1 - Prólogo

102 10 8
                                    

Era um fim de tarde frio e escuro, do dia 7 de abril de 2011, o sol acabara de despedir-se daquele dia e em seu lugar surgia a protagonista da noite, a lua. Podia se ouvir os galhos das árvores sendo balançados pela leve ventania advinda junto a chuva leve que pairava sobre o telhado da residência dos Saron's.

Naquele dia fatídico, a jovem Ravi Saron, com apenas 12 anos, encontrou o corpo sem vida de sua amada mãe no quarto de sua casa com traços semelhantes aos de outras vítimas do serial killer denominado "Assassino da Rosa Vermelha".

Ele deixava nas mãos de suas vítimas uma rosa vermelha como forma de sua assinatura egocêntrica.

Em um desespero profundo, paralisada em frente a cena chocante, com as pernas estremecidas, Ravi ajoelhou-se no chão, com os braços em volta de si mesma, olhou diretamente para aquela cena, começou a chorar e chamou por sua mãe:

— Mamãe... Mamãe...Mãe...

A medida que não sobrevinha nenhuma resposta por parte de sua genitora, Ravi começou a gritar em agonia ajoelhada ao chão. No entanto, seu choro e seus gritos foram cessados quando escutou barulhos vindos da porta daquele quarto.

Ao virar seu rosto e olhar em direção a porta, Ravi avistou um homem alto de estatura forte parado encapuzado a olhando fixamente. Tanto as suas roupas como as suas botas de chuva de galocha detinham uma tonalidade escura.

Em primeiro momento, Ravi não conseguiu identificar o sujeito, pois não dava para ver o seu rosto, uma vez que as luzes do quarto estavam apagadas e somente o luar iluminava de maneira tímida aquele cômodo por meio das janelas de vidro.

Em seguida, Ravi levantou-se rapidamente e calada olhou diretamente para aquele homem.

Muitos diriam que em seu lugar teriam se apressado para tentar fugir daquele local, mas poucos se lembram que muitos se paralisam diante do medo.

O homem então deu alguns passos em direção a Ravi e logo parou novamente. Nesse momento, Ravi ainda estava inerte, apenas olhando para aquele indivíduo, sem nenhuma reação.

Todavia alguns segundos depois, quando as nuvens moveram-se, os raios luares finalmente revelaram a face daquele indivíduo, Ravi de imediato percebeu tratava-se de seu pai, senhor Hadrian Saron.

Contudo, ao olhar em sua face não o reconheceu como tal, uma vez que aquele homem em sua frente apenas demonstrava um semblante obscuro. Seus olhos estavam sombrios e frios como a neve no inverno. Sem nenhuma demonstração de sentimentos. Sem empatia a cena do corpo sem vida de sua amada esposa.

Naquele quarto apenas ouvia-se o ruído do vento em meios as folhas das árvores do lado de fora da residência dos Saron e os pingos da leve chuva sobre o seu telhado.

Havia uma ausência de comunicação entre eles. Um verdadeiro e amedrontador silêncio.

Entretanto, aquela silenciosa atmosfera intimidadora foi interrompida pelo som das gotas de sangue caindo sobre o chão. Aquelas gotas estavam escorrendo da faca que a mão esquerda de Hadrian segurava.

Diante disso, Ravi saiu do estado de paralisação e notou rapidamente nas vestes de seu pai um líquido vermelho. Apesar de suas roupas serem de tom escuro dava para ver o brilho do sangue iluminado pela lua. Em sua face também dava para ver alguns resquícios dele.

Ravi então percebeu que algo realmente estava errado. O medo que sentiu quando viu seu pai não era em vão. Ravi em desespero deu dois passos para trás em uma tentativa de fugir daquele lugar, sem notar que a porta não estava naquela direção.

Atrás encontrava-se apenas o cadáver de sua amada mãe.

E quando ia dando mais passos, estes foram interrompidos no momento em que viu um sorriso formando-se no rosto de seu pai. O sorriso formado era idêntico ao sorriso de amor paterno que ela recebia em seus dias felizes.

Prontamente, Hadrian dirigiu-se a sua filha pelo apelido carinhoso que sempre a chamou:

Minha pequena Flor de Lótus, papai está aqui.

Ao ver que sua progênita esboçava apenas uma face de medo, Hadrian sorrindo serenamente soltou a faca que segurava em sua mão esquerda e levantou ambas as mãos no intuito de demonstrar que não havia nenhum perigo.

Ao tentar se aproximar da jovem, foi surpreendido. Ravi desviou, em passos rápidos, de Hadrian e foi em direção a saída do quarto. Entretanto, a escuridão que pairava sobre aquele ambiente e o medo que a dominava a impediu de perceber que havia um tapete próximo a escada.

Assim, Ravi esbarrou naquele objeto e caiu de cabeça no chão. O impacto da queda fez com que a garota perdesse a consciência quase que de imediato. Enquanto fechava seus olhos, a jovem podia escutar os passos lentos de Hadrian em sua direção e avistar em sua face uma reação indiferente.

Já era o amanhecer de outro dia quando Ravi acordou e viu-se em uma cabana no meio do nada com as mãos e pernas amarradas. Desesperada, olhou ao redor e, prontamente, viu seu pai ali, em pé perto de uma mesa.

Hadrian ao perceber que sua filha acordou, logo sorriu e disse a ela:

Minha pequena flor de lótus, já acordou? Que bom, já é a hora do café da manhã, então você acordou na hora certa.

Hadrian pegou o pão com manteiga e o copo de leite, depois foi em direção a ela, entretanto, sua caminhada é interrompida por gritos apavorados de uma mulher chorando vindos do porão daquela velha cabana:

SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR, ME AJUDA!!!

Laços NegrosOnde histórias criam vida. Descubra agora