Capítulo Dois - LUPITA

1.3K 409 54
                                    

Gente do céu, socorro! Eu pulei o capítulo 2.
Já estou ficando biruta, biruta.

Eu tirei o 3 para vocês lerem esse, depois coloco ele de novo para não confundir.

Desculpa, muita coisa na minha cabeça.
Obrigada por avisar @VanderleiaCeleste

A minha entrada pelos fundos do convento não passou tão despercebida como das outras vezes que escapei

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A minha entrada pelos fundos do convento não passou tão despercebida como das outras vezes que escapei.
Saindo das sombras, furiosa como um búfalo se desgarrando da manada, avisto Tereza correr até mim e sua mão violenta me agarrar pelos cabelos.
— Onde você estava garota estúpida?! — com a pergunta rude, recebo um doloroso puxão de cabelo e sou arremessada contra a parede dura — Quantas vezes tenho que avisar que se for expulsa desse lugar, todo nosso trabalho vai para o ralo?
Os olhos encolerizados denunciam os tipos de castigos que ela gostaria de fazer comigo, se isso também não fosse arruinar os seus planos.
— Eu só fui nadar no lago, Tereza... — mal tive tempo de completar a minha frase quando sua mão aberta e pesada caiu sobre o meu rosto, fazendo-o virar para o lado.
Minha bochecha queimou e instintivamente levei minha mão ao meu rosto ardendo. 
Novamente os meus cabelos são puxados e ela faz minha cabeça curvar para trás ao ponto de eu sentir, que, se ela colocasse um pouquinho mais de força, quebraria o meu pescoço. Talvez morrer não fosse um destino tão ruim afinal de contas, e eu, finalmente, me livraria dessa vida infernal.
Dessas pessoas horríveis que me mantinham aprisionada, obrigando-me a cumprir seus planos sujos.
— Mamãe — sua expressão enraivecida faz com que eu encolha mais contra a parede.
— Sim, ma-mãe — balbuciei, fracamente.
Balancei a cabeça, lutando contra as lágrimas inundando os meus olhos. O motivo delas não era porque Tereza castigava-me fisicamente, por uma pequena e inocente travessura que cometi, mas por me obrigar a chamá-la de algo que ela não é, nunca foi e jamais será para mim, uma mãe amorosa.
— Aqui eu sou a mamãe, entendeu?
Dizer isso era pior do que dezenas de chibatas que ela poderia me dar, se tivesse oportunidade. O que não a impedia de soltar uma dúzia de suas maldições contra mim, com palavras horríveis para descrever como eu era uma jovem imprestável.
— O que está acontecendo aqui? Lupita, você está bem?
Salva por uma freira bondosa, respiro aliviada segundos antes de Tereza decidir novamente atacar os meus cabelos.
— Ah, essa menina — ela choramingou erguendo as mãos para o céu, como se implorasse por ajuda — Pensei que vindo para um convento ela se tornaria uma criança melhor, mas devia trancá-la mesmo dentro do sótão.
Sótãos, porões, guarda-roupas, lugares ainda mais fechados, escuros e assustadores, eram locais que eu conhecia muito bem. Sempre foram usados para me castigar ou obrigar que fizesse algo para os irmãos Cortez. 
O que Tereza disse, não causou nenhum choque a mim, mas deixou a irmã Ofélia bastante horrorizada.
— Sra. Cortez, o convento não é uma prisão. Todas estamos aqui por vontade própria.
Por vontade própria, nem tanto, pondero, surgindo um sorriso que logo se desfaz quando Tereza me encara irada.
— Sim, sim irmã. Mas essa menina... — então ela começou a se lamentar na língua navajo e apontar em minha direção, fazendo novos gestos de que irá me aplicar um corretivo merecido.
— Fique calma Sra. Cortez — a freira pediu, colocando-se entre nós duas.
Ofélia não entendia nada citado na língua indígena que minha madrasta esbravejava, assim acreditava que fosse apenas lamentos de uma mãe, querendo colocar um pouco de juízo na filha travessa. Não falo muito bem navajo, mas entendi cada uma das palavras maldosas e cheias de maldição que Teresa jogava em mim, por tê-las recebido ao longo dos anos e ela ter feito questão de explicar cada uma delas.
Ao orarmos, o meu pai sempre me falava para ficar atenta ao que desejava pedir. Eu sempre desejei uma mãe e quando Tereza se casou com o meu pai, acreditei que Deus tinha finalmente escutado as minhas preces, dando-me uma mãe doce e atenciosa, que me amaria e cuidaria de mim. No início Tereza até foi gentil, mas bastou os papéis do casamento terem sido assinados, e meu pai ter viajado a primeira vez, a trabalho, para sua verdadeira personalidade ser revelada.
Aquela era a bruxa má, a madrasta dos contos de fadas e as portas que foram abertas para mim eram na verdade do inferno. E tudo só piorou quando papai ficou doente e acabou falecendo, deixando-me aos cuidados de sua esposa malvada.
— Escuta, Guadalupe, vá buscar um copo de água na cozinha, está bem? — a freira sugeriu e eu não precisava de nenhum outro convite para fugir do olhar cheio de ódio e tentativas de Tereza em voltar a me agarrar.
Ofélia tentará acalmar a "mamãe", que para alguém que não deseja me ver sendo expulsa daqui, faz um escândalo maior do que o necessário. Se ela não tivesse gritado comigo e me batido, possivelmente ninguém teria notado que escapei. Certo?
— Como quiser, irmã Ofélia.
Saí apressada, quase atropelando as noviças e freiras que encontrava pelo caminho. Cheguei à cozinha ofegante como um cachorro perdido, andando em uma tarde ensolarada e quente do Texas.
— Ai, Guadalupe! Onde você se meteu, menina? — assim que entrei na cozinha, Liliana, uma das noviças mais antigas e prestes a fazer seus votos veio até mim, com olhar carregado de preocupação — Você fugiu de novo, não é? Não sabe o escarcéu que sua mãe fez ao ver que sua cama estava apenas enrolada com cobertores.
Essa é uma velha tática para fingir que tem alguém dormindo na cama. Um pouco ultrapassada e infantil, mas vinha dando certo.
— Eu só fui até o lago — tento me justificar pela centésima vez, enquanto cruzava os meus dedos atrás das costas, como se esse sinal fosse anular a minha mentira — Nada aconteceu. Não vi ninguém e ninguém me viu.
Ainda não consigo entender por que as pessoas faziam tanto alvoroço por eu ter saído para nadar, elas agiam como se eu tivesse escapado no meio da noite para me aventurar no bar do Hell. Não que eu nunca tenha pensado sobre isso, preciso admitir.
Sempre que passávamos em frente ao único e mais famoso bar do condado e via as irmãs fazendo o sinal da cruz, afirmando que aquele era um antro de perdição, sentia uma pequena curiosidade em saber o que realmente acontecia lá dentro.
— Ainda assim é perigoso que uma jovenzinha saia sozinha. Além de que é imprudente. Só podemos deixar o convento com a permissão da madre.
Conheço o discurso de trás para frente e frequentemente acabo quebrando essas regras. Não por maldade, mas algumas vezes sentir-me livre era mais forte que eu.
— Preciso pegar água e levar para Tereza — aviso querendo escapar da reprimenda, pois certamente a madre superiora já estava providenciando uma para mim.
— Por que sempre chama a sua mãe pelo nome? Sabe que ela não gosta disso.
Ih, droga!
Preciso lembrar que aqui as pessoas são mais observadoras do que na última cidade em que moramos.
— Ah, é... — cocei a cabeça buscando alguma resposta convincente, que claramente não veio, sou péssima em pensar e principalmente mentir sob pressão — É só essa coisa entre filhos, sabe? Quando a mamãe fica brava me chama de Guadalupe, e quando fico zangada a chamo pelo nome dela.
— Uma filha nunca deve ficar brava com os seus pais. É pecado.
Há pecados bem piores que esse, irmã. E se havia alguém com mais chance de ter a alma enviada ao inferno, não era eu.
