eu disse deixando uma lagrima escapar.
Eu não pude me segurar, e desabei em seus braços, eu chorava e fungava como uma criança após levar uma bronca.
-N-Não chore por favor...-ele disse me lavando até a calçada e alisando meus longos cabelos castanhos.
Mihael parecia estar sem jeito, estar ali com uma louca em seus braços parecia ser mesmo algo muito constrangedor.
-Sinto muito...- eu disse me afastando do mesmo e enxugando minhas lagrimas.
-Não sinta. - ele disse revirando os olhos disfarçando a vergonha.
-Vamos voltar, talvez não seja um bom dia para sairmos - Eu disse enxugando as lagrimas.
-Nada disso! - Disse Mihael pegando em meu pulso e andando a passos largos até o parque.Central Park
16:00PMChegando no Central Park nos sentamos embaixo de um enorme Carvalho e ficamos a observar as pessoas passando, mas elas estavam sempre olhando para nós, aquilo me deixou nervosa, eu suava frio.
-Mih...eles estão falando mal de mim - eu disse segurando a mão do mesmo com força.
-Deixe de ser besta, eles nem estão te vendo, você é baixinha demais para isso. - Ele disse rindo.
-Mih! -Eu disse olhando para ele com medo.
-Se acalme...- o mesmo me disse dando-me um forte abraço.
-Eles vão me machucar, eles querem me ver sofrer! - eu disse tentando pegar o calmante no bolso da jaqueta de Mihael.
-Calma...eu estou ao seu lado - Ele disse acariciando meus cabelos.
Em um movimento ligeiro peguei o calmante de seu bolso e o abri, eu jogava os comprimidos em minha mão esquerda e os engolia de uma vez.
-Largue isto! Já! -Disse Mihael tomando o frasco de minha mão -Cuspa! Agora! Já!
-Hm hm! -Eu disse negando com a cabeça.
-Então vai ser assim?!
Ele segurou meu queixo com força e pressionou minhas bochechas com os dedos me fazendo cuspir aquelas pílulas.
-O que eu disse sobre tomar calmantes!? Isso vai te matar! Você se transformou em uma viciada em remédios! Eu não sei o que eu faria se te perdesse sua idiota! - ele olhava fixamente em meus olhos, como se ele quisesse me dizer mais alguma coisa, mas ele não disse mais nada.
-Eu só não quero ficar assim! Os médicos sempre me dão calmante quando eu dou meus ataques! - eu disse chorando.
-Eles fazem isso porque não sabem dar amor! É o trabalho deles! - ele disse fechando o frasco bem fechado e jogando-o mais longe possível.
-Não! - eu disse me levantando.
-É pro seu bem Olive...- ele se levantou, pegou em meu pulso e saiu andando.
Eu o seguia olhando em volta para procurar meu frasco, olhava em toda parte, mas não o encontrava.
-Desista, nunca vai acha-lo...- ele disse segurando mais forte em meu pulso.
"Não se preocupe meu anjo...eu acharei para você"
-Nate! -Eu disse abrindo um lindo sorriso.
-Que? -Mihael se virou e olhou atrás de mim.
-O que houve? - eu disse.
-Você disse que o "Nate" estava aqui? - ele fez aspas novamente com as mãos.
-Sim! Eu ouvi a sua voz! Ele estava aqui!
-Aqui onde?
-Comigo! -Eu sorri.
-Mas eu não vejo nada além de árvores e pessoas!
-Mas o Nate é uma pessoa...
-Não, ele é uma ilusão sua. -ele fitou meus olhos.
-Pare de dizer isto!
-Não...-ele voltou a andar.17:00PM
Estava tudo calmo, até ocorrer um imprevisto...
-Vocês dois!
Era a esposa do Diretor, a Senhora Louise.
-Eu já devia saber! Vocês sempre fazem isso! Hoje não seria diferente! -Ela resmungava do portão do Orfanato.
-A Bruxa Velha ataca novamente...-eu cochichei para Mihael.
-Nem me diga...- o mesmo cochichou de volta.
-Já chega! -ela disse me puxando para longe de Mihael.
-Ei! -eu resmunguei.
-Você está sempre aprontando não é?! Vamos ver se você vai continuar a aprontrar, depois que você ficar um mês sem ver a luz do dia!
Ela segurava fortemente em meu braço e me arrastava pelos corredores do orfanato, enquanto as crianças riam da minha cara e zombavam de mim. Eu cambaleava para os lados pois não conseguia acompanhar a rapidez da Bruxa Velha, quando me recuperei, a mesma me jogou em um quarto escuro e com as janelas trancadas a cadeados.
-Você não é esquizofrênica! É uma louca! -ela disse fechando a porta e ouvia o barulho da mesma sendo trancada.
-Não!! Mihael! Chris! Sr. William! Nate! - Eu gritava e chorava e esperneava, mas ninguém vinha me salvar.
"Ora Ora Ora...chegou cedo..."
Aphroditte apareceu atrás de mim estendendo suas longas patas e segurando em meus ombros.
"Quem diria que a nossa bela rainha iria ficar presa dentro de um quarto escuro..."
-Aphroditte! Me ajude por favor! Me tire daqui! Eu quero ir embora! Preciso ver meus amigos! - as lagrimas de desespero escorriam pelo meu rosto.
"Se acalme vossa alteza, nós somos seus amigos."
Ela disse enxugando minhas lagrimas e me fazendo um cafuné.
De trás dela eu vi Apolon pulando até meus braços.
-Eu tenho tanta sorte de ter vocês...- eu acariciava os pelos de Apolon.
Das sombras surgiu Ares, que abraçou minha perna esquerda.
"Vamos para Nightmare...Lá você encontrará o que procura"
-Mas tenho medo. - eu disse olhando para Ares que me segurava com força para que eu não me movesse.
"Esqueça esse urso imbecil, ele nunca deixa você se divertir"
-Ele quer me dizer algo...-eu disse o pegando no colo.
"Largue-o!"
-Não! - eu gritei.
"Largue-o agora! Ele vai destruir tudo!"
-Não! - eu fiquei fora de mim e gritei e comecei a chutar a porta e gritar - Me tirem daqui! Eu quero sair! Eu estou com medo!
Meus gritos de desespero eram aterrorizastes, eu gritava e chorava e chutava a porta com muita força. Em um super chute eu quebrei a fechadura e acabei ficando presa naquele quarto escuro com Apolon, Aphroditte e Ares.
-Nate...me tire daqui... -eu chorava - Nate...
"Olive...psiu!"
Eu ouvia alguém me chamar, com uma voz calma que parecia vir do lado de fora da porta.
-Sou eu...Nate... - a voz dizia, mexendo na maçaneta.
-Nate! - eu gritei e enxuguei minhas lagrimas - como me achou?!
-Não importa - ele disse - preciso te tirar daqui.
Eu mexia na maçaneta para tentar abrir a porta, puxei com força e a porta se abriu.
-Ollie! - disse Nate entrando no quarto.
-Nate! - eu gritei novamente e tentei abraça-lo, mas o mesmo se esquivou para o lado.
-Vamos sair daqui... - Ele disse sorrindo e andando até a janela trancada.
-Eles a trancaram do lado de fora. - eu disse cabisbaixa.
-Não seja por isso! Vamos pelo corredor então! - ele saiu correndo na minha frente e desapareceu no corredor escuro.
Como!? Ja faziam 3 horas que eu estava presa ali!20:30 PM
Eu estava sozinha, correndo pelos corredores ( Claro :v ), procurando Nate em toda parte.
-Nate! Não fuja de mim! - Eu chamava por ele e corria mais rápido.
Parecia que quanto mais eu corria, mais longo o corredor ficava, meu desespero foi aumentando, meus olhos estavam prestes a soltar algumas lagrimas, quando tropecei e cai em cima de alguma coisa alta e magra.
-Olive?! - Disse Mihael caído no chão e logo acima dele estava eu.
-Mih! Que bom que é você! - Eu disse sorrindo - Você por um acaso viu...o Nate? - eu corei.
-Não! Como eu iria ver uma coisa que é da sua cabeça?! - ele me empurrou para o lado e se levantou.
-Ele não é da minha cabeça! Ele existe! - eu disse me levantando e olhando fundo em seus olhos.
-Nate não passa de fruto da sua imaginação! - ele me encarou de volta.
Nossos rostos estavam muito perto um do outro, eu podia sentir sua respiração e ver a tristeza em seus olhos.
-Fique com suas conclusões! - eu dei a língua para ele.
-Hm... - ele me encarava sem dizer uma palavra.
