Capítulo 4 - Kara

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Depois de jantar um pote de macarrão instantâneo duro demais ontem e comer uma Pop-Tart de café da manhã hoje, não posso mais adiar minha primeira ida ao bandejão pra almoçar.

Quando saio do elevador no saguão, há uma mulher parada do outro lado, na entrada do salão comum.

- Você veio para o evento? - pergunta, o batom cor-de-rosa se destacando contra a pele.

- Ah, não, só... Aponto para a saída, mas ela já está falando.

- Vem. Vai ser legal - diz ela, e o sorriso natural em seu rosto me convence.

Não sei o que é, mas talvez seja melhor tentar conhecer gente nova antes de começar a procurar uma mesa para o almoço.

Lá dentro estão umas quarenta pessoas espalhadas pela sala, além de uma mesa com um pote de balas e um monte de bananas.

Uma combinação de lanche estranha, mas tudo bem.

Crio um plano rápido de me sentar em algum lugar do meio , mas desisto quando pego uma banana da mesa e alguém ri bem atrás de mim. Acabo dando voltas em corpos e pernas até me encolher no canto, sozinha.

Ótimo começo.

Quando as duas mulheres na frente da sala tiram da sacola uma caixa grande cheia de bolinhas de pingue-pongue, noto que acabei me metendo em uma dinâmica para quebrar o gelo. Não que eu vá reclamar. Essas coisas foram literalmente inventadas para gente que nem eu. Provavelmente é o melhor jeito de me obrigar a interagir socialmente. Mas não vou mentir, queria que a gente fosse jogar pingue-pongue de verdade. Isso eu faço bem.

Enquanto elas se arrumam , descasco a banana e mordo. Até que noto um garoto que está me olhando do outro lado da sala.

Demoro a reconhecer o cabelo preto desgrenhado e a calça jeans justa. Barry Allen, minha dupla da aula de inglês do ano passado.

Aceno e ele cochicha alguma coisa para o cara ao seu lado antes de se levantar e abrir caminho com cuidado até mim.

Fica tranquila, Kara. É só agir naturalmente. É o Barry. Eu falava com ele quase todo dia na aula. Vai dar tudo certo.

- E aí, Kara? - sussurra ele , sentando encostado na parede ao meu lado.

- Tranquilo - respondo, me encorajando a continuar a conversa. - E você?

- Os caras do meu andar me arrastaram para cá - diz, olhando para uns garotos encostados em outra parede, rindo e se empurrando como se fossem amigos há anos, não vinte e quatro horas.

- É , tô meio animada, até - admito, e ele me olha com uma cara estranha.

Talvez admitir interesse em jogos bobos na faculdade pegue mal.

A sensação de conversar com ele na escola era tão diferente , porque a situação era diferente. Havia tópicos, regras, coisas que funcionam para mim.

Faz-se um silêncio demorado, então mordo mais um pedaço de banana.

- Hm... Kara? Eu me viro para ele, mastigando, e ele arregala os olhos.

- Vim aqui para te dar um toque - diz. - Eu... acho que não é para comer as bananas. A boca dele se curva em um sorrisinho.

As mulheres na frente da sala finalmente se viram. Uma delas está segurando uma banana e uma bala. A outra está sacudindo um balão cheio de bolinhas de...

Não é um balão.
Não são balas.

- Ai. Meu. Deus - sussurro, morta de vergonha. Quando vejo a mulher colocar uma camisinha na banana, fico enjoada, de repente, tentando engolir a fruta na minha boca.

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⏰ Última atualização: Aug 07, 2022 ⏰

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Ela fica com a garota - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora