Capítulo Único

59 4 2
                                    


Era mais um dia comum no Latifúndio 13. O Dr. Franxx estava concentrado em seu laboratório, manipulando algumas cápsulas gelatinosas vermelhas.

Sua mente ainda procurava pela humanidade em meio àquela sociedade distorcida que viviam e também, algum divertimento para seus dias tediosos. Não buscava pretextos para este último fato, já que nunca fora um homem escrupuloso.

Seu olho verdadeiro brilhava diante do que havia conseguido recriar em tal ambiente regulado. Mal sabia ele que sua alegria tinha curto prazo de validade.

Uma mão masculina segurou o punho estendido com uma das pílulas presas entre os dedos como pinça.

- O senhor sabe muito bem que este tipo de experimento está completamente fora de qualquer remota possibilidade de execução, não sabe, Dr. Franxx? - A voz séria fez com que o velho encarasse o visitante de seu laboratório.

- Ora, Hachi! Nem notei quando você entrou! - Exclamou em seu tom bem-humorado, desconversando.

- Entregue-me as pílulas, doutor.

Foi quando o velho avistou dois seguranças armados na porta. Sua expressão amigável azedou na hora.

Com um suspiro em lamento, ele entregou o recipiente que armazenava as pílulas.

O próprio Hachi se encarregou do descarte, levando a placa de petri para a enfermaria, onde se livraria em meio ao lixo hospitalar. Mas até ele era passível de erros, e o seu foi não perceber que um dos comprimidos escapou do vidro e caiu numa bancada junto das vitaminas diárias dos parasitas.

***

O dia estava bonito em Mistilteinn. Os membros do Esquadrão 13 estavam espalhados pelo ambiente aproveitando um tempo livre de obrigações.

Zorome e Futoshi jogavam bola no jardim enquanto eram observados por Miku, que dividia sua atenção entre a atividade dos rapazes e um desenho qualquer que esboçava num caderno.

Kokoro e Misturu estavam na estufa, ela molhava as plantas com o regador em uma das mãos enquanto seu outro braço se ocupava em ninar a boneca, cantarolando. Mitsuru a observava sem disfarçar, aquele era um dos momentos que passaram a ser habituais para que eles desfrutassem da companhia um do outro.

Na varanda, Ikuno lia um dos inúmeros livros da biblioteca, alheia ao mundo ao seu redor.

Embaixo de uma árvore, Hiro e Zero Two trocavam carícias castas, toques nas mãos, afagos no rosto e cabelos e alguns beijinhos suaves. Estavam num estado de relaxamento que os deixava quase sonolentos.

Parecia o dia perfeito para apenas ficar de bobeira. Um dia descontraído e raro em meio a tantos dias de luta.

Todos estavam se divertindo, exceto Ichigo. Ela havia ido para o local mais distante de onde a maioria se concentrava, estava a beira do lago.

Sentada na grama, balançava seus pés na água fria enquanto a melancolia consumia sua mente. Seus sentimentos estavam confusos desde que Goro revelara o que sentia a ela.

Aquilo já fazia algum tempo, mas vez ou outra ela se pegava relembrando daquele momento. E às vezes sonhava com Goro, às vezes seu coração disparava quando aquela memória invadia sua mente de repente. Sentia-se estranha.

Eram sentimentos que ela mesma não compreendia. O que era esse tal de gostar? O que era esse tal de amar? Achava que gostava de Hiro, então como seu coração ficava tão balançado ao pensar em Goro, ao imaginá-lo beijando-a?

Delphinium Onde histórias criam vida. Descubra agora