Ele me olhava de um jeito diferente, como se eu fosse algo precioso, seus olhos começaram a brilhar inexplicavelmente, ele respirava fundo e parecia se segurar para não fazer algo.
-Mih...? Você está bem? - Eu disse colocando a mão em sua testa para medir a temperatura.
-Estou... - ele segurou meu pulso firme.
Mihael não soltava meu pulso por nada, e continuava a me encarar com um olhar penetrante, como se só houvesse eu e ele no mundo apenas.
-Sua louca varrida... - ele beijou minha testa e saiu andando.
"Ele com certeza é mais louco do que eu"
Pensei comigo mesma, depois dei a língua e voltei para o quarto com medo que percebessem que eu havia saído.
Mas aonde o Nate se meteu...?No outro dia
10:00 AM"Olive! Não!"
Um grito de desespero ecôo em meu quarto e eu acordei com medo, e ofegava colocando a mão em meu peito para sentir meus batimentos.
-Isso nunca vai acabar...? - eu disse me levantando da cama.
Sentei na beirada da cama, esfregeui os olhos e olhei em volta daquele quarto escuro e sobrio, ele parecia tão sem vida, cheio de teias de aranha, um armário velho e antigo, uma cômoda que tinha um leve cheiro de mofo e aquelas janelas trancafiadas com cadeados.
-Parece que esse lugar foi mesmo feito para loucos, como eu...-suspirei e sai do meu quarto um pouco tonta por causa dos efeitos do remédio, mas quando recuperei meus sentidos vi a Sra. Louise olhando para mim, a mesma olhava para a fechadura quebrada, e em seguida para mim e repetia está ciclo por um tempo até se aproximar e dizer:
-Olive Nightmare...você arrombou está fechadura!? - a mesma cruzou os braços e bateu seu pé esquerdo sobre o chão inúmeras vezes esperando uma resposta.
-S-Sim...eu acho que sim...- eu olhei para o chão com vergonha e arrependida.
-Você já está passando dos limites mocinha, como pretende ser adotada desse jeito? -Ela se curvou para que pudesse me encarar.
-Esse é o problema! Não quero ser adotada! Quem vai querer um monstro como filha!?
-Bom...eu não vou mais perder meu precioso tempo com você Olive. - ela deu um passo para trás - bom café da manhã.
Eu admito, aquela velha me dava medo, os monstros que invadiam minha mente não chegavam nem aos pés da crueldade que eu via nos olhos daquela senhora.
-To vendo que hoje o dia vai ser looooongo. - eu bocejei e sai do quarto.
-Oi Nanica, bom dia. - disse Mihael que estava logo atrás de mim.
-Olá Gigante! - eu me virei para ele e sorri.
-Está bem sorridente para alguém que tocou o terror noite passada.
-Eu não "toquei o terror" em nada! Apenas chutei a fechadura da porta, não vejo mal algum nisso.
-Ah claro, porque é super normal você chutar uma fechadura e depois sair correndo feito uma louca pelo corredor 'oh meu Deus! Nate! Onde você está?!' - ele me imitou fazendo uma voz fina e mexendo os braços para um lado e para o outro.
-Isso não tem graça Mihael! O Nate existe! Ele me salvou daquele quarto escuro! - eu estava furiosa.
-Você não percebe que aquilo foi tudo imaginação sua?! Você mesma destrancou a porta! - ele elevou o tom de voz.
-Já chega! Não aguento mais ver você me tratando como louca! - Eu bati o pé e olhei séria para ele, mas por dentro eu estava com muito ódio.
-Não te trato como louca Olive! Eu quero só cuidar de você! Não aguento mais ver aqueles médicos te machucando e te dopando! - ele segurou meu ombro e olhou fixamente em meus olhos.
-Não quero esse tipo de cuidado! você...!
Antes que eu pudesse terminar a frase ele me abraçou com força, parecia que não iria me soltar jamais.
Seu abraço era quente, e confortável, ele me deixava segura, não queria mais sair dali, era como se... Tudo que eu passei, toda raiva, todo ódio, toda a dor... Tivesse desaparecido.
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Olive Pesadelo
FanficOllie, uma órfã Britânica, tem uma vida um pouco diferente das adolescentes normais. Olive Nightmare, mais conhecida como Ollie, foi uma das raridades da esquizofrenia. Com 15 anos adquiriu o tormento dos pesadelos realísticos e acabou tendo um estr...