Acaso Prometido | Chaennie

32 - Saudade e Respostas

Sentia a ponta dos dedos gélidas e um arrepio percorrer toda a parte exposta do seu corpo. Os fios pretos completamente molhados serviam de caminho para a água que escorria por entre as madeixas e deslizavam pelo seu rosto, com os lábios trêmulos pelo frio e as roupas ensopadas, ela suspirou por ter finalmente chegado.

Roseanne encarou a porta de madeira escura a sua frente, a chuva caia atrás de si, mas ela estava protegida pelo teto da varanda. Não deveria ter esquecido o guarda-chuva. Ergueu a mão e deu três batidas, esperando ansiosamente, sentia-se nervosa por não saber exatamente o que dizer e como dizer. Levou cerca de vinte minutos para chegar ali, molhou-se um pouco para chegar na estação de metrô próxima a sua casa, mas foi quando desceu no destino que não viu outra alternativa a não ser correr na chuva em direção a casa de Jennie.

Agora estava completamente ensopada.

Os poucos segundos que se passaram após as batidas foram como longos minutos, seu estado não era dos melhores e seus lábios estavam machucados do tanto que já havia os mordidos. Quando a porta se abriu, a loira assustou-se levemente e deu um passo para trás.

— Roseanne?

Não era Jennie, e sim a mãe dela. A mulher a encarava com uma certa confusão no rosto, sabia que a sua presença ali não era nada tão esperado.

— Sra. Kim? — Roseanne gaguejou um pouco pela surpresa.

— Você está completamente molhada, criança! O que faz aqui? — O tom de voz preocupado da mulher fez-se presente.

Roseanne sentiu as bochechas esquentarem um pouco pela vergonha que estava passando.

— Preciso falar com Jennie...

— Ela foi na biblioteca pegar algo que esqueceu. — A mulher, dona de fios escuros como os da filha, disse. — Mas ela deve voltar logo, ela odeia chuvas assim, tenho certeza que pegará um táxi de volta assim que finalizar.

A loira abriu e fechou a boca ao menos duas vezes, mas apenas assentiu. Sentia-se frustrada, era como se sempre estivesse atrasada em relação a Jennie, simplesmente nunca chegava no momento certo. Na escola, quando se conheceram e até mesmo quando pensou que o momento havia chegado, estava errada.

Seu timing era uma porcaria, ela diria.

— P-posso esperar aqui? — Roseanne perguntou referindo-se a varanda.

O olhar incrédulo que recebeu da mulher mais velha quase a assustou, afinal, a outra a encarou como se ela tivesse falado a maior besteira do mundo.

— Aqui? Nesse frio e nessa chuva? — A loira apenas repuxou os lábios constrangida. — Nunca! Espere um pouco. — A Sra. Kim pediu de maneira apressada.

Roseanne viu a mulher sumir da sua vista adentrando a própria casa em busca de algo que ela não sabia o que era, então apenas fez o que a outra pediu, esperou. Precisava admitir que estava com muito frio, suas roupas molhadas e grudadas na pele com toda certeza não era, nem de longe, a melhor das sensações.

Esperou por mais ou menos três minutos, logo a mulher voltou, tão apressada quanto foi, mas com algo em mãos.

— Aqui está... — Roseanne encarou o que parecia ser uma muda de roupas e uma toalha. — Você pode se secar no banheiro social perto da cozinha, as roupas são da Jennie então podem ficar um pouco mais curtas.

A mulher ofereceu um sorriso.

— Posso esperar aqui, não precisa... — Ela não queria incomodar daquela forma.

— Ande, menina. — A outra insistiu, pondo a mão sobre um de seus ombros e fazendo-a entrar. — Não se preocupe com o assoalho, eu secarei.

— Obrigada. — Sobrou para ela sorrir sem graça, agora com as roupas em mãos.