Além disso, Tereza não era a minha mãe e eu não estava apenas brava com ela, eu a odiava com toda a força do meu coração. Mas não podia dizer isso a Liliane e nem a qualquer outra boa alma nesse recanto de paz e amor. Em vez disso, passei os minutos seguintes fingindo prestar atenção no sermão baseado, em como uma boa filha e noviça deveria se comportar.
Enquanto Liliane falava com uma voz suave e calma, que começa a me dar sono, ela segurou o meu ombro, ajeitando algumas mechas dos meus cabelos para dentro da touca rígida que usamos para cobrir nossa cabeça e pescoço, emoldurando o nosso rosto abaixo do véu.
— Toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta a desonra — ela ajeita também o meu véu desalinhado — Seus cabelos sempre devem estar protegidos, entendeu?
Das pessoas, principalmente dos cobiçadores olhares masculinos.
O conselho chegou um pouquinho tarde, hoje, porque existia um diabo em pessoa, que havia visto muito mais do que os meus longos cabelos soltos ao vento.
Clyde Walker havia colocado os seus lindos, castanhos e intensos olhos, onde nenhum outro homem esteve antes.
— Guadalupe? — O chamado era uma advertência para que eu prestasse atenção.
— Sim, Liliane — assenti, repetindo que iria ficar mais atenta.
— Está sempre com a cabeça nas nuvens e isso sempre a coloca em confusão. Sua sorte é por eu estar aqui e ajudar você.
Satisfeita por ter feito sua primeira boa ação do dia, dando-me juízo, ela avisou que precisa cuidar de seus outros afazeres e eu me lembrei que tinha vindo a cozinha buscar água com a intenção de acalmar Tereza.
Retirei um copo do grande armário de madeira e estava abrindo a torneira quando um chamado às minhas costas exigiu atenção.
— Guadalupe! Entregue as geleias que a Madre separou para os Walker — ouvi a irmã Ofélia dizer instantes antes de começar a me virar — Nós vamos tentar apagar o incêndio que você causou.
— Como quiser, irmã — abandonei o copo vazio que havia separado para Tereza e vou para o outro lado da cozinha onde ficavam os vidros de geleias e outros tipos de conservas feitas por todas nós.
Ao olhar de relance para metade do corpo masculino e de costas no corredor, conclui que era um dos peões que o senhor Sr. Walker sempre enviava para trazer suprimentos ao convento. Por isso, não querendo atrasá-lo mais, rapidamente me coloco a cumprir a tarefa ordenada a mim.
Os Walker são pessoas muito boas e o chefe da família era um homem muito gentil, foi xerife em Peachwood antes do filho mais velho, Dallas, que segue seus bons passos, ganhando também a admiração e o respeito de todos nesse pequeno e acolhedor condado. Além disso, as doações que sempre faz ao convento, ajudavam tanto as boas freiras como as famílias carentes que vinham aqui buscando por ajuda.
Comecei a procurar entre as fileiras os potes que tinham o nome Walker e me recordei que na última vez que tivemos uma visite do próprio senhor Walker, ele deixou escapar que sua esposa, Charlotte, amava as geleias de uvas. Talvez ele fosse gostar se eu trocasse dois frascos das de pêssegos por de uvas.
—  Desculpe, senhor...
Ao devolver um dos potes ouvi um pigarrear às minhas costas chamando atenção.
— Com licença? — O chamado urgente, vindo de uma voz conhecida e inesperada, me fez virar lentamente em sua direção.
— Puta. Que. Pariu! — balbuciou Clyde Walker, tão chocado quanto eu por nos reencontrarmos em tão pouco tempo.
Aliás, eu não só não esperava, como desejava não o ver nunca mais.
O homem mais mulherengo do mundo havia me visto nua, a recatada noviça que logo faria seus votos e juramento a igreja.
Deus!
O que eu faria agora?

Eita, tadinha da Lupita, que madrasta má

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eita, tadinha da Lupita, que madrasta má. 😡

Com você - Céu do Texas: Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora