1 - Sinking deeper and deeper

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"Eu tenho tudo que eu quero
Mas o que eu mais quero
É algo que o dinheiro não pode comprar"

Money can't buy - Ivy Mode

🥀

• T A E H Y U N G •

Acordar às vezes era um martírio.

O vazio que eu sentia por dentro me dominava todos os dias. Era inútil fingir que não. Era inútil fingir que eu estava inteiro.

Eu não estava, e talvez nunca estivesse novamente.

Mas tinham dias em que me manter são era ainda mais difícil. Tinham dias onde esse vazio parecia se transformar em um buraco negro, tragando para dentro de si tudo que existia em volta, me deixando apenas ainda mais vazio. Me jogando em um limbo que eu não sabia como sair.

Eu tinha chegado em um desses dias. A semana inteira inteira foi pesada, me fazendo sentir como se estivesse sucumbindo aos poucos. E, ao abrir os olhos naquela manhã, eu sabia exatamente o motivo por trás disso.

Era 25 de janeiro, a pior data do ano pra mim.

O aniversário de Ji Hyeon.

O dia que eu tinha entregado as chaves do meu apartamento nas mãos dela.

O mesmo apartamento onde ela se declarou para Jungkook. Onde admitiu que estar comigo era apenas um plano para chegar até ele. Onde eu ouvi a única mulher que arrisquei entregar meu coração em toda a minha vida dizer que eu não era nada além de um acessório para ela. Um fantoche. Um brinquedo enquanto ela não conseguia seu objetivo final.

O mesmo apartamento onde ela me quebrou em pedaços tão pequenos que nem todas as medicações e terapias as quais me submeti foram capazes de remendar.

E eu juro que lutava contra as memórias. Juro que lutava contra a sensação de inutilidade, de falta de valor e de descarte. Juro que tentava me manter de pé, me sentir feliz por ter tudo o que eu tinha e por ter chegado tão longe na vida.

Mas eu simplesmente não conseguia mais. Tudo parecia supérfluo. Tinha algo irônico em se ter dinheiro para comprar absolutamente tudo o que quisesse, mas não conseguir comprar a única coisa que precisava.

Saúde mental.

Porque não se tratava de querer comprar amor. Não, isso não. Isso não faltava em minha vida. Eu recebia amor da minha família, dos meus companheiros de grupo, dos meus amigos, dos meus fãs. Amor era algo que eu conhecia, reconhecia e valorizava.

O que eu tinha perdido no meio do caminho tinha sido algo muito mais interno. Pessoal.

Ji Hyeon me deu asas e me levou ao mais alto vôo que eu poderia pensar em alcançar. Mas não me avisou que essas asas eram feitas de cera. E, quando cheguei perto do sol, elas derreteram e eu caí pelo vácuo, assim como Ícaro. E, assim como Ícaro, havia uma parte de mim que havia morrido e não voltaria.

Ela não me deixou sem amor. Ela me deixou sem coragem, como uma criança com medo do monstro que se esconde no armário. Me deixou sem alicerces, como uma construção mal fundada que pode desabar a qualquer momento. Me deixou sem confiança, em mim mesmo e em qualquer pessoa que demonstra algum interesse em mim, como um homem que tivesse sido apunhalado pelas costas. Porque, porra, era assim que eu me sentia.

Esfaqueado, torturado, dilacerado, desmembrado.

Ji Hyeon pegou o melhor que eu dei a ela e transformou no meu pior pesadelo. O amor que eu sentia por ela se transformou em um monstro que eu não sabia domar, e que agora comandava minha vida. Me mantinha preso em um cativeiro de infelicidade que eu não conseguia transpor. E em dias específicos esse monstro ressurgia e me torturava.

Casualty (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora