capítulo único.

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"Look what happened
I don't feed her fear, I feed her habits"

Suna Rintarou não sabia exatamente o que deixava sua mente tão nublada a ponto de cometer um ato que desaprovaria caso se tratasse de qualquer outra pessoa. Considerava uma série de possibilidades; talvez fosse a forma como ela o olhava com seus grandes olhos, como se precisasse dele. Talvez fosse a forma que ela mexia seus quadris sedutoramente ao som da música, desejando olhares. Talvez fosse o péssimo namorado dela que servia como um desafio para prová-la o quão melhor ele poderia ser. Ou, talvez, fosse simplesmente a adrenalina da situação. A adrenalina de estar na mesma festa que o namorado dela, mas ela chamar por ele.

O conjunto da obra lhe trazia uma situação infortuna. Nunca se imaginou sendo a pessoa com a qual alguém traía, mas havia uma primeira vez para tudo. O pior de tudo? Suna não se arrependia de um momento sequer. Não quando a mulher de cabelos curtos gemia seu nome tão suavemente. Não quando ela dizia que apenas ele era capaz de deixá-la naquele estado com um simples beijo. Mal havia a tocado e ela estava desesperada, movimentando seus quadris e procurando por qualquer fricção que pudesse aliviá-la.

— Deixe-me te levar até minha casa — suplicou Rintarou entre beijos e mordendo o lábio inferior de Suguro Mitsu.

— Mas ele está aqui, Rin — relembrou ela sem fôlego.

— Estava na hora daquele imbecil descobrir minha existência, de qualquer forma — disse ele enquanto dava leves mordidas no pescoço da mulher. Estavam num banheiro de uma tumultuada festa de faculdade e, apesar da relação contrariar alguns de seus ideais, ele certamente não transaria com a mulher num local insalubre.

— Rin... — Mistu mordia o lábio e ele soube imediatamente que ela estava com medo. Era a única razão para subitamente uma aura inocente tomar conta de si quando era ela quem havia o procurado.

— Olhe para mim — ordenou ele, com olhos amarelos austeros. — Diga-me que você não quer isso. Diga-me que você não está molhada ao ponto de desejar ignorar tudo isso.

Um silêncio instaurou-se pelo banheiro do qual ainda podia ser escutada a forte batida da música vinda de fora. Ele sorriu vitorioso e segurou a mão de Suguro, guiando-a para fora e verificando constantemente para ter certeza de que o infeliz não estava por perto, evitando causar qualquer cena desconfortável. Deveria ter pensado duas vezes antes de colocar-se numa situação inevitavelmente trágica e dramática. Para o namorado da mulher, é claro.

"And I ain't keeping scores, I think it's ordinary
But watch, I'm keeping yours, they say, "The more, the merrier""

Ele sabe que ele deveria parar. Ele sabe. Mas, infelizmente, luxúria mostrou-se seu pior pecado. Ele era sujo, lascivo, devasso e fraco o suficiente para não querer acabar com a relação. Deus, ele não costumava ser daquela forma. Costumava ser silencioso, introvertido e observava todos a distância. Para um homem que odiava contar quantas relações sexuais tivera, ao contrário da maioria dos homens que eram incapazes de não comentar sobre qualquer experiência que tivessem, Suna estava contando quantas vezes havia levado Mitsu para a cama, como se estivesse competindo.

Quando ela o encontrou, fora um encontro extremamente desleixado. Mitsu havia esbarrado nele e derramado uma pequena quantidade de álcool na camiseta preta do homem. Ele repetira várias vezes que não dava a mínima e que o tecido ficaria em perfeito estado, mas ela apenas dizia desculpas desesperadamente. Sentou-se num canto ao lado dela e ela chorou ao ponto de deixá-lo constrangido, afinal, como alguém poderia ser sensível a ponto de chorar por ter derramado bebida? Mas logo descobrira que fora o namorado dela o culpado por tantas lágrimas e excesso de álcool. Ele a tratava mal de todas as formas possíveis, a diminuía e relembrava todos os defeitos da mulher.

TOO LATE; Suna RintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora