Capítulo 2

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   Eu trabalho em uma biblioteca, passo 8 horas do meu precioso dia rodeada por livros.
   Eu amo livros, adquiri o gosto pela leitura durante o ensino médio, os livros eram/são o meu refúgio, um paralelo incrível que me distancia da realidade triste e monótona.

   Aos 16 eu já dava indícios fortíssimos de depressão, mas por incrível que pareça ninguém notava ou fingiam não perceber, prefiro acreditar que eles não notavam é bem mais reconfortante pensar assim.
  Os livros me mantiveram lúcida e esperançosa de dias melhores, hoje em dia eu leio com bem menos frequência do que gostaria.
 

  
   O Sr.Fernando é meu chefe e ele uma pessoa difícil de lidar, já que ele é quase pré histórico, boatos que quando ele era criança tinha um mamute de estimação, brincadeirinha.
  Mas em alguns dias ele adora tornar minha vida triste e infeliz.

- Bom Dia, Sr.Fernando!

- Não tem nada de bom, Verônica. Está atrasada como sempre! Dois anos não foram o suficiente para aprender o horário de funcionamento dessa biblioteca?

- Desculpa, estava chovendo muito e o ônibus demorou a passar.

Eu moro a 42km do meu trabalho, de carro da mais ou menos 40 minutos, mas como eu não sei dirigir e nem tenho condições de comprar um carro, são belíssimas 2 horas de ônibus.

- Ok! Ok! Agora vá trabalhar!

    Eu amo livros, mas odeio catalogar eles, o que é meu trabalho constante.

    Durante o dia passam centenas de pessoas por aqui.
    De crianças em período escolar a idosos em busca de algum lazer. Os grupos de estudos são os que mais dão dor de cabeça.
   Apesar das diferenças todos aparentemente são iguais em uma única coisa: NÃO COLOCAR OS LIVROS E REVISTAS DE ONDE FORAM PEGOS!!!

   Sério, só hoje eu tive que colocar Orgulho&Preconceito 10 vezes no mesmo lugar.
  
   Depois de catalogar, limpar, guardar, procurar e cobrar livros em falta.

  Finalmente chegou a hora que eu mais gosto, a hora do almoço.
Normalmente eu trago comida, mas hoje eu vou almoçar com a Júlia, uma das minhas melhores amigas que trabalha aqui perto.
  
   Ela é toda good vibes, é atendente em uma loja de produtos exotéricos.
Eu particularmente adoro essas coisas.

  Ao me aproximar do restaurante já noto a figura esguia de cabelo azul e sardas no rosto me esperando na porta.  

  Ela é baixa como eu, mas com feições mais delicadas e amorosas, parece uma fada.
Apesar de calma, ela tem uma boca bem suja as vezes, ao contrário de mim, que não sou adepta dos palavrões.

- Amiga, você não sabe o que a vadia da mãe do Juan fez!

- Vou saber quando você me contar.

- Ela está tentando por ele contra mim. Disse que é um absurdo eu ir em um show sem ele.
Sendo que eu comprei o ingresso a 2 anos atrás, nem sonhava em conhecer ele.
  Que século ela vive?

A mãe do Juan é daquelas que nunca está contente com nada, só olha para o próprio umbigo e dane-se o resto.
Tem 3 filhos, mas não tem responsabilidade nenhuma, só sabe julgar e criticar, principalmente o mais velho.
  Ela é tão terrível, que consegue irritar a Júlia, a pessoa mais tranquila desse mundo.
  Essa mulher deveria agradecer a minha amiga ter entrado na vida do filho dela, pois eu não sei o que seria dele se o destino não unisse os dois.

Ele era uma pessoa totalmente perdida até ela chegar, hoje em dia ele estuda trabalha, luta para ter um futuro.
Antes vivia bebendo e saindo com companhias duvidosas, se metendo em coisas erradas e recusava ajuda para tratar os problemas dele.

  A Júlia é um ser de luz sem dúvida alguma, ela ajuda a todos sem nem pestanejar, me ajudou a lidar com meus traumas, sou outra pessoa depois dela.
  E despertou a vontade de viver no Juan, fez ele quer tentar.
Ela tem o dom de ver potencial nas pessoas, mesmo que elas não enxerguem isso em si própias.

- Nem te estressa, Júlia. Você sabe que o Juan não escuta ela, e confia em você plenamente, e principalmente sabe a mãe que tem.

- Eu sei, mas é irritante demais ter aquela cobra sempre se metendo em tudo.
E você, como está? Tem ido no Dr. João?

- Estou indo. Não tenho ido com a frequência que deveria, as coisas andam apertadas.

- Sabe que se precisar, eu pode contar comigo né?

- Eu sei.

Dr. João é o meu terapeuta, eu deveria vê-lo no mínimo uma vez por semana, mas a consulta é cara e eu não tenho condições agora.

Júlia vive me oferecendo ajuda, mas ela está juntando para poder morar junto com o Ruan, longe da vaca da Celeste(sogra dela).
  
  Nós terminamos de almoçar, nos despedimos e voltamos para o trabalho.

  A biblioteca estava vazia, normal para uma terça-feira pós almoço.

Eu estava empenhada em descobrir onde haviam ido parar as 5 cópias recém adquiridas de Romeu e Julieta, quando ouvi a sineta da porta tilintar.

  Quando eu ergui os olhos, vi um grupo de quatro pessoas, três homens e uma mulher. Dois deles eu já conhecia, mas o casal não.
  Não era o grupo de pessoas que eu esperava ver em uma biblioteca às 15 horas da tarde. Todos com exceção da garota, aparentavam estar perto dos 30.
 
Os três homens eram fortes, pareciam se exercitar com frequência. Ambos eram altos, morenos e sérios.
 
A mulher era morena também, com cabelos lisos que desciam suas costas até a cintura, muito bonita. Tinha um ar de simpatia, era um pouco mais alta e magra que eu.

  Algo no homem que eu não conhecia me chamou a atenção, eu precisava saber quem era ele, eu nem sei da onde veio esse sentimento, ele não fazia meu tipo, não que ele fosse feio, muito pelo contrário.

Mas eu gosto de homens de aparência e caráter duvidosos, que partem o meu coração na primeira oportunidade, sem nem pensar duas vezes.

Apesar de ser alto e forte, ele parecia tímido, algo que não condiz com um homem daquele porte, deve ter sido esse o motivo que chamou minha atenção.











Gente, peço desculpa pelos erros de gramática e se não for bem detalhado. É a minha primeira vez escrevendo, então espero que compreendão.

E Agora, Verô?Onde histórias criam vida. Descubra agora