. e l e v e n . Me Desculpe

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Escritório de Advocacia

A noite passou insone, sua consciência não permitia que descansasse como precisava, não enquanto não resolve aquele conflito interno. Saiu de casa mais cedo que o habitual, por conta do mal tempo decidiu levá-la para a escola e disse que a buscaria no final da tarde, pelo mesmo motivo. Além de ter percebido que havia algo de errado.

Tudo entre eles parecia estagnado, ou regrediu consideravelmente. Não podia de fato reclamar, não sabia dizer quando o relacionamento — se é que poderia chamar assim — se tornou tão complicado. Ela não era sua namorada, tão pouco sua irmã ou prima, talvez não precisasse rotular. Por que precisava encaixar o que tinham em alguma definição? Em uma caixa? Em um rótulo? Talvez fosse somente a sua responsabilidade para com ela que estivesse pesando para que resolvesse logo e tudo voltasse ao que era antes.

Chegou no trabalho cedo, foi direto para sua sala. Sentou-se em sua cadeira, suspirou frustrado, passou as mãos pelos cabelos nervosamente. De hoje não passaria para dar fim aquela agonia, esse não conversarem ou então aquelas conversas com respostas monossilábicas dela. Nunca pensou que sentiria tanta falta de conversar com alguém como sentia com ela.

— Posso entrar? — Sorento perguntou, segurava a maçaneta da porta da sala do amigo.

— Pode.

— Está tudo bem? — sentou-se na cadeira de frente para a mesa. O observou com calma, havia olheiras escuras sob os olhos, a barba por fazer, tinha a fisionomia cansada, de quem carregava todos os problemas do mundo nos ombros.

Kanon o olhou, incerto da resposta. Estava? Poderia desabafar com o homem a sua frente, afinal eram amigos há muito tempo, Sorento em mais de uma ocasião o aconselhou e bem. Havia vezes em que parecia parte de complô dele e Saga para infernizar sua vida, mas sabia que tanto o gêmeo quanto o amigo só o queriam bem.

— Não, não está... — disse, a voz desanimada e triste não deixava enganar.

— Você e aquela menina brigaram? — Foi direto ao ponto, trabalho sabia que não era, pois Kanon sabia, ainda que a contragosto, pedir ajuda quando necessário.

— Eu fiz uma besteira...

— Se for a que eu estou pensando... — seu pensamento logo partiu para Thétis, a loira precisava superar aquele relacionamento e ser feliz com outra pessoa. — Kanon, você é meu amigo, mas um idiota... Não deixe que ela crie expectativas de algo que não vai acontecer.

— Eu se...

— Sabe mesmo? — arqueou a sobrancelha esquerda de maneira questionadora. — Olha, todo mundo erra, mas insistir em um erro, é burrice.

Adoraria retrucar, mas não poderia, estava errado dessa vez. Permitir que Thétis criasse qualquer expectativa que fosse sobre uma possível volta era errado, muito errado. A faria compreender aquilo sem ser grosseiro, a não ser que fosse estreitamente necessário.

— E faça as pazes com a menina — disse. — Seu humor anda péssimo...

Piscou, olhou para o amigo de maneira incrédula. Seu humor andava ruim? Não percebeu. E sim, cuidaria daquele assunto sem falta. Sorriu fraco, agradecido.

— É reunião e nem me chamam? — Io exclamou fingindo indignação.

— Mas é muito drama tão cedo... — falaram em uníssono, não acreditando na cara de pau do amigo.

— O que é? Vai rolar outro churrasco? — perguntou, sentando-se na cadeira ao lado de Sorento e foi quando percebeu a aparência de Kanon. — Nossa cara, anotou a placa do caminhão que te atropelou?

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