five.

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dália.

["a dália transmite o vínculo duradouro e o compromisso entre duas pessoas".]

fazendo o percurso de volta para a lojinha, me sinto orgulhoso por estar trazendo isto em mãos.

eu fui até a cafeteria mais próxima - onde vendem as melhores bebidas, vale ressaltar - e pedi um latte para o h.

uma vez o ouvi pedindo ao telefone para entregarem na sua floricultura, já que ele não podia sair por causa do horário de expediente. então imaginei que fosse seu tipo de café favorito, já que ouvi os detalhes de "muita espuma, por favor!!" seguidas de uma voz calorosa e energética, como sempre.

com muito esforço - já que minha voz eh mais como um sussurro - pedi para a atendente desenhar uma flor junto a um coração com o leite.

[...]

consigo avistar as portas de entrada, um dos seus dois lados não mais fechados dessa vez, o que me faz soltar um suspiro de alívio misturado com receio. respiro fundo e decido seguir em frente, tentando controlar essa tremedeira leve nas mãos e o rubor dando sinais em meu rosto.

assim que me aproximo, percebo que ele ainda não está visível lá dentro através de uma olhadinha pela janela gigante. o que me faz pensar que provavelmente está no estoque arrumando algo, isso era comum. acredito que era de lá que suas obras primas saíam, de onde ele cuidava de todas as flores antes de trazê-las para cá.

decido, enfim, adentrar a porta.

acho que essa eh a primeira vez que entrei nesse lugar, nunca tinha tido coragem antes.

provavelmente porque a minha vergonha junto com o medo de trocar as palavras quando for me comunicar pela primeira vez, eh maior.

ando até o final, quando fico lado a lado com o balcão de madeira claro onde ele passa a maior parte de todos os dias. lá se encontram alguns papéis, fitas, e pequenos pedaços de flores diversas espalhados, em uma bagunça não muito grande.

coloco o latte em cima do balcão, com um sorriso no rosto. - espero que ele goste - falo num tom alto o suficiente só para que eu seja capaz de ouvir.

olhando para o lado esquerdo, vejo uma canetinha preta. uma luzinha se acendeu em minha cabeça, e eu penso: por que não?

deixo uma carinha feliz no meio do latte.

será que ele vai perceber?

acho que já passei tempo demais lá dentro, devolvo a canetinha e saio em passadas silenciosas, chegando ao meu local marcado de sempre, me sentando de pernas cruzadas dessa vez.

acho que por alguns segundos, consegui vê-lo pelo canto do olho, segurando sua bebida favorita em uma expressão surpresa enquanto olha atentamente alguma coisa em sua embalagem. um sorriso enorme se abre.

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