Capítulo 4

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Já se passou uma semana e até agora não achamos a Aurora, isso acaba a tornando a principal suspeita do caso. Pedimos as filmagens das casas e prédios em volta do La Torre, mas alguns ainda não conseguiram entregar, porque infelizmente os computadores da polícia parecem da Idade das Pedras, e o vídeo não estava rodando. Mandamos para um dos TI's para tentar conseguir salvar em outro formato ou tentar salvar em pen drive, porque não sei o que se passa na cabeça dessas pessoas que desenvolvem notebooks, sem a entrada de CDs, eu sei que saiu de moda e blábláblá, mas como se faz quando você só tem CDs em casa e não consegue se adaptar com essas coisas de internet?

A Taylor me enche o tempo inteiro falando que tenho que entrar para as redes sociais e tudo mais, mas eu não consigo, acho um saco, vejo as pessoas perderem muito tempo online, em vez de conversarem com quem está próximo, tornando-se bitoladas.

Sou tirado dos meus pensamentos contra as redes sociais pela campainha que toca, e um envelope entra por debaixo da porta. Fico encarando aquele pedaço de papel até que me toco e então corro, destranco e abro a porta, mas não tem ninguém no corredor, corro até as escadas e não vejo ninguém. Volto para dentro de casa e pego o envelope branco com meu nome impresso, abro com cuidado, olho dentro e vejo uma carta.

"Oi, senhor Thomas Bruce, sei que não me conhece, mas eu sei muito sobre você. Sei sobre seu passado, sei que não gosta de redes sociais e por isso estou escrevendo essa carta. Sabe, eu também gosto dessas coisas das antigas, me sinto nesses filmes e livros de época... só quero que saiba que estou do seu lado."

Como assim? Que brincadeira é essa? Só pode ser a Taylor de palhaçada, não vou cair nessa não. Hoje é meu dia de folga e eu quero passar o dia deitado assistindo meus filmes, a única coisa que eu gostei da modernidade foi a criação de plataformas de filmes e séries, é a única coisa que eu assino e vejo, mas rede social não mesmo, e isso me lembra a carta que recebi. Aquilo foi muito estranho, mas tenho quase certeza que foi a Taylor, e se eu fingir que não me abalou, ela vai abrir a boca.

Enquanto via o filme, cochilei e acordei novamente com a campainha tocando e quando olhei para a porta tinha mais um envelope. Levantei-me num salto e fui até ele e era do mesmo jeito que o primeiro. Abri e havia duas folhas dentro.

"Oi, senhor Thomas Bruce, sou eu novamente! Até que estou gostando de ficar falando com você por cartas, pena você não saber quem eu sou para me responder, não é mesmo? Já achou o culpado pela morte de Blake Nelson? Acho que não, pois eu saberia com toda a certeza. Eu sei o que sua mãe fazia com você, sei a forma com que ela te torturava pelo simples prazer de te ver triste, com dor e até mesmo por te ver com todo aquele sangue escorrendo pelo seu rosto e corpo. Ela queria que você sentisse a dor que ela sentia pela morte do seu pai e sei o que aconteceu com ele... eu sei toda a verdade. Eu sei das suas denúncias à polícia – sei que foram várias – mas nunca fizeram algo por você, não é mesmo? Eu vi que fez uma visita aos Dawson e à Thompson, uma pena ela não estar em casa, mas eu sei para aonde foi... eu sei de tudo o que se passa nessa cidade, as pessoas ficariam assustadas com a podridão que um lugar pequeno pode ter."

– Que porra é essa? – falo em voz alta, e resolvo ligar para Taylor. Sei que nem preciso ler a outra carta.

Pego meu celular e ligo imediatamente para ela, que vai ter que me dar uma explicação para essa piada no meu dia de folga. Escuto o barulho do terceiro toque e então ela atende.

– Oi, Thomas! Notícias? – diz Taylor.

– Notícias? Que palhaçada é essa Taylor? Você sabe que eu não gosto desse tipo de brincadeira! – digo irritado e gritando.

– Mas que brincadeira? Eu não sei do que você está falando.

– Essas cartas que recebi na minha casa agora, você passa a carta por debaixo da porta, toca a campainha e sai correndo para eu não te ver, mas agora eu já descobri. Então pode parar!

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