Capítulo 02 •

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•LUANA•

Acordei com o sol batendo no meu rosto, estava tão cansada ontem que acabei esquecendo completamente de fechar as persianas. Me espreguicei na cama e peguei o celular na cabeceira para ver o horário.

"Oito horas? Sério?" - Resmunguei baixo para mim mesma. Eu sempre detestei acordar cedo, ainda mais quando podia dormir até tarde.

Fechei as persianas e voltei para a cama tentando dormir novamente. Tentativa falha.

Entendi como um sinal do universo, sempre quis vir para o Rio, sou apaixonada nessa cidade, vou passar o tempo que tenho aqui dormindo? Não, eu realmente preciso aproveitar.

Levantei da cama pegando uma toalha e fui direto paro banheiro ligando o chuveiro na água quente. Está muito calor, mas eu não consigo tomar banho de água fria nem que me paguem. Decidi não lavar meu cabelo, já que eu tinha finalizado o mesmo ontem antes de pegarmos o vôo.

Saio do banho e coloco um conjunto de lingerie preta, uma regata branca e um short jeans preto, que estavam no guarda-roupa. Agradeci mentalmente a mim mesma por ter desfeito as malas ontem, tudo fica muito mais prático assim.

Saio do quarto e vejo a Rafaela sentada no sofá.

"Vai me falar que também esqueceu de fechar as persianas do quarto e acordou com o sol batendo no seu rosto?" - Falei dando risada após a loira na minha frente tomar um susto.

"Sim" - Ela disse dramática - "E o pior é que estou com fome, ia esperar você acordar para preparar o café"

Olhei incrédula para ela, tudo bem que ela é péssima na cozinha, mas esperar eu acordar para passar um café e fazer um ovo para ela é demais.

"Ah Rafaela, toma vergonha na sua cara né"- Falei indignada -"Eu sei que você não sabe fazer um arroz, mas não saber passar um café é foda né"

"Amiga, não briga comigo eu até sei mas eu seu é melhor"

"Vamos fazer assim? Nem o meu café e nem o seu. O que você acha de tomarmos café da manhã em alguma padaria e irmos conhecer o Cristo? Hoje é terça-feira, provavelmente vai estar vazio" - Falei animada. Já tínhamos acordado cedo, devíamos aproveitar o dia.

"Por isso que eu te amo"

(...)

Passamos a manhã inteira e boa parte da tarde turistando. Subimos para o Cristo de bondinho e ficamos surpresas em ver que não havia nenhum carioca lá, tinham poucas pessoas mas eram gringos, ou brasileiros de outros estados. Fomos na escadaria Selaron e almoçamos no Parque Laje. Metade do dinheiro que havíamos separado para as férias foram embora em apenas um dia, mas estava valendo a pena, eu estou apaixonada por essa cidade.

"Juro que para o dia terminar com chave de ouro só falta um pagodinho" - Falei enquanto desciamos do Uber.

"Nem vem Luana, eu tô morta, o máximo que eu topo agora é dar uma voltinha no calçadão, comer um pastel, tomar um açaí e depois vir dormir" - Ela respondeu.

"Então nem vamos entrar no prédio" - Falei puxando a mão da loira que me olhou com uma cara de que se desse mais um passo iria desmaiar. Sedentária.

Fomos caminhando pela orla conversando sobre o dia e observando o por do sol que estava começando. Eu não podia escolher outra pessoa para estar vivendo isso comigo, a Rafaela é minha melhor amiga dês de que tínhamos oito anos de idade, passamos por tudo juntas, temos uma relação de irmãs, eu não sei o que seria da minha vida sem ela aqui.

"Olha, é a pista que eu te falei" - A Rafaela fala apontando para uma pista de skate praticamente vazia.

"Amiga, eu sei que você está cansada, não precisamos ficar aqui hoje, seria muito sorte encontrar ele" - Falei tentando ser compreensiva, já que ela estava cansada.

"Ali tem uma lanchonete, a gente pode pedir alguma coisa pra comer e ficamos sentadas ali nos bancos, se ele aparecer é sorte, se não, ao menos não precisamos cozinhar quando chegar em casa"

Sorri animada, e acenti com a cabeça enquanto caminhamos para a simples lanchonete do outro lado da rua. Pedimos um pastel cada uma e um litro de caldo cana para o senhor simpático que nós atendeu, pagamos tudo e fomos sentar na frente nos bancos que tinham na frente da pista.

Comemos e ficamos conversando e rindo de alguns meninos que tentaram jogar algumas cantadas em nós duas. Por mais que minha autoestima não fosse boa eu precisava admitir que nós duas juntas chamávamos atenção. Somos completamente o oposto uma da outra, quando se trata de aparência.

Olhei o celular que marcava vinte horas e me assustei em como o tempo passou rápido, por mais que estivéssemos perto do prédio podia ser perigoso ficarmos na rua até muito tarde.

"Amiga, ele não vai aparecer. Vamos para casa? Já são oito horas, tá ficando tarde. Obrigada pela tentativa" - Falei e sorri de canto para a loira na minha frente que sorriu de volta e acentiu com a cabeça.

Consegui perceber o quanto ela estava chateada por não termos tido sucesso na nossa busca não planejada.

Pegamos o nosso lixo e levantamos dando de costas para a pista para seguirmos o caminho de casa. Quando uma voz rouca e distante chamou minha atenção, senti meu corpo paralisar e minhas mãos suarem.

"Vai rindo mesmo, tu tá todo palhação né, Relíquia" - A voz ia aumentando, sendo seguida de gargalhadas.

"Amiga é ele." - Rafaela sussurrou no meu ouvido, confirmando meu pensamento.

...

Abre a porta | L7nnonOnde histórias criam vida. Descubra agora