O jardim não para de florescer

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Lena esperava pacientemente Kara fechar a porta por dentro.

— Vem. — A mais alta segurou a mão da melhor amiga, liderando o caminho escada acima, parando apenas para abrir a porta do quarto.

Sem aviso prévio, Kara apenas se virou, se jogando na cama, puxando Lena junto.

— Kara! — Sua voz estava um tom mais alto. — Eu quase caí em cima de você. — Lena ainda estava em pé, entre as pernas de Kara, que descansavam para fora da cama, enquanto seu tronco se deitava sobre o colchão.

— Eu não sou de aço, sabe? — Kara sorriu. Seus olhos carregavam aquele brilho carinhoso que enchiam o coração de Lena. Involuntariamente, a menor já estava sorrindo bobamente. Kara tinha esse efeito sobre ela.

— Idiota. — Suas mãos ainda estavam emaranhadas. Kara pegou impulso, se sentando totalmente, ficando um pouco mais baixa que Lena. Ela ainda carregava aquele olhar de quem parecia amar o que via – não apenas a vista, mas realmente amando o que estava vendo; amando Lena –, transbordando admiração ao ponto de, por um momento, parecer que ela daria um selinho casto em sua melhor amiga.

— Só assim para você conseguir ficar maior que eu.

— Se você me chamar d-

— Baixinha.

— Kara, minha estatura é normal para o meu corpo e idade, já te expliquei isso.

— Isso não muda o fato de que você é baixinha.

— Claro que muda!

— Relaxa, Le, — antes que Lena pudesse processar, os braços de Kara estavam envoltos em sua cintura, a cabeça descansando em seu tórax. — você é a minha baixinha.

Lena não podia ver, mas sentiu o movimento nas bochechas de Kara, sabia que ela estava sorrindo.

Seu coração estava tão, tão quente.

Ela abraçou Kara de volta, deixando uma mão se perder entre os fios loiros, massageando com a ponta dos dedos.

Era frustrante. Demais. Ela não podia nem dizer que odiava Kara por tratá-la de uma forma que fazia seu coração acelerar, porque seria uma mentira. Era doloroso se ter transbordando por alguém que, aparentemente, não transbordava por ela também, mas ainda sim isso não fazia odiá-la nem por um segundo.

Era apenas amor e frustração.

Às vezes, ela pensava que fosse mais fácil se ela tivesse raiva de Kara, mas imaginar-se ter uma vida onde ela não pudesse ter seu sol por perto parecia triste demais. Lena nem gostava da possibilidade.

Então, talvez fosse melhor não amá-la tanto. Se ela conseguisse um pouquinho menos... Mas parecia impossível.

Não importava o quanto ela tentava, nem quantas caixinhas ela enchia, sempre tinha mais amor surgindo. O jardim não parava de florescer.

— Eu vou tomar banho logo, certo? — Ela se afastou.

— Fica só mais um pouco. — Kara fez bico, pegando a mão de Lena de volta.

Como se Kara precisasse de biquinho para Lena fazer algo que fosse pedido por ela, não é?

— Kara, temos que nos arrumar.

Kara se sentou um pouco mais para trás, puxando a cintura de Lena depois de se ajustar melhor na cama.

— Cinco minutos, por favor. Vira e senta aqui.

E assim Lena fez, sentando entre as pernas de Kara, de costas. Sua cabeça descansou na barriga da outra. A mão que segurava a de Kara continuou emaranhada, descansando juntas no colchão, enquanto as outras duas se juntaram também, repousando sobre a barriga de Lena.

Darling, you are my lover. - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora