prólogo;

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Primeiro ano do Ensino Médio:

Sunarin estava evidentemente mais agitado, sempre olhando as horas e checando o celular. Os que tinham mais proximidade com o garoto se perguntavam o porquê de toda essa ansiedade do garoto, logo ele que sempre foi inexpressivo.

A verdade era que Sunarin só estava feliz, sua felicidade tinha nome, sobrenome, aparência e endereço. Sua irmã - Rin - estava voltando de um período curto de intercâmbio, ele não falaria, mas os meses sem ela foram tristes.

Rin e Rintarou eram gêmeos, ambos nasceram no dia 25 de janeiro de 1996, compartilharam o mesmo útero ao mesmo tempo. Os pais fizeram um acordo, o primeiro filho a nascer decidiria o nome, eles escolheram Rin caso a garota nascesse primeiro, então o mais novo teria um nome parecido, Rintarou; Caso o menino nascesse primeiro seria Kei, e então a garota seria Keiko. No final quem estava certo era o pai, jurando que ele sabia que a filha seria agitada e apressada pra sair.

- Vou precisar sair mais cedo. - Ele avisou o treinador, que o encarou surpreso por ele perder um treino, mesmo que fossem algumas horas a menos.

- Está tudo bem, Suna? - O responsável pelo time pergunta, vendo a feição do garoto não mudar.

- Tá, só preciso buscar minha irmã no aeroporto, ela é meio lesada e se perde com facilidade. - Não perdeu a oportunidade de zombar da garota, que o bateria se estivesse ali. O treinador somente suspirou aliviado, já estava pensando que teria de acalmar o garoto por algum evento trágico.

- Menos mal, está liberado. - Ele sorriu suave para o garoto, que deu as costas e saiu de quadra, sem nem mesmo despedir-se dos amigos.

[...]

Sunarin não mentiu quando disse que a irmã de perdia com facilidade, era quase que impossível como ela se separava e sumia da vista dos pais.

Falando em pais, o responsável pelos dois estava junto do garoto, quando ficou sabendo da volta de Rin, seu pai quase infartou de surpresa, afinal foi tudo repentino e ele estava se preparando psicologicamente pra conversar com os filhos, só não esperava ser tão rápido.

Ambos os homens tinham um leve receio pela garota, era cômico como dois homens de mais de 1.80 de altura eram reduzidos à míseras formigas quando se tratava de Rin.

Hiroshi Suna era um homem atlético com 1.89 de altura, os músculos aparentes o deixavam um tanto assustador, o exército o deixava mais forte e bruto, quando na verdade sua personalidade era total contrária à sua aparência.

Ambos esperavam pela garota no portão indicado, já sentindo o atraso da garota doer suas pernas. Pouco mais de meia hora depois ela apareceu no lugar indicado, carregando um gato preto ao seu lado.

- Olhem o que eu achei! - Ela mostrou o bichano antes de chegar completamente perto deles, quando o fez abraçou o irmão forte. - Sentiu minha falta, irmãozinho?

- Não, maluca, me solta. - Sunarin respondeu suavemente deixando tapinhas na cabeça dela, suas palavras contradizendo suas ações.

A figura paterna sorria docemente para a cena, ele era totalmente rendido por seus filhos, mesmo que fosse rígido muitas vezes. A garota logo se soltou do irmão e abraçou o pai, sentindo ele repetir o carinho do irmão em sua cabeça.

- E esse gato, ein? - Ele falou encarando a bola de pelos nos braços da filha, que sorriu acariciando o bicho.

- Eu achei ele na rua, quase foi atropelado o coitadinho. - Ela explicou triste. - Posso ficar com ele, não posso, pai?

O rosto dela era de partir corações, um biquinho triste se formando nos lábios e os olhos marejados, ela estava a um fio de chorar pedindo pra ficar com o gato. O homem simplesmente suspirou rendido, concordando com a cabeça e vendo um sorriso iluminar o rosto da filha.

