"Dizem que o mundo foi feito para dois, que só vale a pena viver se alguém estiver amando você..."
É de manhã cedo. O céu está escuro do lado de fora da janela. Robin não quer sair da cama. Ela se vira, procurando o calor de Nancy e encontra apenas o colchão frio. Ela franze os olhos confusa, tentando ouvir algum sinal de sua namorada no pequeno apartamento em que moram juntas. O tilintar fraco de talheres a acalma. Nancy está na cozinha.
Robin se levanta, descalça, vestindo a camiseta larga que ela chama de pijama.
Ela se apoia na porta da cozinha, sorrindo enquanto observa as costas de Nancy. Ela está usando shorts folgados e uma regata, sussurrando a música "Be My Baby" do filme "Dirty Dancing" que tinham assistido algumas noites antes. Seus quadris se balançam um pouco enquanto ela mexe algo em uma tigela em frente à pia. Há farinha, um galão de leite e uma caixa de ovos sobre o balcão.
Robin atravessa a cozinha em silêncio.
— Por que estamos de pé tão cedo? — ela sussurra no ouvido da Nancy, sua voz rouca por essas serem suas primeiras palavras do dia.
Nancy dá um pulo, virando-se com seus grandes olhos azuis bem abertos.
— Não faz isso — ela resmunga, mas suaviza o rosto e sorri. — É o seu primeiro dia de volta ao trabalho, eu queria fazer algo legal — diz, dando de ombros, antes de voltar a mexer a massa na tigela. Ela quer soar casual, mas Robin não vê desse modo.
Para Robin, essa é a coisa mais fofa que alguém já fez por ela. Mas não é novidade ou surpresa. Ela se sente assim quando Nancy faz algo doce, o que é frequente. Elas estão namorando há meses. Nancy tem sido a melhor namorada que alguém poderia desejar. Ela sempre sabe de cor os horários da Robin, procurando pequenas maneiras de se encaixar. Especialmente quando as duas andam ocupadas.
— E deixa eu adivinhar — Robin diz e apoia o queixo no ombro de Nancy. — Será que sou sortuda o suficiente para estar prestes a receber as famosas panquecas de Nancy Wheeler? — ela brinca, mas é meio verdade.
Nancy não sabe fazer muita coisa na cozinha, portanto, guarda o pouco que sabe para tornar ocasiões especiais mais especiais. Suas panquecas, como Robin sabe por já tê-las experimentado uma vez, são muito fofas e saborosas. É como comer pedacinhos de nuvens brancas em um dia ensolarado.
Nancy sorri.
— Talvez — diz, virando o rosto e pressionando o nariz na bochecha da Robin.
Robin fecha os olhos, apreciando o momento. Nancy cheira a morangos, como sempre. Mas também há um toque de baunilha no ar vindo da massa de panquecas. Traz uma sensação de conforto. Faz Robin querer voltar para debaixo dos cobertores e abraçar Nancy. Enchê-la de beijos e sussurrar doces palavras no escuro, ouvindo os risinhos de Nancy.
Robin abre os olhos e a observa mexer a massa.
— Talvez eu deva ligar e avisar que estou doente — sugere.
Nancy a olha preocupada.
— O quê, por quê, você não está se sentindo bem? — ela pergunta, colocando a tigela na bancada e estendendo as mãos para tocar as bochechas e a testa de Robin.
Robin sorri, segurando os pulsos de Nancy e beijando suas palmas.
— Não — ela diz. — Só acho que eu ficaria melhor aqui. Com você. Bem, não aqui-aqui no meio da cozinha. Estava pensando mais no nosso quarto. Mais especificamente na nossa cama. Mas, bem, ficar aqui no meio da cozinha com você seria bom, também. Melhor. Do que qualquer coisa que o mundo lá fora possa oferecer.
Nancy relaxa, um sorriso crescendo a cada palavra que ouve. Ela passa os braços ao redor do pescoço da Robin.
— Infelizmente, acho que isso não seria uma boa ideia. Você acabou de ter três semanas de férias, seu chefe provavelmente diria que foi tempo mais que suficiente para aproveitar com a sua namorada.
— Talvez eu deva me demitir — Robin retruca. — Meu chefe soa muito burro dizendo esse tipo de merda por aí.
Nancy dá uma risada.
— Ele é o pior, sinceramente. Tão burro. Eu estava até pensando que já que você vai ter que encarar a cara burra dele o dia todo... talvez a gente possa fazer algo mais tarde. — Ela dá de ombros. — Só pra, você sabe, te animar por suportar a burrice dele e tudo mais.
— Hmmm, você está me chamando pra sair, Wheeler? — Robin brinca, levantando as sobrancelhas.
— O quêêê, não. Eu não tenho o menor interesse em sair com a minha namorada em um encontro romântico. Seria uma saída totalmente Platônica, sabe, com P maiúsculo e tudo.
Robin solta um grunhido, jogando a cabeça para trás.
— Quando você vai esquecer isso? Faz uns mil anos. Segue em frente de uma vez!
Nancy puxa a cabeça dela para poder olhar em seus olhos, sorrindo com doçura.
— Quando você parar de reagir assim, provavelmente. Então, acho que nunca.
— Você é muito, muito, irritante, sabia disso? — Robin se inclina para frente, a ponta do seu nariz encosta no de Nancy. — Por acaso você tá tentando me fazer querer ir trabalhar, chingonita?
As pupilas de Nancy dilatam. Ela engole em seco.
— Tá me xingando em italiano?
— Espanhol, na verdade. E não tô xingando.
Nancy assente. Ela adora quando Robin lhe dá apelidos em outros idiomas. Confessou uma vez, no meio da noite, que isso faz seus órgãos se remexerem.
— Que tal isso — Robin diz, esfregando com delicadeza o nariz no de Nancy. — Você me compensa agora, e eu vou trabalhar. Depois podemos fazer um piquenique à beira do lago à noite.
— E eu estaria te recompensando por... tentar impedir que você seja demitida, é isso?
— Por não deixar eu me demitir, na verdade, como qualquer pessoa sensata faria em um momento tão difícil.
— Ah, claro, só queria ter certeza. E como eu posso compensar você, ó minha tulipinha maltratada?
Robin se inclina, pressionando suas bocas juntas. Suas mãos serpenteiam pela cintura de Nancy e repousam em suas costas, trazendo o corpo dela contra o seu.
Nancy murmura feliz e desliza a língua, guiando cegamente sua namorada de volta para a cama. Ela lembra vagamente da mistura de panqueca esperando no balcão, correndo risco de não dar tão certo.
Uma hora depois, no entanto, Robin afirma que é a melhor refeição que já teve.
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heaven is a place on earth with you | ronance
Fanfictionum momentinho doméstico fofo entre robin e nancy.