Amor Proibido

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Mais um dia finalizado, depois de aturar gente chata no colégio, minha amiga falando por horas no meu ouvido, e minha mãe questionando do porquê eu vivo trancada no meu quarto. Não sou muito fã de ficar no meio de muita gente, evito ao máximo aquelas reuniões chatas de família, faço qualquer coisa só para ficar em meu quarto, no meu mundo, sem ninguém para me incomodar.

Estava sentada na cadeira em frente a escrivaninha que fica próximo da janela estudando, quando a vi novamente, já virou rotina vê-la no mesmo horário. Ela sempre chega, joga sua bolsa em uma poltrona ali por perto, tira um pouco da roupa, respira fundo e segue para o banheiro. Depois volta já tomada banho, fecha a cortina para se trocar, então quando a abre, lá está ele como se estivesse reclamando algo com ela, todas as noites. E após conversarem por longos minutos, ela senta na beirada da cama, passa as mãos por entre os cabelos, e dá um suspiro longo de cansaço. Parece não aguentar mais. Estou falando da minha vizinha, a janela do quarto dela é de frente para a minha, é inevitável não ver tudo o que acontece ali. É como cenas de novela, só que no mudo. Porém dependendo da situação, eu prefiro fechar a cortina e não ver.

Já fazia um tempo que eu havia deixado florescer em mim algum sentimento não identificado por aquela mulher, às vezes quando a vejo tão triste, sinto vontade de ir até lá, perguntar se está tudo bem, se ela quer conversar, dizer que se precisar eu estarei aqui. Por que eu duvido que ele sequer pergunte como foi seu dia. E talvez sequer diga o quanto ela é linda. Meus pais conhecem eles, houve poucas as vezes que os vi conversando, da para contar nos dedos, também foram raras as vezes que aceitaram um convite para virem em casa e realmente vieram. Eu fico observando a forma com que ela finge estar bem com tudo, a forma com que os dois forçam ser uma casal feliz na frente das pessoas, qualquer um conseguiria ver dentro daqueles olhos azuis que ela não é feliz, não mesmo.

Eu já disse que ela é linda né? Alysson tem um corpo de deixar qualquer um de queixo caído, sinceramente ela nem parece passar dos vinte e poucos anos, mas já está na casa dos trinta. Seus cabelos são castanho claro, começam lisos na raiz e finalizam com ondulações nas pontas, seus olhos são azuis, e seu rosto parece o de uma boneca de porcelana. Sinceramente acho que ela deveria trabalhar modelando, mas ela passa horas em frente a um computador, ouvindo seu chefe reclamar. Ela é contadora, tem uma mente incrível, mas como ninguém é perfeito, seu maior defeito é ter um marido babaca e não livrar-se dele.

- Filha você não vai descer pra jan... Que cabelo é esse? - Pude ouvir minha mãe dizer ao entrar em meu quarto. - Está parecendo Edward mãos de tesoura. - Acrescentou num tom divertido.

- Acabei de acordar de um cochilo mãe. - Menti dando um leve riso. Na verdade estava era mesmo quase me descabelando por dificuldades em uma matéria, a pior de todas, pelo menos era o que eu achava. Matemática pra mim era o fim do mundo, e há quem diga que matemática está em tudo, preciso que me digam onde e como usá-la, por que sinceramente, ela deve estar fugindo de mim. Essas complicações não entram na minha cabeça.

- Desce logo se não a comida vai esfriar. - Sugeriu sorrindo e retirando-se em seguida.

Quando voltei a olhar para o quarto da Alysson, ela já não estava mais lá, então segui os olhos para o andar de baixo, me aproximando mais da janela. E pude ver a luz da sala acesa, provavelmente esta lá. Respirei fundo, passei as mãos nos cabelos na tentativa de não deixá-lo tão bagunçado, vesti uma camiseta e desci para a sala de jantar. Enquanto descia as escadas pude ouvir algumas vozes, algumas soavam diferentes. Fui caminhando até o cômodo após terminar as escadas e quando parei em frente ao batente da porta, todos os olhos se direcionaram para mim. Com certeza a expressão na minha cara era a de "Que merda é essa?" por que minha mãe sentiu necessidade de me explicar o porquê Alysson estava ali com o marido dela.

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