história

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O sol nasceu e Malévola ainda dormia. Aurora vinha aos aposentos dela sempre que possível e as fadas tentavam a tranquilizar. O dark fae que estava me supervisionando foi liberado e aparentemente outro viria

- bom dia...- olhei para as fadas e dei um sorriso sem dentes

- bom dia, ela está melhor?- elas se entreolharam

- está muito preocupada- um falou

- estamos dizendo que a culpa não é dela, mas ela não escuta!- a outra respondeu

- ela só vai aceitar que não fez isso quando quem disser isso for a Malévola, dêem um tempo para ela...- suspirei olhando malévola ali deitada. Sua pele já não estava mais tão pálida como a de um morto e nem suas asas estavam tão rígidas, ela estava em uma espécie de sono

Ouvi o barulho da porta e olhando para a mesma já tive vontade de revirar os olhos

- ela já não deveria estar acordada?- Borra pergunta e atrás dele entra uma Aurora atordoada e Philip

- você é curandeiro? Essas coisas demoram para acontecer, as vezes dias, as vezes- ele me interrompeu

- dias?! Eu não aceitarei você aqui por dias- Aurora se assustou com sua fala repentina

- e eu por acaso disse que ia ficar seu ignorante?- o olhei nos olhos e via as dezenas de maneiras de me matar que passavam na sua cabeça através de seus olhos

- do que me chamou?!- ele se aproximou e eu levantei ficando frente a frente com ele

- desde que cheguei aqui está sendo rude comigo, me diga Borra, o que eu fiz para você me odiar tanto?- cruzei os braços tente ao peito

- é humana- aquilo arrancou uma gargalhada de mim

- e daí? Você é um babaca, devo acusar a espécie toda porque você foi babaca? Ou devo apenas supor que é um traumatizado e tem medo da minha espécie?- ele se aproximou mais se é que isso era possível sem me beijar

- chega!- Aurora chamou nossa atenção- Malévola está deitada aqui doente e vocês discutem sempre que se vêem, no que isso a ajuda?- ela tinha lágrimas nos olhos

- e em que se culpar ajuda?- eu a peguei de surpresa- não se culpe- Borra me interrompeu antes que eu a pudesse conforta-la

- ela quase morreu salvando-a de sua idiotice, ela tem sim uma parcela de culpa- aquilo me irritou ao extremo

- e qual o seu percentual de culpa tendo começado uma guerra no reino e ferindo crianças humanas?- perguntei de maneira ríspida

- ela não ia se ferir, Malévola é a mais forte de nós- olhei malévola e notei um leve brilho em sua testa, mas antes que eu pudesse pensar em algo Borra me interrompeu- se o seu povo- o cortei

- não me classifique em um povo! Você não sabe quem eu sou, não sabe nada sobre mim ou sobre quem eu me tornei, não pense que me conhece só porque eu sou humana e tem mais, você é um grosseiro e julga sem conhecer, eu só fui rude com você quando você foi comigo, não sou rude com os outros, isso mostra a diferença entre nós, eu crítico quem me crítica, você crítica todos que não são da sua espécie porque as julga como inferior, mas olhe, se fossemos tão inferiores assim nenhum dark fae teria morrido e você sabe disso, por isso nos odeia!- ele me olha extremamente irritado

- tirando o fato de que vivemos milhares de anos talvez- ele tentou jogar contra mim, nenhuma novidade nisso...

- sabe qual a verdade? A vida é patética em todos os mundos, só comemos, dormimos, brincamos, reproduzimos, guerreamos e trabalhamos, em todas as espécies é assim, a vida é patética e fútil e chega a ser as vezes infernal para algumas pessoas, eu deveria invejar seus milhões de anos? Pois não invejo, pelo contrário, eu tenho pena de vocês, vivem milhares de anos nessa coisa sem sentido e pacata chamada vida. E no seu caso ainda por cima deve ser ainda pior já que você precisa aguentar a si mesmo o tempo todo senhor reclamão!- antes que ele pudesse falar eu continuei- Aurora cuide da Malévola, eu não aguento mais nem respirar o mesmo ar que você, é uma pena que alguém de uma espécie tão linda pode ser tão babaca- me ajoelhei para pegar minhas coisas

- e o que eu faço?!- ela estava assustada

- ela vai acordar em breve, suas asas estão menos rígidas agora. Quando ela acordar peça as fadas que te ajudem- levantei e passei por Borra sem nem mesmo olhar em sua face

Sai da aldeia tendo meus olhos seguidos por todos, mas eles não tinham mais ódio, apenas receio

Eu andava quando uma criança caiu em minha frente

- você está bem?- o ajudei a levantar e quando ele viu o que eu era se assustou e andou 3 passos para trás- está tudo bem- me abaixei para ficar na sua altura- você se machucou?- perguntei preocupada e ele negou com a cabeça- posso ver?- perguntei mesmo sabendo dos diversos olhos que me cercavam e uma mãe perto para atacar estava perto- aqui- peguei um lenço úmido no bolso da minha mochila e limpei o arranhou que havia na palma de sua mão- vai melhorar rapidinho- sorri para ele sentindo os passos de alguém- eu já estou indo- respondi monótona

- achei ter dito para não nos tocar- Borra estava ao nosso lado em um instante

- já está pronto para correr de novo- a criança sorriu para mim e me deu um abraço, e aproveitando isso eu olhei para Borra

- obrigado- sorri para ele

- de nada- ele foi em meio a multidão confusa que nos olhava e passou por eles - bom, espero que consigam se recuperar- falei como forma de despedida

- muitos morreram por pessoas como você!- alguém em meio a multidão gritou

- a minha mãe e o meu pai eram humanos, mas eles sempre foram apaixonados pelos dark fae, eles ajudaram malévola durante sua infância e essa me ajudou quando eles partiram. Meus pais era amigos da malévola e Malévola me criou quando eles não puderam, eles foram mortos por ajudar os dark fae, então eu peço, não me comparem com os humanos nesse quesito, estão desonrando a morte deles- a voz não falou mais nada depois do meu pedido- humanos e dark faes morreram, ambos os lados perderam e ganharam, perderam pessoas, ganharam mais uma chance de continuar... A guerra é a coisa mais sentido inventada pela humanidade, lutar uns com os outros no lugar de seus líderes, matando e morrendo inocentes, pessoas machucadas: homens, mulheres... Crianças. Não vou dizer que não lutem por seus direitos, mas peço que não se comparem a humanos em sua maneira de faze-lo e de verdade, espero que ganhem- me afastei da multidão e fui em direção a floresta- está me escoltando?- pergunto ouvindo as asas de Borra arrastando no chão

- não me disse sobre seus pais- suspirei

- eu não te disse nada sobre mim, não pareceu preciso, suas críticas diziam que me conhecia, mas parece que se enganou, não?- parei de andar e olhei para eles- passei mais tempo da minha vida com a Malévola em moors do que com os humanos, seria mais fácil que eu matasse os humanos do que os dark fae. Não vou fazer nada além de ir para a minha casa, não preciso ser escoltada- ele parecia mais suave do que quando me conheceu- boa sorte Borra- voltei a andar e dessa vez ele não me seguiu

Continua?

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