Estava em meu quarto quando lembrei do caderno de Zack em minha mochila, peguei a mochila e retirei o caderno de dentro, caminhei até minha escrivaninha e liguei a luminária. Abri o caderno e inicialmente havia apenas notas musicais, folhei mais um pouco e encontrei uma música não havia nome " rascunho " estava escrito, li a letra da música e era linda porém não estava completa, antes que eu pudesse explorar mais ouvi minha mãe me chamar no andar de baixo.
— Filha, jantar está pronto!
— Estou indo mãe! — fechei o caderno e desci as escadas e fui para a sala de jantar.
— Ayla, como foi seu dia no colégio? — disse meu pai assim que entrei.
— Um saco, eu detesto aquele colégio. — sentei e recebi meu prato servido pela minha mãe.
— Ainda não fez nenhuma amiga lá? — havia um pouco de pena na voz da minha mãe.
— Não, e estou bem assim.
— Já decidiu o que vai cursar depois da formatura?
— Vamos ter essa conversa novamente? Eu não posso jantar em paz? — disse levando um pedaço de almôndega a boca, tentando manter a boca cheia antes de dizer besteiras.
— Sim, vamos ter essa conversa novamente, todos os dias, até você me dá uma resposta positiva! — bateu na mesa. — Você tem até as férias de verão para decidir isso.
— Querido, vamos jantar por favor.
A campanhia tocou antes que eu pudesse dizer algo. Fui salva.
— Eu atendo. — me levantei saindo do cômodo.
Fui até a porta e a abri sem esperar encontrar quem eu encontrei do outro lado, Zack. Senti um arrepio que percorreu todo meu corpo, dessa vez de choque, como ele veio parar aqui e porquê?
Estava estido com uma calça preta e uma camisa branca combinando com seus air force brancos, havia um brinco em sua orelha direita e alguns piercings que o deixava ainda mais atraente, seu cabelo estava ainda mais bonitos e por conta da noite estavam pretos.
— O que faz aqui? — finalmente perguntei.
— Ahm... boa noite. Eu sei que pode parecer muito louco, mas é que eu perdi meu caderno e ele é muito importante pra mim, eu procurei por todos os lugares onde estive, mas tenho certeza que deixei na sala de música, você ficou lá então eu imaginei...
— Ah claro... é... sim eu estou com ele. Eu ia te devolver assim que eu te visse.
— Que alívio que está mesmo com você. — suspirou realmente aliviado.
— Só uma pergunta... como achou minha casa?
— Longa história. Mas se você puder pegar... — era engraçado a forma como ele não completava as frases.
— Ah claro, vou pegar. Espera aí.
Subi as escadas correndo e peguei o caderno, respirei fundo e desci as escadas com menos pressa, mas ao chegar na sala me deparo com meu pai na porta falando com o Zack, me aproximei desejando que ele não lhe falara qualquer coisa que me causasse vergonha.
— Pai, o que faz aqui?
— Vim ver por que você demorou, o jantar está esfriando. — regra da casa, ninguém come se não estiver todos a mesa.
— Tudo bem, já estou indo. — percebi que ele não iria sair mesmo dali. — o Zack só veio pegar um caderno.
— Obrigado, boa noite. — acenei com a cabeça e um meio sorriso.
Meu pai fechou a porta e eu segui para a sala de jantar antes que o interrogatório começasse, me sentei a mesa e logo depois ele se juntou a nós.
— Quem é ele?
— Zack.
— Isso eu ouvi antes, não é isso o que quero saber. — disse no limite da paciência e eu não irei testar até onde vai.
— Um colega do colégio, ele perdeu o caderno e eu achei. — disse enquanto mexia na comida sem comer.
— Pensei que não tivesse amigos. — disse minha mãe.
— Ele não é meu amigo, eu o conheci hoje. É apenas um colega.
— Espero que seja somente isso. — disse e voltou a comer.
— Perdi a fome. — larguei os talheres e levantei da mesa.
— Senta. — disse ainda focado em seu prato. — Sua mãe dedicou tempo a essa comida, acho melhor você esvaziar esse prato.
Sentei e comi com raiva, batendo as talheres no prato.
Saí de casa antes que meu pai me forçasse a tomar café da manhã junto com eles. A primeira aula foi de biologia e assim por diante seguiram todas as aulas, a mesma rotina, as mesmas piadas. Aguente mais um pouco Ayla, só mais um pouco... é a última aula antes do intervalo.
Enquanto respondia as questões da atividade de história, Erick veio até minha mesa, eu ignorei sua presença enquanto ele estava em silêncio. Ele pegou meu estojo de canetas e as despejou no chão, eu respirei fundo pedindo a qualquer força do universo que me desse paciência para lidar com aquilo.
— Pegue todas as canetas que você derrubou no chão. — disse tentando conter a fúria dentro de mim.
— Se não o que cabeça de vento? — todo seu grupinho riu.
Ele pisou em uma das canetas a quebrando e voltou ao seu lugar, o professor estava tão concentrado ajudando um aluno próximo a sua mesa que não viu nada. Respirei uma, duas, três... Estava tentando a todo custo manter a calma, minhas pernas estavam subindo e descendo nervosas, como uma forma de aliviar o estresse, eu juro que tentei.
— Eu te avisei.
Levantei e peguei uma de suas canetas na mesa e a enfiei em sua mão, não sei se foi apenas superficial. Sua mão começou a sangrar e seus gritos estridentes passaram a ser ouvidos, o professor se aproximou correndo e tudo ao meu redor ficou abafado, o que eu acabei de fazer?
Alguns alunos ajudaram Zack o levando a enfermaria e eu estava estática, parada a quase um minuto sem reação, senti meu corpo ser balançado então voltei para o mundo real.
— Ayla! O que você fez? para a direção agora!
Sai dali sem olhar ao redor, estava atônita com o que havia feito, estava desligada do mundo real e perdida em meus pensamentos caminhei pelos corredores indo em direção a sala da diretora me esbarrando em alguns armários, dessa vez eu esbarrei em algo ou melhor... alguém.
— Ayla, Ayla!
— Zack... — Comecei a chorar e a soluçar compulsivamente.
— O que houve? Alguém te machucou? — eu não respondia, apenas chorava. — me diz quem foi o babaca!
— Não... eu...
Eu estava ficando gelada, minhas pernas estavam perdendo as forças, meus olhos estavam ficando turvos, eu estava ficando sem ar e respirava como uma asmática tendo uma crise, ouvi Zack me chamando algumas vezes e depois tudo apagou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor e Melodia
RomanceAyla Cooper é uma aluna exemplar, porém seus pais são muito rígidos quanto a sua vida acadêmica, isso tem sido motivo de muito estresse e incerteza para ela que está no último ano do ensino médio e ainda não sabe o que irá cursar após a formatura. Z...