A Babá

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Londres, 09:00hrs

- Com licença, com licença! - Exclamou uma jovem ao entrar sem jeito de repente em uma sala, nela haviam várias outras mulheres. Inclusive uma delas estava encostada na mesa de braços cruzados a olhando extremamente séria. - Hãm... Me desculpe...

- Vamos continuar! - Anunciou a moça que a fitava séria após desencostar da mesa e dar a volta na mesma. Sequer deu chance da outra explicar seu atraso. Essa por sua vez ficou ainda mais sem jeito. - Srta Brunett, vou estar na minha sala logo ao lado, por favor vai me mandando as candidatas conforme for vendo elas saírem da sala. - Disse baixinho apenas para sua secretária ouvir, que assentiu em concordância, então ela retirou-se.

Susanne Bellini era dona de uma editora famosa, construiu seu império quando ainda era jovem. Hoje com seus 32 anos ela é bem resolvida, já foi casada com um grande empresário, porém era tudo marketing. Após 10 anos de casamento, descobriu uma traição e resolveu por fim no relacionamento. Ela já queria se separar antes, pois não havia amor, era apenas amizade, nada mais que isso. Porém no início do casamento, as coisas eram melhores, e juntos tiveram 1 filho. Susanne passa maior parte do tempo em seu trabalho, mal tem tempo para ele, porém quando tem um tempinho não deixa de dar total atenção. Inclusive havia separado um dia na semana pelo menos para ficar com ele o dia inteiro. Mesmo sendo um tanto ausente, nunca deixou de cumprir com seu papel de mãe, ela era excelente com isso. Com tudo agora estando sozinha, uma mulher separada, resolveu contratar alguém para ajudá-la, mas não tem tido sorte, já que as últimas babás com quem fez teste, não foram tão pacientes e logo desistiram do cargo. Já que o garoto valia por 10, as vezes dava um grande trabalho. Coisas de criança. Hoje já tendo feito teste com nove babás que desistiram em menos de um mês, já era a décima vez que fazia uma entrevista para tentar achar a Babá ideal para cuidar do seu filho.

- Eu sou bem ativa, gosto de brincar com crianças e me dou super bem com elas, estou ansiosa para conhecer o seu filho. Eu já vi ele na revista, mas... - A moça não parava de falar um segundo, sequer deu chance de Susanne fazer mais algumas perguntas e isso a irritava. Para piorar mais ainda a situação o seu celular não parava de dar alertas de mensagens, devia estar trabalhando, mas estava fazendo um processo seletivo com essas mulheres.

- Ok, minha secretária entrará em contato caso você seja selecionada. - Interrompeu Susanne impaciente.

- Mas eu nem terminei. - Disse a outra.

- Já foi suficiente querida. - Respondeu a ignorando completamente em seguida enquanto folheava alguns papéis.

A moça levantou-se e se retirou da sala com um pouco de receio, mas no fundo acreditava que esse era seu jeito. Havia estudado um pouco sobre Susanne antes de ir a entrevista, e sabia o quão rígida, séria e seca ela era na maioria das vezes. Essa já havia entrevistado umas vinte mulheres, e não via a hora de acabar logo, pois isso estava atrasando seu trabalho. Nenhuma havia sido capaz de convencê-la de que estava apta a cuidar de seu filho. Esse papo furado de que ama crianças e é bem ativa, entre outras qualidades, era o que ela sempre ouvia e no fim, a pessoa não tinha nada do que descrevia. Além da falta de paciência.

Algumas horas depois...

Susanne já havia entrevistado mais de doze mulheres. Ela estava folheando alguns papéis e olhando algumas mensagens quando outra pessoa entrou em sua sala. Essa pediu licença e caminhou até a cadeira a sua frente e sentou-se. Susanne sequer a olhou a princípio, estava concentrada naqueles papéis. Mas algo lhe chamou atenção ao se passarem cinco minutos, a moça não havia dito uma só palavra, não estava eufórica como as outras, não falava como uma metralhadora. Susanne ergueu a cabeça e a olhou de baixo a cima, com seus olhos semicerrados. A outra estava a encarando com suas pernas cruzadas. Estava bem vestida com uma calça social preta, sapato preto, uma camisa social preta e um terno também preto. Seus cabelos estavam soltos, eram um castanho bem claro, liso na raiz e ondulado nas pontas e iam até os ombros, seu rosto era um pouco quadrado, tinha uma feição um pouco masculina, porém linda. E seus olhos eram verdes. Susanne relaxou no encosto da cadeira pela primeira vez naquele dia, e dando um suspiro longo a olhou nos olhos. Algo naquela mulher havia lhe chamado a atenção.

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