{03} O caminho do Cosmos

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O toque de recolher do quartel tocava às seis horas da noite e todos deveriam estar dentro de seus aposentos a partir daquele horário. Naquela mesma noite não foi diferente, após o jantar o toque de recolher soou e todos iam para seus quartos.
O príncipe havia passado por uma sessão de exames e testes o dia todo com os cientistas que tentavam entender certas habilidades anormais que o mesmo possuía. Seu corpo estava fraco, mas fez questão de ter guardado um pouco de sua energia, pois tinha planos para aquela noite.

Enquanto era escoltado até seu quarto, que ficava no topo de uma das torres da Arca Ascendente, o príncipe mantinha seu rosto coberto debaixo de seu capuz azul, já que por ordens do rei nenhum outro ser deveria saber a identidade do príncipe herdeiro em tempos sombrios como aquele, ainda mais quando o mesmo possuía menos de 12 anos, ainda não passava de uma criança. Os riscos de expô-lo eram enormes com tantos possíveis inimigos que seriam cruéis atrás de um ser que mal se defenderia sozinho.

— Estaremos em sua porta pela manhã, então deve estar pronto antes das sete, alteza, ordens do general! — avisou um dos guardas.

O príncipe que caminhava com o rosto para baixo o ergueu aos poucos, mantendo sua identidade escondida na penumbra de dentro do capuz.

— Você costuma ter belos sonhos ao dormir soldado? — perguntou simplista o pequeno príncipe ao estender sua mão e usar da outra para criar grãos de areia sobre sua própria palma.

Estavam próximos da passagem de seu quarto. O guarda fez uma careta, confuso com a pergunta de sua alteza.

— Em tempos como este meu príncipe, belos sonhos seriam um afago na alma de alguém que já viu tantas coisas feias no mundo! — respondeu o guarda.

Em silêncio, o pequeno príncipe juntou sua mão esquerda à frente de sua boca e soprou para o teto o pózinho branco cintilante de dentro ela, que se assemelhava muito a grãos finos de areia.

— O que está fazendo alteza! — O segundo soldado, assustado com o que estava no ar, se aproximou segurando o braço do príncipe.

— Não se preocupem, terão bons sonhos! — dito isso os dois guardas caíram no chão sonolentos enquanto o príncipe se afastou dos corredores da Torre, seguindo seu caminho para fora.

O príncipe despistou todos os outros soldados da torre ao tentar alcançar a ala proibida e com sucesso invadiu secretamente a jaula da criatura que há semanas chamava de "amigo" sem que ninguém percebesse. Assim ele pensou.

— Sabe que não consigo ler! — A criança metade monstro jogou o livro para o lado, irritado por não conseguir entender os amontoados de letras nas páginas.

— Ah, qual é, você nem sequer tentou! —
O príncipe flutuava livremente pelo telhado da sala onde estavam. A mesma em que um dia ainda se conheciam pela primeira vez.

Desde o primeiro encontro a ala proibida se tornou o lugar preferido do príncipe, que tem vindo brincar com seu novo amigo quase todos dos dias pela noite após suas sessões com os cientistas.

— Como eu vou tentar algo que ninguém nunca me ensinou? Como eu deveria saber por onde começar a tentar? — reclamou a outra criança, que até então não tinha um nome.

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⏰ Última atualização: Jul 03 ⏰

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