Conversas entre Demônios

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A luz da lua cai sobre o corpo pequeno, as mechas azuis são levemente jogadas para trás quando Ciel levanta a cabeça para encarar o céu escuro sem estrelas.

- Hoje está ventando, o tempo frio chegou? 

- Talvez, jovem mestre, mas suponho que seja esta noite em especifico, já que o inverno se foi a três meses. - Sebastian se aproxima, permanece atrás do garoto, não se atreve a tentar ver que expressão ele faz - Algum problema, senhor? - Agora era assim, não conseguia mais ler o menino, tinha que receber suas respostas pelo próprio

- Imagino que deve ser horrível ficar ao meu lado - Ciel se vira e sorri, da boca até o pescoço tem sangue fresco, escorrendo e deixando a imagem do ex-conde assustadora

-  Sua roupa vai manchar senhor, não gostaria de se trocar e tomar um banho? - O homem está pronto para sair, de costas para seu mestre, é interrompido 

- Não! - Imediatamente Sebastian permanece imóvel na posição que está, mas logo volta a encarar Ciel - Uma vez eu me perguntei como você se sentia sobre mim, quando eu era humano, quero dizer...

- Eu sentia vontade de quebrar seu pescoço, comer sua alma e sumir. Isso parecia um segredo, mestre? - Seu tom era sinico, a palavra "mestre" nunca foi dita como nada quanto agora 

- Nunca sentiu nada além disso? Apenas vontade de me matar? - Ciel coloca as mãos para trás e para em frente ao seu mordomo, mas longe o suficiente para não levantar tanto a cabeça 

- Não, apenas isso, gostaria de saber algo a mais?

- Sim. Eu sentia ódio de você...

- "sentia", então seus sentimentos por mim mudaram, jovem mestre? - O azulado respira fundo e morde o lábio inferior, quase não da para notar com seus dentes manchados de sangue

- Sim...

- Por favor, não diga nada estranho, como algum tipo de desejo sexual ou amoroso. - Ciel instantaneamente ri, Sebastian poderia ficar incomodado, mas o alivio subiu dos pés a cabeça 

- É claro que não hahahahahahaha!!! Ahh, realmente é ótimo te ter ao meu lado para escutar essas bobagens tão divertidas, só as vezes - Adicionou quando voltou a olhar para Sebastian - Bom, lembro-me de antes sentir ódio de você e você vontade de me matar... Mas agora, sendo um demônio, tudo passa tão rápido, tenho curiosidade sobre seu ser, não entendo esse mundo novo que os demônios enxergam - Seu tom suavizado não mexe com Sebastian, Ciel estala a língua e se vira para o corpo da mulher que roubou a alma a minutos atrás

- Quer que eu ensine algo para você? - O mordomo entende que ponto o garoto quer chegar, mas acha aquela conversa tediosa de mais para seguir com ela 

- Quero que ensine tudo.

- Com meus métodos? - Os olhos carmesim humanos e sedutores passam para um vermelho vivo em formato demoníaco, ver uma oportunidade de "bater" em Ciel, isso não ocorre todos os dias

- Por favor. - O garoto se vira, seus olhos também deixaram a aparência humana, os dois dão um sorriso atrevido - Eu queria saber se sua vontade de me matar havia aumentado, agora que não há mais alma alguma para você comer aqui... - Ciel passa uma mão na sua barriga e a sobe devagar, Sebastian acompanha o movimento com os olhos, seu sorriso desmancha e volta a ficar sério - Acho que sei a resposta.

- Ainda quero te matar, mas surgiu uma vontade interessante no meu coração. - O tom doce faz Ciel sorrir com os dentes, o garoto passa a língua em volta dos lábios um pouco inchados encarando Sebastian

- E o que é?

- Torturar você, ter ver sofrendo e chorando, - A aura do demônio escurece, ele franze o cenho e observa Ciel começar a rir - Fazer seu corpo sangrar e ganhar machucados tão grandes e profundos que faça você tentar se matar, fazer tantas coisas que você próprio vai acabar se mutilando - A risada alta do menor é irritante para seus ouvidos, seu tom era grosso e a voz arrastada, mas respira fundo e continua, ignorando seu mestre parecer um louco a sua frente - Quando eu estivesse entediado, mataria você, é isso.

- HAHAHAHAHAHA!!! Ahhh... Que coisa chata - Ciel respira fundo e joga a cabeça para trás tentando relaxar um pouco - Vamos procurar algo para se entreter, aposto que se distraia brincando de mordomo perfeito quando eu era humano.

- Não exatamente, mas sei o que quer dizer, jovem mestre. A decisão é sua.

As ultimas palavras saem arrastadas e com ódio, agora não tinha chances de Sebastian sequer pensar em matar Ciel quando quisesse, era deprimente, um ser tão forte como ele, preso a um pirralho orgulhoso que a cada dia que passava se tornava algo pior. O demônio sente falta dele ser apenas sua "comida" e nada mais.

- Limpe essa bagunça, depois me encontre na mansão onde eu morava - Ciel da um salto alto o suficiente para ultrapassar a altura das arvores grandes em volta deles, o azulado some de vista e o mordomo espera não conseguir mais ouvir ele também

- Yes, my lord...

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