Cecília
Dia seguinteAcordo ainda nua em cima do meu marido. Ontem foi mágico, ele realmente cumpriu o que prometeu e me tratou muito bem. O mesmo ainda dorme, acredito que seja cedo pois o sol ainda está para nascer. Eu começo a analisar as feições fortes e marcantes do meu marido, eu custo a compreender como ele demorou tanto tempo para se casar e porque teve que recorrer a isso. Mesmo com todas as cicatrizes de queimadura pelo corpo, Philipe ainda é um belo homem e imponente sem precisar abrir a boca.
- Em que tanto pensa? - Ouço sua voz ainda mais rouca ser sussurrada perto de mim e o vejo sorrir de olhos fechados e os abrindo em seguida.
Eu não digo nada e apenas o fito. O homem é um Deus na terra ao acordar, olhos azuis penetrantes sonolentos e o cabelo loiro totalmente bagunçado caindo pela sua face. Eu por outro lado, não tenho nada de belo para admirar, sou pequena, magra e sem curvas, meu cabelo é totalmente enrolado e eu em nada me pareço com as belas moças da alta nobreza, digna de ser esposa de um Lorde. Mas aqui estou eu, casada por acaso, mas feliz.
- Ainda não me respondeu pequena... - Diz acariciando cuidadosamente meus cabelos.
- Em você. - Sou sincera.
- Me sinto lisonjeado em ser o pensamento de uma jovem dama que tenho a honra de chamar de esposa a essa hora da manhã. - Diz me oferecendo um belo sorriso.
- Ontem a noite.... - Eu começo com medo.
- Eu te machuquei ? - Murmura aparentemente preocupado.
Eu nego com a cabeça.
- É que... Eu queria dizer que eu posso melhorar mais com o tempo... Posso aprender a agradá-lo como desejar... Eu só não sabia como te agradar ontem. - Digo preocupada e extremamente sem graça.
Ele suspira e calmamente acaricia meu rosto.
- Eu sei da sua falta de experiência e isso de certa forma me agrada, você foi perfeita ontem e eu entendo sua inexperiência, eu fui o primeiro homem a te fazer mulher e se depender de mim o único. Você me agradou muito ontem, você não faz ideia. - Diz carinhoso.
- Obrigada Lor... Philipe. - Digo envergonhada.
- Mas tem uma coisa que me deixou curioso.
- O quê?
- Porque decidiu vir aqui se oferecer para se casar comigo? - Eu coro na hora.
- Bem, eu já tenho 21 anos de idade e eu não era feliz onde morava, meus pais me faziam de escrava e queriam que eu me casasse com um velho asqueroso pelo fato dele ser rico. Ele era mais velho que meu pai! Então eu fugi, mas lembrei dos boatos que corriam que o senhor procurava uma esposa. Eu só queria decidir algo uma vez na vida e ser feliz, o senhor pareceu uma boa opção. - Digo olhando para seu peito desnudo, evitando ao máximo contato visual.
- Se arrepende? - Questiona me deixando surpresa.
Nego rapidamente e apoio minha cabeça em seu peito.
- Já havia perdido as esperanças de me casar, depois do acidente há 10 anos, eu não conseguia mais achar ninguém que aceitasse se casar e consumar o casamento. Muitas chegaram aqui e foram entrevistadas por mim, mas ao revelar as cicatrizes todas rapidamente voltavam atrás, exceto uma. Você. - Suspira.
- Tenho 35 anos e sempre fui louco pra ser pai, principalmente depois do acidente. A única maneira que achei de conseguir uma família era praticamente comprando uma. Não é um meio legal, mas era a minha esperança. Por um momento achei que fosse igual as outras quando disse que tinha uma exigência, todas que fingiam ignorar minhas cicatrizes pediam o mesmo: dinheiro e a possibilidade de ter amantes após o nascimento do nosso filho. Eu neguei todas, jamais aceitaria isso, mas estava perdendo as esperanças quando você apareceu e exigiu apenas que eu a tratasse bem. - Desabafa.