Só Mais Uma Noite

3. Still Crying Your Name

Obviamente, todos no quarto ficaram chocados com os setores de Kevin. Ainda segurando a pipoca, Karine se levanta rapidamente em pânico.

- Woah! Pera aí, para tudo! O que foi que eu perdi? - Ela questionou.

- Ah, bem... eu tinha esquecido sobre essa parte. - Sunnie respondeu, um tom mais forte reforçando a palavra "essa".

- Eu conto ou você conta? - Edward perguntou para a amiga.

- Eu conto - Sunnie revirou os olhos - Acontece que Kevin estava ficando com Edward no sigilo faz tempo, mais do que você poderia pensar - Karine chega mais perto para ouvir - Na festa, eu convenci ele a terminar isso tudo, e parece que Kevin não conseguiu superar direito.

Karine grita em descoberta e Sunnie acaba rindo sem parar, Edward até tentou se segurar mas acabou caindo na gargalhada com a reação da amiga. Todos estavam levemente nervosos com a situação ainda, porém apenas riam de tudo.

Após se acalmarem, os três se reuniram em uma roda e colocaram os celulares no centro. Edward olhou para Sunnie que tentava entender o que estava acontecendo enquanto Karine refletia sobre o que acabou de descobrir.

O celular de Edward começou a tocar e todos olharam para o contato que iniciou a chamada. O nome de Kevin refletia na tela do celular ao som de "thank u, next" da Ariana Grande, praticamente se encaixando bem na situação atual.

O garoto pegou seu telefone e atendeu com uma voz receosa, - Alô?

- Edward, me escuta - O efeito da bebida era presente na voz de Kevin.

- Qual é a sua obsessão comigo? Eu já não quero mais nada com você e eu sei que está bem ciente disso, então por que insiste tanto? - Ele perguntou.

- Eu estou te implorando, Ed - Kevin reforçou o apelido - Eu te assumo para todos se é isso que você quer, eu me assumi bissexual no Instagram, falei que te amava então só me diga, o que falta?

- Você está bêbado, Kevin - Edward revirou os olhos - Vá para sua casa e descanse, você terá que lidar com os seus erros quando acordar.

- Não foi um erro eu fazer tudo isso, meu maior erro foi não ter feito antes. - Kevin disse, sua voz rouca indicava que ele chorava ainda mais.

- Um grande poeta seria o que eu normalmente diria, porém eu sei bem quem disse essa frase - Edward continuou - Agora se me dá licença, eu tenho que continuar uma festa do pijama com as minhas amigas, passe bem.

- Espera, Ed... - Tarde demais, ele já havia desligado.

Sunnie e Karine olharam uma para a outra e Edward se virou para elas. O silêncio no local era desconfortável, mas ainda assim ninguém dizia uma só palavra, o que irritava ainda mais.

- Eu vou ao banheiro, já volto. - Edward avisou e as duas assentiram com a cabeça, levemente preocupadas com a situação.

Ao entrar no banheiro, os joelhos do menino enfraqueceram, fazendo ele sentar no chão. Lágrimas caíram dos olhos de Edward, que questionava o porquê de tudo aquilo estar acontecendo com ele.

Já faz um ano desde que ele conheceu Kevin, o que por consequência faz ser um ano em que ele era iludido pelo outro. Eles eram jovens, tinham 15 anos e Edward havia acabado de dar um passo para fora do armário, o que aparentemente chamou a atenção de alguém em uma festa na casa de Gabbie.

STARTING FLASHBACK

Vodka, cerveja e até mesmo maconha estavam presentes em vários locais da casa. O cheiro de perfumes de mulheres diferentes misturados com alto odor de bebidas alcoólicas não era o mais puro ar para se respirar.

Sunnie não estava ao seu lado no momento e Karine nem tinha permissão para sair de casa direito, o que nos traz até o seguinte momento. Edward abriu a porta dos fundos e saiu do local, tossindo levemente por ter ficado tanto tempo onde havia fumaça de cigarro.

Ele se sentou em um degrau da escada do quintal e ficou olhando para o céu, pensativo e considerando ir embora dali. Um som de uma porta abrindo fez ele olhar para trás, se deparando com um garoto levemente mais baixo do que ele, branco com cabelos castanhos-claro e olhos esverdeados.

- Ah, olá - O menino foi na direção dele e Edward podia sentir seu coração bater mais rápido - Desculpa, não achei que teria mais alguém aqui.

- Não tem problema, pode ficar aqui se quiser. - Edward olhou para ele.

- Ok então, já que vamos ficar juntos aqui, poderia me dizer seu nome? - O garoto perguntou.

- Eu me chamo Edward, você?

- Sou o Kevin, prazer em te conhecer - Ele se sentou ao lado do mais alto - Você é o garoto que se assumiu gay uns dias atrás?

- ...Sim, sou eu. - Edward respirou fundo e desviou do contato visual.

- Woah, não precisa ficar assim, eu não sou homofóbico - Kevin se aproximou dele - Mas sobre isso, eu venho questionando algumas coisas sobre mim e queria te perguntar, como você soube que era gay?

- Ah, bem... - Edward olhou para suas mãos e começou a brincar com seus dedos - Eu não me sentia atraído por mulheres do jeito que todos os outros garotos se atraiam por elas, mas eu sentia uma forte atração por garotos, aí na dúvida eu testei isso e beijei um menino aos 13 anos, e desde então eu só decidi ser eu mesmo e não esconder mais essa parte minha.

- Entendo, então... - Kevin aproximou seu rosto de Edward - Você se importaria de ser meu teste?

- Eu... - Edward respirou fundo - P-pode...

Kevin aproximou seu rosto de Edward, pedindo permissão em forma de ação. O mais alto fechou os olhos e assentiu com a cabeça e o outro selou seus lábios com os dele.

Um gosto doce de morango foi o que Edward recebeu e aceitou sem receio algum, era tão bom. Kevin pediu passagem com a língua e o homem permitiu, aprofundando mais o beijo que era continuado sem medo.

Após se separarem devido a falta de ar, Kevin estava ofegante mas não hesitou em selar os lábios mais uma vez, pegando Edward de surpresa. Dois adolescentes, que acabaram de se conhecer, se beijaram como se já estivessem juntos há anos.

Era para ser só uma noite, sempre deveria ser só uma noite, e quando não foi, machucou os dois.

FLASHBACK ENDED.

De joelhos e chorando, uma cena patética de tristeza demonstrada no banheiro da casa de uma amiga. Edward chorava e implorava mentalmente para que tudo acabasse logo. Era pro final ser algo tão simples, mas acabou sendo o pior destino.

Nunca foi para acontecer, e não deveria ter acontecido, mas ainda machucou, deixou cicatrizes e um maldito gosto de "quero mais".