Será que estou seguro no colégio?, foi o primeiro pensamento que atingiu Yuuji ao pisar no terreno familiar.
A questão foi levantada pela paz estranha, mas muito desejada, que assolou sua casa, pois nenhum espírito — monstro?, criatura?, fantasma?, demônio? — estava a vista assim que ele foi despertado pela luz ofuscante do sol pela manhã e o frio que substituiu o calor das cobertas, tudo por um Sukuna que ostentava uma carranca questionadora, que arrancou as cobertas e arregaçou as cortinas após chegar de sabe se lá onde, mas que ocupa sua noite inteira.
Ora, não era incomum Yuuji estar lá, e certamente se tornaria corriqueiro se o curso que as coisas estavam tomando fosse permanente.
O café da manhã ocorreu sem incidentes, apenas zombarias do mais velho sobre o fato de Yuuji estar olhando os cantos e divagando, com ele revidando envergonhado.
Yuuji estava começando a achar que a noite anterior foi um grande delírio. Um delírio de febre que seu sistema imunológico deve ter anestesiado, mas talvez ele esteja sofrendo as ilusões.
Feliz, e sentindo-se livre, Yuuji permitiu que um sorriso ofuscante rasgasse suas bochechas e caminhou confiante pelo terceiro andar do prédio.
"Yuuji-kun~, venha se juntar ao clube de atletismo! Clube de atletismo~!"
"Não~! Ao clube de esportes! Ao clube de esportes!"
— Maaah, cadê as formalidades com seu senp… — O referido se virou, coçando a nuca um tanto aborrecido por ser abordado logo pela manhã pelos membros dos tais clubes, mas a reclamação morreu em sua boca, e ele nunca se arrependeu tanto de se virar com os olhos fechados.
Nesse momento, ele realmente deseja que sejam Fukimoto-kun e Tanaka-kun, do fundo do coração dele, e não um espírito de duas cabeças o olhando em expectativa, como podiam. Corcundas e de pescoço longo, estavam poucos centímetros de distância de seu rosto.
Yuuji engoliu em seco, e sua garganta protestou com o ato, arranhando.
— …Are..? — Ele fingiu olhar ao redor, coçando a nuca com mais força, sentindo latejar. — Estou tão acostumado que já entro na escola negando qualquer coisa desses dois. — Suspirou, fechando os olhos tremendo, e se virou, andando em outro monólogo. — Desse jeito vão me achar estranho…
Não, Yuuji pensou com amargor, não estou seguro no colégio.
Preso em devaneios, não notou quando o espírito soltou um grito grotesco e se despedaçou, como se tivesse sido cortando em pedaços, mas outra pessoa notou, e ficou em um estado semelhante ao do segundo-anista, talvez um pouco mais perturbado, causando uma colisão que levou o mais jovem ao chão.
— Woah carinha, 'tá tudo bem aí? — Yuuji abriu os olhos e se xingou novamente sua repetição do erro, preocupado com o rosto desconhecido que expressava uma mistura de dor e temor.
O aparentemente novato não encontrou palavras para responder, então assentiu e aceitou com relutância a mão que lhe foi estendida para auxílio.
— Não te reconheço de nenhum lugar, — Pensativo, Yuuji levou a mão agora livre ao queixo, o evento sobrenatural já esquecido. — é um calouro?
— A-Ah sim… — Ele, percebendo o silêncio que se estendeu, de forma nervosa, se apresentou: — Yoshino Junpei, 1-C… — e abaixou o olhar, erguendo surpreso quando foi retribuído com um sorriso e outra apresentação.
— Yo! Itadori Yuuji, 2-A! — Sem qualquer hesitação, Yuuji desceu ambas as mãos nos ombros do novato nervoso e saiu o guiando pelos corredores, relaxando pouco a pouco o agora Junpei-kun.
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Yuuji-kun
ParanormalA força de vontade de Itadori Yuuji se estende a sua ignorância ao sobrenatural, tentando livrar a si e seus amigos dos danos que eles tentam infringir. Um problema: eles estavam por toda parte. A solução: Yuuji estava protegido, por algo que ele nã...