Quando eu estava na ruína, eles salvaram-me.

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A nossa história começa há muito tempo atrás, numa aldeia muito, muito distante, perto de um mar sem nome, numa terra incerta.

Casas altas e brancas com telhados azuis e laranja ladeavam as ruas. Navios de pesca com bandeiras coloridas atracavam o dia todo e gente animada enchia as ruas pavilhadas com pedra, tanto moradores locais quanto marinheiros de terras distantes.

As gaivotas voavam livres e descuidadas, apreciando o cheiro salgado do mar e ignorando a conversa entre os humanos.

No meio da multidão, uma comoção começou e as pessoas recuaram bem a tempo antes de um grande cavalo preto relinchar e correr para as docas.


-O que é que foi isso?

- Deve ser a garota do William. Ela não vê o pai há semanas.


O cavalo parou e endireitou-se. Uma jovem pulou de costas e alinhou o vestido.

Um jovem correu até ela, sem fôlego.


- Beatriz, tu... não podes... ir embora sem mim... desse jeito! - Disse ele, entre arfadas. Ela riu.

- Tu tens de ser mais rápido, então!

- Como alguém pode ser mais rápido do que um cavalo de corrida?

O rapaz tentou alisar os cabelos ruivos desgrenhados com os dedos. A garota olhou para a água, os seus olhos seguiam a chegada de um navio.


- Olha, Finn! São eles!


A embarcação atracou e os marinheiros desembarcaram, respirando a paz tão saudosa que só a terra poderia proporcionar. Um homem loiro ajeitou os óculos, pouco antes da garota pular sobre ele.


-Pai!


O pai abraçou a filha com um sorriso no rosto.


- Como foi a viagem? E as aventuras? Quantos peixes vocês conseguiram? Alguém se magoou?  Viram piratas?

- Calma, querida. - Ele riu. - Estou um pouco cansado agora. Que tal conversarmos sobre isso em casa?


O homem olhou para Finn e sorriu gentilmente.


- Obrigado por ficares de olho na minha filha.

- Foi um prazer, senhor. Não precisa me agradecer.

- Bem, vamos.


Em casa, o pescador afundou-se no sofá. A filha sentou-se ao seu lado enquanto o rapaz foi fazer café.

Beatriz olhou para o pai com olhos brilhantes, esperando que ele lhe contasse a viagem.


- O que queres saber primeiro?

- Aventuras, claro! Viste piratas? Ou sereias, como nos contos? Tiveram uma tempestade? - Ela suspirou. - Lutaram contra o Kraken?

- Se o Kraken aparecesse, seria apenas no oceano, onde as tempestades são mais fortes. Não temos tal coisa neste pequeno mar. O mesmo para sereias e piratas. Quero dizer, quem roubaria um navio de pesca?

- ...Então, e as baleias?


William, o pai, ajustou a sua posição para olhá-la nos olhos, com um sorriso. Finn voltou com o café e três canecas.

O Mapa, o Feiticeiro e a PoçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora