Verão Perdido.

15:30, 15h e 1800s.

O sinal, que indicava o começo das aulas daquele ano, havia batido.

Os passos dos adolescentes tilintavam contra o chão, ora bruto, ora ritmado. Se parasse pra fechar os olhos e prestasse atenção, como Beomgyu fazia todas as vezes, era uma questão de segundos até perceber que o comportamento ansioso da multidão significava o fim de seus dias preguiçosos e covardes dentro da sua zona de conforto, e, o começo de uma lista de motivos para o qual sustentava a argumentação imaginária e maluca que falam explicitamente que a escola não era fácil pra ninguém, e que alguns desafios que ele se propunhava tinham uma dose grande de fantasias esperançosas — com altas porcentagens de não se aplicar a sua realidade — lhe motivando.

Em resumo, era a primeira vez de Choi Beomgyu numa escola depois de muito tempo... uns... 2 anos? 3, talvez? O menino perdeu a conta.

Mesmo sendo escolha sua voltar, o ambiente era um pouco amedrontador.

Suspirou e tirou o nariz do seu armário depois de organizá-lo minimamente, murmurando um " fighting! " pra si mesmo, afim de inspirar um pouco de confiança, e se dirigiu a sua sala de acordo com as orientações do coordenador que havia falado previamente consigo, justamente por ele ser " novo ", ainda que o colégio seja o mesmo de uns anos atrás, no momento de agora, a relação que ele tinha com o ambiente não passava de estranheza pura misturada com um ou dois segundos de nostalgia amarga com alguma memória aleatória.

Os passos lentos de Choi em direção a sala fariam confundir ele com uma pluma, não porque o menino estava calmo a tal ponto, mas era justamente por estar tão inerte em relação ao seus arredores a tal ponto.

Em fim, de frente pra porta da sala, o garoto olha a sua turma da pequena janela curioso, mas logo após tem sua atenção chamada pelo professor que sinalizava que ele podia entrar.

Num passado distante, a sua presença era suficientemente caótica a ponto dele conseguir com tranquilidade encarar umas três dezenas de pessoas da forma que ele fazia agora, não era lá uma borboleta social, mas dava pro gasto, era algo que não lhe exigia tanto esforço. Porém, passados os breves 3 minutos desde que entrou e seu professor falava sobre ele ser um novo aluno, o adolescente não conseguia nem acertar o olhar em algum canto que fosse, mas precisava cumprir essa formalidade de se apresentar, a menos que quisesse passar uma má impressão.

— " Olá... " — reverenciou-se minimamente — " Sou Choi Beomgyu, espero que possamos nos dar bem... " — e então a frase morreu, e o moreno mais uma vez deu uma reverência antes de se dirigir a única carteira disponível que tinha na velocidade de um foguete.

No momento em que sentou na cadeira, o tempo passava de forma monótona pra si, não falava com ninguém, muito menos olhava alguém nos olhos durante as aulas, e todos pareciam muito concentrados nas próprias panelinhas para que existisse uma mínima chance de ocorrer um despertar de interesse em si, ou muito concentrados na aula ou em qualquer outra coisa que não fosse pessoas em particular — um grupo pequeno, que parecia tão isolado quanto ele, todavia, menos solitários — o que deixava o cabeludinho dividido entre alívio e um pouco de ansiedade. " Eu realmente não queria passar por isso de novo no meu último ano na escola. ", pensou consigo, mas, balançando a cabeça em negação logo em seguida para fim de tentar afastar tanto pessimismo que vinha querendo assumir espaço no coração do coitado, afinal, dentre as 7 horas que ficaria naquele colégio, não é possível que ele tivesse se tornado tão tímido a ponto de não falar com uma pessoa que seja em nenhuma delas, não é?

Sua cabeça dava voltas em si mesma, numa dessas voltas, o Choi pensava em como as pessoas mudaram e quantas devem ter ido embora daquela escola, porque a maioria dos rostos dali eram desconhecidos pra si, e, Beom se lembrava de sempre ser uma pessoa minimamente observadora e por ventura guardava alguns rostos, dentre esses, não achava nenhum ali...