Cecília
Amor. Um sentimento tão bonito e inexplicável. Quando mais nova eu sempre me perguntei o que era o amor, o que eu sentiria quando esse sentimento me acometesse. Nada foi como eu imaginei, foi mil vezes melhor e mais intenso.
O meu casamento com Philipe foi mais do que eu idealizei e sonhei. Claro que sempre tivemos brigas, como todo o casal é claro, mas fizemos uma promessa que jamais dormiriamos brigados um com o outro. E graças a Deus isso funcionou muito bom durante os nossos quarenta anos de casados.
Enterrar alguém que amo tanto me mata por dentro e por fora, é uma dor e um vazio tão grande, um sentimento totalmente contrário ao que senti durantes nossos anos juntos.
Philipe e eu tivemos cinco filhos, Heitor, Henrique, Saulo, Samuel e Gustavo. Sim, Deus me agraciou com meninos e eu agradeço tanto por isso, Philipe pirou em cada gravidez e eu também, tivemos filhos um atrás do outro em pequenos intervalos de tempo, em pesar que eu vim apenas para ter um.
- Mamãe! - Ouço meu primogênito me chamar. Mesmo com quase quarenta, meu filho mais velho continua a me chamar assim, na verdade todos ainda fazem.
Ouço seus passos e logo o vejo em minha frente. É como se eu pidesse ver Philipe novamente, o mesmo Philipe que conheci. Todos os nossos cinco filhos parecem muito com ele, o alemão tem a genética forte, mas de todos, Heitor é o que mais se parece com o pai. Os mesmos fios dourados que agora possuem alguns poucos fios brancos, os mesmos olhos, o mesmo jeito. Absolutamente tudo idêntico a de Philipe.
- De novo aqui mamãe? Papai não gostaria de vê-la assim. Já fazem cinco anos mamãe... - Diz e eu não seguro as lágrimas.
Hoje, exatamente nesse dia, há cinco anos atrás eu perdia o amor da minha vida, meu marido, meu companheiro, o pai dos meus filhos, meu tudo. Philipe morreu enquanto dormia, ao meu lado ele escolheu dar seu ultimo suspiro. Na noite anterior ele disse o quanto me amava e que eu jamais deveria me esquecer disso, eu só queria ter tido mais cinco minutos para dizer que su jamais seria capaz disso. Eu apenas ri dizendo que teríamos muito mais tempo e infelizmente não tivemos.
- Eu sei filho, só dói. - Digo deixando as lágrimas escorrerem pela minha face.
- Mas em breve eu não sofrerei mais filho. - Digo sabendo que finalmente eu o encontraria novamente.
- Não diga isso mamãe, a senhora vai melhorar e viver muito tempo ainda comigo e meus irmãos e seus netos.
Sim eu era avó, eu amava aquelas crianças, mas eu precisava descansar.
- Filho, eu sei que vai doer, mas saiba que eu estarei em paz e satisfeita com tudo aquilo que construímos. Seu pai sente minha falta assim como eu sinto a dele. - Digo calma.
Ele nega e me leva de volta para casa.
Naquela noite, eu finalmente pude reencontrar o amor da minha vida. Deus me proporcionou filhos maravilhosos, mas eu precisava ir. Antes eu tinha medo da morte, agora eu só tenho medo de estar sem ele, com ele eu tenho amor...
Fim
07/04/23