André e Vinícios os únicos que eu conhecia do grupo se aproximaram do balcão.
O casal ficou na porta esperando.
- E aí, Verô, tudo bem?
Perguntou Vinicius. Eu o conhecia porque fizemos EM na mesma escola, ele namorou um "amiga" minha, porém nunca tivemos muito contato.- Tudo, e com vocês? Como posso ajudar?
- Então, nós precisamos das edições antigas do jornal da cidade. É para um trabalho da faculdade. Falou André.
Falei com ele uma única fez pessoalmente, um dia que saí com alguns amigos.
Até podemos dizer que rolou alguns flertes no instagram entre nós, mas não passou disso.- Ok! Eu vou pedir pra Alice procurar pra vocês. Algum ano em específico?
- 2014 a 2016?
Perguntou Vinícius um pouco incerto para André.- Isso!
Em poucos minutos Alice trouxe o que garotos pediram. Não faço ideia do que eles iram fazer com esse monte de jornais velhos, mas com certeza daria um trabalhão.
- Então meninos, eu preciso que vocês assinem esse termo de responsabilidade aqui, garantindo a devolução das edições, que são as únicas copias que temos. Em perfeito estado, do jeito que estão levando.
Eles assinaram, me deram tchau e garantiram que na próxima terça iriam trazer de volta.
Ao chegarem a porta, dividiram as pilhas de jornais com os outros dois e assim foram embora.***********
Esperei Alice vir la dos fundos para perguntar pra ela, quem eram os outros dois.
Apesar de já ter seus 40 e poucos, sempre se dava bem com o pessoal mais jovem, muito mais que eu aliás. Não somos exatamente amigas, mas nos damos bem, ela é muito invasiva. Eu detesto pessoas assim, mas com o tempo aprendi a conviver com ela e o temperamento espalhafatoso.- Aly, sabe quem era aquele casal que estava com os garotos?
Perguntei assim como quem não quer nada. Enquanto fingia me concentrar em marcar os livros que haviam sido devolvidos da lista de empréstimo.- O Renato e a Carol?
Eles não são um casal, são irmãos.
Me respondeu ela curvando uma de suas sobrancelhas.- Por que o interesse?
Questionou ela ainda me observando.
- Nada, apenas nunca tinha os visto por aqui.
Disse dando de ombros, como se não importasse realmente com aquilo.- Eles estão sempre lá no clube, se você não fosse tão bichinho do mato e fosse lá comigo quando eu chamo, conheceria muito mais pessoas.
O "Clube" é onde pessoas de diversas idades se encontram. O lugar mais balado da cidade.
Acho que esqueci de mencionar que a nossa cidade tem menos de 30 mil habitantes, o que deixa bem óbvio o porquê de um clube ser o point da galera.- Primeiramente, eu não sou anti-social, sou reservada, e outra o clube é mais pra quem gosta de atividades físicas e esportes, e eu não sou chegada.
Já faço aula de dança 3 vezes por semana, que é o suficiente para eu não ser uma sedentária.- Aula que você faz sozinha, porque é a única adulta lá.
Você é muito nova pra viver assim, mal saí com os seu amigos.
Desde que você namorou aquele David, nunca mais foi a mesma.Falar do meu relacionamento antigo, me deixa um pouco nervosa. Antes eu amava sair e dançar com meus amigos, no início do namoro também, mas depois as coisas mudaram por assim dizer.
- Eu não gosto de falar sobre esse assunto. Nem sei como fomos parar nele, você estava falando dos irmãos.
- Ah, sim. Bem, o Renato é mais velho, ele é instrutor de natação lá no clube.
A Carolina é mais nova que você, e estuda filosofia. Mas eles estão quase sempre juntos, mas ela vai raramente ao clube.- Hum. E qual o sobrenome deles?
Perguntei fazendo cara de paisagem, como quem não quer nada.- Moreira.
Respondeu ela, enquanto voltava para o fundo da biblioteca com os braços repletos de revistas antigas, que estavam jogadas em uma das mesas.Assim a tarde passou, eu me despedi e fui pegar meu ônibus.
Eu moro fora, nos arredores da cidade, por isso a viagem é tão longa.
Estou querendo vir morar na cidade, mas os aluguéis estão pela hora da morte.
O ônibus chegou, eu me sentei coloquei meu fone, encostei minha cabeça no vidro e deixei meus pensamentos divagarem pelo dia de hoje.Eu penso muito, o tempo todo, de uma forma obsessiva, muitas vezes em conversas as pessoas não conseguem acompanhar, porque o tempo pra mim passa diferente, consequências do meu TDAH.
Queria poder desligar alguns deles, porque eu acabo exausta e as vezes (quase sempre) eles não me deixam dormir, e eu preciso descansar.
Em quanto penso admiro a paisagem, o sol se pondo lentamente no horizonte.
É muito bonito e solitário ao mesmo tempo.
Tenho uma relação de amor e ódio com essa cidade, não sei explicar.
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E Agora, Verô?
ChickLitVerônica é uma jovem que leva uma vida monótona e sem muita perspectiva. Apesar de só ter 23 anos já passou por tanta coisa, que mentalmente considera que tem uns 40 e poucos. Mas tudo pode mudar, assim que um amigo improvável cruza o seu caminho.