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═══ 𝐴 𝑅𝑢𝑖𝑛𝑎 𝑑𝑒 𝑇𝑎𝑚𝑙𝑖𝑛 ═══


𝒜𝑧𝑟𝑖𝑒𝑙


Eu estava há dois dias escondido nas sombras da corte Primaveril, observando. Não haviam sentinelas, guardas, nem movimentação presente.
A aldeia próxima a mansão do grão-senhor estava praticamente abandonada. Casas parcialmente destruídas, tavernas saqueadas e vendas derrubadas ao chão. Mas o local não estava completamente inabitado. Um grupo de nagas devorava um corpo já em decomposição na saída da aldeia,  criaturas desprezíveis.

A mansão de Tamlin, que um dia fora impecável, estava longe de estar habitável no momento.
Os lagos da corte não tinham mais vida, a grama das colinas estava grande demais. Os aposentos dos guardas estavam inteiramente incendiados, pedaços da estrutura do telhado caíam, causando um som baixo e oco.
As roseiras que enfeitavam os jardins estavam mortas, restando apenas os espinhos negros e afiados, que tomavam conta de tudo.

O estado interno da mansão não era muito diferente do exterior. O piso reluzente de mármore preto e branco estava riscado. As paredes pichadas com tinta vermelha que diziam palavras de baixo calão como: Traidor, fraco, fracassado. Essas sendo as ofensas mais leves que pude ler.
Não era difícil permanecer em silêncio e escondido naquele lugar. Sombras não faltavam dentro da casa. Os quadros que não estavam completamente quebrados ou jogados ao chão estavam pendurados e arranhados. As cortinas de linho rasgadas, mesas partidas ao meio, sofás com quase nenhum estofado restante. Sem dúvidas havia tido uma rebelião naquele lugar. Percorri os demais cômodos com rapidez, todos com o mesmo padrão de destruição, exceto um deles. Um cômodo pequeno no segundo andar, estava limpo, intacto. Passei alguns segundos observando o que estava em minha frente. Aquele cômodo era o que restava da antiga corte Primaveril. Era como se o lugar tivesse sido escondido durante toda a destruição que acontecia no restante da casa. Telas em branco e quadros terminados ocupavam a maioria dos espaços do quarto. Tintas secas sobre estojos de pintura. Pincéis sujos de molho em água. Arrisquei pegar uma pintura em minhas mãos, eu reconheceria aquele traço onde quer que fosse, aquele era o ateliê de Feyre. A pintura que eu tinha nas mãos era do céu estrelado visto da casa do vento, as montanhas ao redor eram inconfundíveis.

Depois de nossa tentativa de recuperar o caldeirão. A grã-senhora retornou a corte Primaveril com Tamlin, para poupar a vida das irmãs. Eu poderia resgatá-la sem o mínimo de esforço, mas ia contra o código de ética do grão-senhor, e contra as ordens do mesmo. Rhys achava que ela poderia trazer novas informações do que estaria acontecendo lá, e estava certo. Depois de algumas semanas Feyre conseguiu fugir durante uma visita à muralha com Lucien e alguns generais de Hybern que vieram fazer uma visita. Eles quase não conseguiram escapar, a grã-senhora deixou para trás os corpos mortos dos príncipes de Hybern, e a sacerdotisa de Tamlin em estado deplorável de loucura. Cassian e eu a resgatamos dias depois fugindo dos irmãos Vansserra na corte Invernal.
Os miseráveis passaram dias perseguindo Feyre e Lucien, quem sabe o intuito que tinham, mas tinha certeza que não era nada bom.

O som de vidro estilhaçando chamou minha atenção. Corri entre as sombras em direção ao barulho. E lá estava ele, acabado, parecendo com um plebeu, Tamlin estava em ruínas. Deitado no chão entre tapetes e almofadas sujas, Tamlin estava em um estado desprezível. As roupas manchadas e rasgadas, uma garrafa de vinho quebrada bem ao seu lado derramando líquido roxo ao seu redor. Comida estragada estavam postas sobre a mesa, o cheiro de morte empesteava o cômodo. Flores de lótus estavam postas em terrarios próximas à uma janela, outras masseradas em pó sobre o parapeito. Tamlin estava drogado, e bêbado. Os efeitos analgésicos que a flor de lotus trazia eram fortes e poderiam durar dias dependendo da forma que eram consumidos. Guardei dois pequenos terrários das flores acoplados em minha armadura.

Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora