UMA (BOA) GAROTA

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Eu sou boa, cresci ouvindo isso, ouvi os meus pais, dos meus professores, treinadores, amigos, colegas, conhecidos e estranhos. Quando estou com uma raquete de tênis na mão eu tenho essa lembrança em palavras vivas na minha cabeça e repito silenciosamente em momentos difíceis. Para minha sorte não precisei repetir nenhuma vez no dia de hoje, Félix e eu vencemos por três sets, nossa dupla é realmente imbatível e agora é mais real do que nunca: estamos indo para as regionais. Vou para a arquibancada e tomo água direto da minha garrafinha lilás cheia de glitter e stickers que minhas amigas fizeram questão de planejar onde ficaria cada um, Félix por sua vez senta massageando o pulso esquerdo com uma expressão dolorida.

- Voltou a incomodar?

- Está ficando pior - ele diz suspirando - essa semana sem falta irei ao médico

- Se você não for eu te obrigo, você não pode me deixar sozinha contra as outras escolas - reclamo sentando ao lado dele e pegando sua mão para avaliar

- Aí - ele reclama da maneira que eu pego - desse jeito parece que você quer se livrar de mim mais cedo - ele ri

- Aigoo, nem tem como eu me preocupar com você - levanto e pego minha mochila - Vejo você na festa da Suzy

- Até mais noona - ele acena enquanto eu vou embora com a mochila no ombro direito e as duas raquetes dentro da case no outro ombro

O dia está quente e isso faz a minha testa suar e grudar alguns dos meus baby hairs, me amaldiçoo internamente por não ter continuado de viseira, as pessoas me cumprimentam enquanto eu atravesso o corredor em direção a saída. E lá estão eles, os veteranos babacas desse ano estão amontoados na escada fazendo barulhos no seu próprio dialeto quando outras garotas passam.

- Vai pra festa da Suzy mais tarde? - Baek, claro que tinha que ser ele

- Claro - respondo descendo os degraus - sua namorada mesmo me convidou - os outros garotos do grupo zoam ele e eu sorrio vitoriosa discretamente, não é novidade pra ninguém que eles são o tipo galinha, que vem com uma placa de CUIDADO pendurada no pescoço, uma pena que nem todo mundo pensei assim. Sinto uma pancada no ombro e deixo cair as raquetes

- Ai - reclamo e me viro para saber quem topou em mim - Olha por onde anda garoto

- Desculpa Im - MinHyuk abaixa e pega a case me devolvendo - mas só pra você saber era você que estava distraída

- Você pode ter danificado meu equipamento

- Qual é, tanto você quanto eu sabemos que o seu equipamento já aguentou coisas piores do que essa - ele ri me deixando desconfortável - boa partida - ele me deixa e vai de encontro aos seus amigos veteranos

No último verão nos encontramos no acampamento por coincidência, ele foi para lá ser instrutor de educação física enquanto eu estava ensinando tênis para as crianças, MinHyuk não é uma companhia ruim mas o seu ego é, era irritante ter que ouvir a maneira como ele se vangloriava por coisas tão pequenas do mundo da escola, como fazia questão de exibir o seu corpo nas aulas de natação e como insistia por um desafio com alguém, tive dias o bastante pra isso e desde que o ano letivo começou eu só não queria topar com ele nos corredores.

Chego em casa e tiro os sapatos na entrada, meus pais estão trabalhando então não tenho que fazer um relatório sobre o jogo de hoje para ninguém, me arrasto até o andar de cima e entro no meu quarto, ele foi arrumado, o cheiro fresco de produto de limpeza faz bem às minhas narinas castigadas pela poeira da quadra. Jogo a mochila e a case de raquetes na poltrona ao lado do espelho e pego meu celular no bolso da frente da mochila, vejo meu reflexo e meu deus eu estou assustadora. Sana e Momo me ligaram, Sana ligou mais vezes então decidi respondê-la primeiro

ᴇxᴀᴄᴛʟʏ ʟɪᴋᴇ ᴏᴛʜᴇʀ ɢɪʀʟꜱ || ɴᴀʏᴇᴏɴ & ʜᴜᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora