Verão Perdido.

17:03, 17h e 180s.

Beomgyu era bom com física, isso era um fato, mas seja lá o que ele mesmo tinha escrito naquele papel, era definitivamente grego, e o garoto mal se topava bem com o coreano, se fosse pra ser sincero.

Naquele dia, a apresentação do trabalho ia ocorrer no último tempo e o Choi já se sentia um pouco apreensivo por imaginar que aquela era a sua chance de poder apresentar melhor um pedacinho seu, mas, o real motivo que o fazia checar os papéis tantas e tantas vezes, é que eles já estavam no meio do segundo tempo de aula, e bem...

Taehyun não tinha aparecido.

Daí, cogitou que o ruivo tinha simplesmente faltado, evaporado da face da terra ou coisa assim, se fosse esse o caso, o trabalho todo ficaria nas suas costas, por sua vez, significa que ele teria que falar na frente da sala sozinho, o que por si só já fazia com que o moreno quisesse se enfiar no buraco mais profundo das profundezas.

Ora, que coisa essa daquele muleque querer faltar logo hoje? O menino gemia em frustração pensando nisso.

- Nessas horas que eu queria muito que o Kai continuasse nesse colégio... - suspirou e ficou de cara para os livros, literalmente de cara, com o nariz nas folhas e tudo mais, pensando como que uma criatura poderia ser tão barulhenta e chamativa com os amigos, mas sem eles ficava tal qual os mortos, totalmente inexpressivo.

Independente de qual motivo Taehyun tivesse para não estar presente, ele imaginava que seria um bom motivo, confiava no colega o suficiente para não pensar mal dele em momentos como esse, confiava que ele não o deixaria na mão só por deixar e acreditava que o Kang lhe daria uma boa explicação depois.

Isso tudo obviamente porque Taehyun era um bom acadêmico, claro, isso seria o mínimo para alguém que se prezasse.

O sinal toca, era hora do intervalo.

Observando todos deixando seus assentos, Choi Beomgyu solta um longo suspiro e levanta para ir em direção ao armário, nesse meio tempo, tinha que andar por alguns corredores.

Corredores eram algo engraçado.

Sons abafados pelo próprio caos sonoro, dezenas e mais dezenas de adolescentes em suas panelas e tinha olhos e ouvidos por todo canto que fosse. Com o tempo, o Choi foi aprendendo a ficar mais reservado e calado em lugares tão caóticos como aquele, já que bastava apenas prestar um pouco de atenção e jeito para que conseguisse entender algumas situações que ocorriam nos seus arredores.

Isso o preenchia com uma certa agonia, o que não é muito novo já que tudo é exaustivo para ele quando se trata de ser observado e escutado, mas aquele caso era um pouco especial, já que eram sempre aqueles 15 minutos de intervalo que mais o atormentavam a alguns anos atrás, se lembrava que muitas vezes se esforçava ao máximo para se manter nos cantos, ou até mesmo evitava os próprios amigos por não querer que lhe vissem em um momento tão humilhante como os que vivia naquela época.

Esse tipo de coisa fazia Beomgyu se perguntar se realmente ia conseguir mudar aquele comportamento esquivo nesse último ano.

Com uma breve caminhada, o jovem chega ao armário e em uns cliques ele desbloquea o cadeado para revelar a bagunça ao qual teria que achar a carteira que tinha enfiado em algum canto, entre os livros de matéria que ele sequer teria hoje e outros vindos da biblioteca que tinha visitado com Kang.

No meio da busca, algumas vozes chamaram um pouco a sua atenção, um timbre específico, um leve tom de deboche na fala, coisas pequenas que por algum motivo, soavam distantemente familiar para si, mesmo que não entendesse exatamente o porquê, ou se fazia sentido questionar o motivo daquilo não parecer algo totalmente novo pra si.

Era algo fácil de ignorar, era algo que ninguém prestaria atenção, ainda mais se parar para pensar que a frase tá totalmente fora de contexto, mas escutar uma voz de um adolescente falar " Tá na mão " fez com que o moreno automaticamente quisesse saber quem falou aquilo, se espreitando discretamente na porta do armário, afinal, não queria ser visto e então o encararem como um curioso que não cuida do próprio nariz, porém...