Ao olhar novamente para Alana, percebi algumas características que ainda não havia notado nela. Seu cabelo era castanho claro e, pensando no momento em que ela estava em pé, ela deve possuir uma média próxima ao tamanho de Alícia. Sua pele é clara e aparenta ser bem delicada. Mesmo seus olhos esverdeados serem claros, eles são extremamente fundos e deprimidos. Seu rosto não aparentava possuir maquiagem cobrindo sua superfície. Seus lábios eram vermelho claros bastante rosados, mas também não havia batom cobrindo-os. Acabei me distraindo e perdi-me em pensamentos sobre as características dela. Eu não teria percebido isso se não houvesse alguém para me tirar do transe.
-Ei, não se se você ainda está vivo, mas faz uns três minutos que você está fingindo estar de cabeça baixa, mas atento e olhando para senhorita de olhos verdes. -Falou-me Lucas.
Eu baixei a cabeça e a coloquei entre meus braços, que agora estavam cruzados. Murmurei "Não estava", mas soou tão baixo que ele não escutou.
-Por que tanto olhara ela? Acabara apaixonando-se por ela? - perguntou me novamente, mas falando em um tom baixo para que ninguém ouvisse.
-Não. O amor é uma grande mentira que os humanos inventam como desculpa para esconder a necessidade de possuir um parceiro e a tendência de se sentirem incompletos sozinhos. Humanos e suas desculpas esfarrapadas e sem lógica. -Minha voz acabara saindo abafada, já que estava entre meus braços cruzados.
-Então por que tanto a olhara como estava fazendo?
Permaneci em silêncio.
-Foram os olhos dela, não é? Eles lhe chamaram a atenção.
Fiquei em silêncio por mais alguns segundos. Finalmente, resolvi falar algo.
-Ela é como uma estrela. Diferente do que as pessoas costumam apreciar nas estrelas, as mesmas características que as impressionam são as mesmas que fazem você enxergar o universo de forma diferente. Uma estrela vive queimando hidrogênio por anos, décadas, séculos e milênios. O mesmo brilho que chama a atenção de muitos, também é o mesmo que é prejudicial e que no futuro, será o que, por fim, acabará sendo o resultado de um ato que matou a estrela. As estrelas brilham, mas de forma monótona e matando a si mesmas toda vez que fazem a fissão nuclear com a queima de hidrogênio em sua superfície. É um brilho suicida e escuro que a estrela libera até suas últimas queimas. Ela é como uma estrela e, seus olhos, são como uma nebulosa. – falei, ainda de cabeça baixa.
Lucas ficou um tempo em silêncio. Eu não sabia se ele estava fazendo alguma outra coisa, como olhar a matéria de biologia, a qual o professor que estava na sala trabalha, ou se ele estava pensando em algo.
Por fim, ele falou algo.
-Mas as nebulosas não são aquelas nuvens de poeira estelar, lindas e espetaculares, geradas após uma supernova? Elas são incríveis e belas. Claras e vivas. Não acho que seja algo para possa caracterizar olhos mortos. Na verdade, os olhos delas não parecem mortos para mim.
Pelo tom de voz dele, percebi que estivera olhando os olhos de Alana no tempo que se manteve em silêncio.
-Alícia não vai gostar de saber que você está focado nos olhos de outra garota. -falei com tom irônico, mas com um pouco de seriedade no meio.
-Minha intenção não é essa. -Falou ele, calmo.
-Eu sei. Sobre os olhos dela, sim, lembram uma nebulosa. Tudo que você citou está certo. Por isso os olhos dela brilham que nem uma nebulosa. As nebulosas surgem depois da morte de alguma estrela. É pelos olhos delas brilharem de forma tão morta que lembram uma nebulosa.
-Eu acho que não concordo diretamente com você. Talvez... você esteja errado. Ela aparenta estar bem viva e animada.
-Eu espero estar errado.
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A regra do universo.
RomanceA regra do universo tratasse de uma história com diversas problemáticas interligadas, onde surgem no passado dos protagonistas e os incomodam até a atualidade. Erick volta a morar em sua antiga casa, desta vez sozinho, mas ainda mantendo contato com...