Amor para além dos muros - Sariette

Retornos e reencontros

POV SARAH

Cheguei em casa moída. Ter passado a noite com Thaís foi incrível, não era exatamente como eu estava acostumada a passar a noite com mulheres, mas tentei não focar nisso e sim no fato de que tinha feito uma nova amiga.

Precisava e queria um banho, meus planos estavam todos em torno disso, banho, baseado e cama. Sentia que assim acordaria no dia seguinte acordaria com a cabeça no lugar.

Infelizmente, nem tive tempo de entrar no chuveiro, dona Abadia invadiu meu quarto fazendo mil e uma indagações: "Por onde você esteve? Com quem? Fazendo o que?". Saco.

Para piorar a situação hoje teria um daqueles jantares beneficentes chatos para caralho no qual os ricos fingem que se importam com alguma porra e doam dinheiro por culpa mesmo sabendo que a doação não fará diferença alguma visto que para que eles continuem ricos é preciso que existam pessoas miseraveis que aceitem suas condições de trabalho. Eu odiava mas não podia simplesmente me negar, essa era uma das poucas coisas que meus pais exigiam de mim, comparecer sóbria a eventos entediantes.

Foco no banho.

A água caiu pelo meu corpo fazendo todo o cansaço se esvair, penteei lentamente meus cabelos, me ensaboei até sentir que não só a sujeira física mas também a emocional foi embora, me enxuguei tão lentamente quanto penteei os cabelos e por fim usei meu melhor perfume e estava pronta para escolher minha roupa quando me deparo com o mais fofo dos vestidos em minha cama.

NEM FODENDO! Ignorei o que meus olhos insistiam em me mostrar e fui direto ao guarda roupas em busca do velho terno azul, não fazia muita questão de renovar meu guarda roupas para esse tipo de evento e acima de tudo, eu ficava extremamente charmosa com a porra do terno azul. Botei um all star azul escuro para completar o look e estava pronta para enfrentar o que há de pior na socialite carioca.

Não demoramos muito para chegar.

Sentamos na mesa reservada para nós e eu logo adquiri whisky com garçom, já que não podia desfrutar de outras substâncias, que o álcool fizesse seu papel.

POV JULIETTE

Estava em mais um dos eventos chatos da mamãe, vestida igual uma princesa e me sentindo literalmente um peixe fora d' água. Para piorar, tinha que cumprimentar cada um dos convidados ao lado de meus pais, bancando a família feliz.

Eu só queria ir para casa.

Queria... no passado mesmo.

Meus olhos perambulavam por cada canto em busca de algo que tornasse aquele jantar idiota em alguma coisa menos entediante e não demorou muito para que eu encontrasse a distração de que precisava. Meus olhos encontraram outros olhos verde esmeralda que eventualmente tomavam conta dos meus pensamentos.

Desde o nosso último encontro pensava se ela um dia me daria uma resposta diferente do que aquele firme não. Eu queria mais dos poemas dela e agora ela estava ali, vestindo um terno azul com toda a classe, e se não fosse por ele, eu diria que ela se adequava perfeitamente àquele ambiente elitista.

Ela ainda não tinha me notado, mas tudo bem, não demoraria muito para eu passar por sua mesa e dar um jeito de garantir o que eu queria: Poemas e mais poemas. Poemas que me fizessem viajar e garantissem que pelo menos por algumas horas do meu dia eu viveria sem essa insuportável agonia.

- Vamos cumprimentar os Andrades agora, não é sempre que temos a oportunidade de recebê-los em nossos eventos. O apoio deles para nossos projetos seria de grande valia. - Ouvi o papai comentar ao fundo.

Ela era de uma família importante?

A cada passo pude sentir a ansiedade aumentar e eu nem sabia exatamente o por que. Pensava comigo mesma que não era para tanto. Caso o não permanecesse eu apenas seguiria como sempre segui, precisava manter o controle diante dela mas enquanto pensava isso sentia o coração querendo pular para fora do peito de um jeito sem explicação, eu realmente precisava que ele se comportasse.