- Obrigada! - Ela sorriu, logo se virou para o gato e o levantou pro alto. - Ouviu isso, Romeu? Vamos pra casa, meu filho, você deve estar faminto.

A garota saiu feliz conversando com o gato, deixando os dois homens pra trás totalmente ignorados.

- Ela nos trocou por um gato? - Hiroshi murmurou vendo a filha conversar alegre com o bichano.

- Ela me trocaria por um pão de mel, já estou acostumado. - Rintarou falou dando de ombros enquanto se posicionava pra arrastar o carrinho com as malas dela. - Você a mima demais.

- Diga isso para seu computador novinho. - O mais velha respondeu risonho, recebendo um revirar de olhos do menino.

Hiroshi gostava de mimar os filhos, ele sempre trabalhou muito e acabou perdendo boa parte da infância dos filhos, o mau relacionamento com a ex-esposa intensificou esse sentimento de desprezo pelo lar que compartilhavam antigamente. Agora, com eles mais velhos, Hiroshi queria pelo menos realizar os desejos dos filhos, mesmo que não mudasse o passado turbulento.

[...]

Mais tarde, naquele mesmo dia, Rin arrumava suas roupas dentro do guarda-roupas, ouvindo e cantarolando Big Poppa enquanto dobrava algumas roupas e organizava papéis.

O quarto dela era grande pra uma adolescente, tinha uma cama de casal com travesseiros e almofadas, um guarda-roupa médio - ela não tinha muitas roupas, mas guardava outras coisas dentro dele - Uma estante de livros que cobria uma parede toda, com alguns enfeites e fotos impressas, uma televisão na parede oposta à cama, e logo abaixo uma mesa de estudos, onde ficava seus materiais escolares e coisas jogadas aleatoriamente.

Sem contar no banheiro que ficava meio escondido, era um quarto que servia pra duas pessoas dividirem, era esse o caso. O quarto agora de Rin era o quarto que ela dividia com o irmão quando mais novos, mas Sunarin se mudou pro sótão.

Assustando a garota, Sunarin abriu a porta subitamente e a encarou profundamente, antes de se jogar na cama macia dela. Ele tinha um chuupet de melancia nos lábios e encarava a irmã.

- O que é? - Ela falou parando pra encarar ele, irritada por ter levado um susto e atrapalharem sua paz.

- Você está diferente, o que aconteceu? - Ele falou sem tirar os olhos dela, que arqueou uma sobrancelha o encarando.

- Não aconteceu nada, está maluco? - Ela riu voltando a dobrar e guardar as roupas. - Como são as coisas na escola?

- Normais.

- Está no time de vôlei?

- Sim.

- São bons pelo menos?

- Somos.

- Bom. - Ela falou, a conversa era curta e não tinha contato visual, coisa comum para eles. Rin sorriu aliviada ao saber que o irmão não tinha desistido da paixão pelo vôlei.

- Você vai entrar no clube de luta? Dá pra contar nos dedos quantas pessoas tem - Ele pergunta, sabendo como a irmã gosta de lutar .

- Nah. - Ela falou desinteressada, surpreendendo o irmão. - Cansei de lutar.

- Como assim? Rin você ama....sei láo que luta- Ele falou, tirando os olhos da tela do celular e encarando a irmã, que tirou os olhos das roupas e encarou o irmão.

- Meu amor acabou. - Ela disse, firmando o olhar no gêmeo. - Amor acaba, né?

- Não um amor de mais de 10 anos, Rin! - Rintarou elevou a voz chamando atenção dela, que negou voltando a dobrar as roupas suavemente.

- Amores longos não significam nada, eu só perdi a vontade, ainda amo o esporte, dá pra entender, né?

Rintarou respirou fundo, tirando a atenção dela e se levantando pra ir embora. Ele somente falou algo prestes a sair do quarto.

- Sinceramente...não, não dá pra entender.

NATIONAL ANTHEM ∫ miya osamuOnde histórias criam vida. Descubra agora