• capítulo vinte e seis •

93 12 2
                                    

- Ele falou isso da boca para fora, Lizz. - era a primeira vez que Davi usava esse apelido - primeira vez que ele me dava esse apelido - Você sabe que ele ainda está alterado por causa da abstinência. Não podemos levar totalmente a sério o que seu pai diz. Não precisa ficar assim, vai dar tudo certo, logo ele vai estar melhor. -- Davi falou carinhosamente.

Eu limpei uma lágrima que havia caído e soltei um suspiro.

-- Sim, eu sei. Mas ainda dói, sabe? - olhei nos olhos de Davi - Mesmo sabendo que não é realmente ele falando, mas sim sua dor. Mesmo assim, me machuca por dentro.

-- Eu te entendo. -Davi me abraçou novamente e eu apoiei minha cabeça nele.

- -Obrigada por estar aqui. Por continuar aqui... mesmo meu pai falando aquelas coisas. - minha voz saiu um pouco abafada pelo moletom de Davi.

-- Eu vou sempre estar aqui, até que o Senhor me diga o contrário.

Permanecemos abraçados por algum tempo, depois Davi me levou até em casa em sua bicicleta.

-- Nos vemos hoje à noite no culto? - perguntou ainda em cima da bicicleta, eu estava em pé em frente a meu portão.

-- Sim. - respondi com um sorriso.

Davi retribuiu sorrindo também e eu acenei-lhe, que acenou de volta e começou a pedalar, tomando o caminho até sua casa.

✿ Davi

Passei o caminho inteiro até chegar em meu prédio pensando no que acabara de acontecer. Eu podia ver o sofrimento de Elisa pelo seu pai, e vê-la assim me fazia sofrer também.

Deixei minha bicicleta em seu lugar e subi até meu apartamento. Entrei e Paulo estava no sofá assistindo televisão.

-- E aí, cara. - ele cumprimentou ao me ver entrando - Que cara é essa? Pensei que você ia estar super feliz que nem as outras vezes que você saiu com a Elisa. O que aconteceu?

Fui até o sofá e me sentei, soltando um suspiro pesado.

- Eu estaria feliz se eu não estivesse preocupado com ela.

- Preocupado por quê?

- O pai dela está mau ainda e isso a está afetando muito.

- Entendi, complicado. Mas se ele está fazendo tratamento, se Deus quiser, logo estará são de novo e tudo vai ficar de boa. Apenas confia no Senhor, mano.

- Tem razão. - me esforcei para melhorar minha expressão.

- Aconteceu mais alguma coisa? - Paulo estava curioso.

- Meio que... sim? - falei sem graça, me recordando do momento em que Elisa retornará a mim a pergunta que eu havia feito há dias - Elisa e eu estamos orando.

- Aleluia Senhor! - meu amigo brincou estendendo as mãos em sinal de vitória e olhando para cima. Ele conseguiu tirar uma risada de mim. - Agora, você precisa planejar como vai pedir ela em namoro.

- Espera aí, começamos a orar hoje, cara. Vai com calma.Vai com calma. - fiz sinal de pare com as mãos.

-- Mas a oração é com objetivo o namoro, não é?

- Sim.

-- Então, pronto!

-- Você tem um ponto. Mas eu preciso esperar toda essa questão com o pai dela se resolver.

-- Verdade, mas isso não quer dizer que você não possa planejar.

-Pois é. - comecei a pensar sobre.

Dono dos meus diasOnde histórias criam vida. Descubra agora