Capítulo 6 - Um jantar apenas

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Concordei com a cabeça. Talvez eu deva conhecê-lo um pouco ao invés de somente brigar. 

- Pode começar a falar então. - Respondi e descruzei os braços. Eu tenho esse costume quando estou brava que não passa, costumam me comparar como uma criança de mau humor. 

- Não deveria ser como um interrogatório. Vamos conversar como pessoas. E talvez comer alguma coisa, antes que fiquemos muito bêbados. - É, estava certo, eu já estava acabando com uma garrafa de vinho. 

Pedimos nossos pratos e ele começou.

- De onde você é? 

- Lancashire, Inglaterra.

- É dai que vem seu sotaque diferente então? - Perguntou.

- Infelizmente. - Ri comigo mesma. - É engraçado, infelizmente, não posso evitar. 

- Meu sotaque também é engraçado, não precisar se preocupar. 

- Seu sotaque é atraente. - Respondi automaticamente. Minhas bochechas coraram e Mads soltou uma risada abafada. - Desculpe. - Completei. - Consigo ser sem noção as vezes. 

- Não se desculpe. Eu gosto de saber que sou atraente para você. - Relaxou os ombros e deu espaço para seu prato que acabara de chegar. - Obrigado. - Agradeceu o garçom. 

- Eu não costumo me jogar tanto assim. Por isso acho tão estranho. 

- E eu não costumo me sentir tão atraído por alguém que mal conheço mas aqui estamos e eu acho que dessa vez deveríamos fazer algo a respeito. 

- Você é bem direto. Mas eu não posso fazer nada a respeito. Eu sou uma pessoa de relacionamentos sérios. Eu não sou o tipo espontâneo mais. Eu costumava ser, confesso. Mas mudei a muito tempo. Quando conheci o Taika. 

- Eu não sou ele mas... Peço para que me dê uma chance de me provar merecedor de sua atenção e seu tempo. Eu posso tentar te fazer feliz. Podemos viajar por um tempo.

- Ainda não é casado? - Disse e meu prato chegou. Recebi-o e começamos a comer. Mads ficou vermelho por alguns segundos e eu sorri com a beleza do homem que estava a minha frente. 

- Estou no processo de me divorciar, mas já está tudo resolvido. 

- Eu não quero parecer uma destruidora de lares. Até porque não saiu a notícia oficial e o mundo é apaixonado por vocês dois juntos.  Você sabe como é desagradável ser foco dos tabloides. Enfim. - Disse dando uma garfada em meu prato. - Quando foi que descobriu que acabou?

- Sendo sincero? - Quando peguei ela na cama com outra pessoa. - Respondeu simplesmente. - E a melhor parte foi que não me senti mal, inseguro ou com raiva. Já tinha dado nosso tempo. 

- Pessoa?

- Uma amiga antiga nossa. Acho que sua proximidade acabara nos afastando mais e mais com o tempo. - Pegou um pedaço de carne do prato e comeu. 

- Entendo. Já fui traída também mas nunca desse jeito. Assim sem sentir raiva nem nada. - Disse e dei um gole no meu vinho. 

- Já tive chances de trair e acredite, quase caí na tentação outra vez, mas nunca me deixei levar. No fim não a julgo, eu não estava presente por mais que quisesse. 

- Nunca a traiu? Mesmo? - Perguntei a ele com a testa franzida. - Existem boatos que você teve um caso por ai com uma atriz famosa...

- Kate é só uma boa amiga e sempre foi. Eu gosto muito dela e não posso negar que já flertamos algumas vezes. Mas nunca rolou nada de verdade. Somos só amigos. Existem certos rumores que por mais fortes que sejam nunca serão verdade.  - Concordei com a cabeça e peguei um pouco da minha pasta no prato. - Você deve ter passado poucas e boas namorando um homem tão famoso hoje quanto Taika. 

- Ele não é o cara maaais famoso de todos mas já passamos algumas coisas. As mulheres se jogam em homens grisalhos e gentis. E ele é tem uma personalidade e tanto. Acho que se vocês se conhecessem em outra hora teriam se dado bem. Dois homens bonitos, engraçados e irresistíveis. Mulheres se jogam em cima, não se importam se são comprometidos ou não.

- Sei bem como é. De qualquer forma dois homens que tem algo em comum, dois homens que te adoram.

- Não sei tanto sobre isso. - Ri comigo e olhei para baixo. - Taika não vai me perdoar, disso eu sei. Eu duvido que ele ainda goste de mim. - Coloquei um dos cotovelos na mesa e encostei meu rosto na mão. Mads torceu o nariz. 

- Eu acho que deveria dar um tempo ao tempo, deixa que o tempo vai dizer o que vai acontecer, tudo se resolverá. - Concordei com a cabeça. - Talvez ele volte com ainda mais boas intenções contigo. 

- Ele não é assim. Deve estar em um jantar com alguma famosa bonita nesse momento. -  Disse e brinquei com a comida. 

- Então estamos quites. - Rimos. - Você precisa entender que você é uma mulher linda e que se ele não te dá valor ele não te merece. 

- Eu sei disso, mas é difícil evitar quando se gosta tanto de alguém, eu ainda tenho plena consciência de que machuquei ele. 

- Você vai passar o resto da vida sendo desejada por homens, mulheres, independente disso seu parceiro precisa entender que você está ao lado dele por escolha, que sempre vai ter esses momentos que te desejarão e você não pode fazer muito sobre isso. Do mesmo jeito que faz com Taika, aprende a lidar com o fato de que pessoas lindas sempre vão ser desejadas, Eve.

- Nisso você está certo. - Respondi com um sorriso frouxo. 

- Eu te desejo, Eve. - Mads me disse e um calor subiu minha espinha. - Você pode não entender muito bem como eu me sinto ainda, mas não posso mentir que quando te vejo sinto vontade de te agarrar. - Minhas bochechas começaram a queimar. 

- É... Eu... - Tentei falar alguma coisa mas nada passava na minha cabeça além da vontade de beijá-lo. - Mads...

- Venha fumar um pouco comigo lá fora. - Disse e se levantou. - Acho que nós dois precisamos de ar.

Eu sabia no que isso ia dar, mas dessa vez eu queria tanto quanto ele. Era consensual, certo? Andamos até o lado do restaurante e nos encostamos na parede. Acendeu um cigarro e o tragou lentamente. Logo depois, entregou o mesmo cigarro para mim, dei uma boa tragada e soltei todo o ar de meus pulmões. Encarei meus pés por alguns instantes antes de devolver o cigarro em suas mãos quentes. Olhamo-nos um nos olhos do outro e ficamos em silêncio. A franja de Mads deslizava lentamente em seu rosto então passei a mão em seu rosto para afastá-la de seus olhos. Ele fechara seus olhos por alguns segundos, sentindo meu toque leve por seu rosto. Pousei minha mão em seu rosto. Aproximei seu rosto ao meu.

- É melhor que não façamos isso aqui. - Sussurrei e Mads soltou um sorriso de derrota.

- Tem razão. - Disse e passou as mãos por minha cintura. Me virou de modo que seu corpo cobrisse o meu para o lado da rua, talvez para que não me vissem. Beijamo-nos lentamente e passei os dedos por sua nuca. Abracei seu corpo e nos aproximamos mais.

Sua pele macia e quente contra a minha, seus dedos brincando com a costura do meu vestido, o cheiro do cigarro que agora estava no chão. Sua língua doce contra a minha, brincando suavemente. Seu hálito de uísque misturado com o cigarro que acabara de fumar, o calor que emanava daquele homem, como se estivesse em chamas. Passei as mãos por seus cabelos e arranhei levemente seu ombro. Soltou um gemido baixo e sorriu no beijo. Seus dedos subiram mais e foram para a minha nuca e foi ai que quase desmanchei. Nos desvencilhamos um do outro e nos afastamos. 

- Vamos entrar? - Perguntou se recompondo. Sorri e soltei.

- Vamos sair? - Abriu um grande sorriso e ergueu um das sobrancelhas. - Vamos logo antes que eu mude de ideia.

Peguei meu carro e segui atrás de seu, dirigimos ate um hotel caro mais escondido da cidade. Quando deixei meu carro, Mads já estava esperando com seu doce sorriso e olhar malicioso.



Completamente  LoucaOnde histórias criam vida. Descubra agora