Extra.
A iluminação da boate piscava incessantemente, mudando de cor a cada segundo, enquanto as batidas ensurdecedoras da música ecoavam pelas paredes, fazendo o chão tremer sob os pés de Kazutora. O ambiente parecia estar em constante movimento, mas, para ele, tudo estava opressivo, como se cada luz e som o sufocassem. Mesmo com todo o álcool que já havia consumido, suficiente para embebedar metade da Toman, e com as drogas que circulavam em seu organismo, Kazutora não se sentia à vontade. A noite que deveria ser de diversão estava se transformando em uma experiência atordoante.
Rodeado por amigos em sua boate clandestina favorita, o garoto, que geralmente era a alma da festa, estava diferente. Seu semblante fechado e tenso não passava despercebido para aqueles que o conheciam bem. Algo estava profundamente errado, e a causa do desconforto estava logo ali, na pista de dança.
Seus olhos não conseguiam se desviar de você.
Lá estava você, completamente deslumbrante, dançando como se o mundo ao seu redor não existisse. Seus movimentos fluidos, acompanhando o ritmo da música, deixavam todos ao seu redor hipnotizados, mas para Kazutora, era uma visão tão tentadora quanto dolorosa. Seu vestido preto, que moldava perfeitamente suas curvas, combinado com as botas de couro na altura dos joelhos que te davam um ar de poder e elegância, fazia de você o centro das atenções. Os cabelos ondulados escuros caíam sobre seus ombros expostos, e seus olhos castanhos, embora angelicais, pareciam transbordar pecado.
Você era a verdadeira definição de perdição, e Kazutora sabia disso melhor do que qualquer um.
Mas, ao mesmo tempo, aquele era seu maior tormento. Observá-la se mover com tanta liberdade, sabendo que outros homens estavam com os olhos cravados em você, o deixava em um estado de ciúmes fervente. Ele fingia indiferença, mas por dentro, estava à beira de explodir. Sua mente era uma mistura de raiva e desejo, e ele mal conseguia processar as emoções que borbulhavam em seu peito.
— Cara, você deveria pelo menos tentar disfarçar. — A voz de Mikey soou próxima, forçando Kazutora a se afastar dos próprios pensamentos. Manjiro inclinou-se em sua direção para se fazer ouvir em meio ao som ensurdecedor da boate.
— Ele não consegue. — Sanzu comentou, surgindo logo atrás, com um sorriso debochado. — Está louquinho para quebrar a cara de alguém. — Seus olhos brincalhões procuravam os de Kazutora, que desviou o olhar rapidamente, tentando conter a irritação crescente.
— Vão se foder. — Kazutora respondeu, fingindo indiferença, mas seu corpo traía a tensão que ele tentava esconder. Seu dedo batucava nervosamente no balcão do bar, e ele desviava o olhar de você, como se isso fosse ajudá-lo a conter o ciúme que queimava em seu estômago.
Era difícil ignorar a cena que se desenrolava na pista de dança. Kokonoi e Inui estavam com você, as mãos deles explorando seu corpo de forma sugestiva, enquanto você os beijava sem reservas. Em qualquer outra circunstância, Kazutora, sendo abertamente bissexual, ficaria excitado com uma visão dessas. Mas, dessa vez, tudo o que ele sentia era um ciúmes possessivo e irracional, algo que fazia sua mente girar em espirais de luxúria e raiva.
— Você é um idiota. — Sanzu continuou, dando um gole na bebida e sentindo a ardência do álcool descer por sua garganta. — É apaixonado por ela desde que éramos pirralhos, e até hoje não teve coragem de fazer nada a respeito.
— Cala a boca. — Kazutora respondeu de forma ríspida, tentando encerrar o assunto. Seu coração acelerava, e ele sentia o estômago revirar com a ideia de perder você para outra pessoa.
— Ah, qual é! — Mikey se aproximou mais, pedindo três shots ao bartender com um gesto casual. — Ei, me vê três do mais forte que você tiver. — Ordenou, antes de virar-se novamente para Kazutora. — Meu amigo aqui precisa de um pouco de coragem líquida.
Logo, o bartender trouxe três copos de absinto diluídos com água gelada e açúcar, colocando-os sobre o balcão com um sorriso respeitoso. O aroma forte da bebida já era suficiente para fazer qualquer um hesitar, mas Manjiro sorriu.
— Fada verde? — Sanzu gargalhou, encarando os copos. — Tá tentando ajudar o cara ou mandar ele pro caixão?
— Se for pra ele tomar uma atitude, talvez os dois. — Mikey riu, empurrando um dos copos na direção de Kazutora. — Anda, cara. É agora ou nunca.
— Não estou apaixonado por ela. — Kazutora insistiu, tentando manter a fachada de indiferença.
— Ah, é? — Sanzu arqueou as sobrancelhas, aproximando-se perigosamente. — Então, não se importaria se ela terminasse a noite com Koko e Inupi, né? — Ele sussurrou, como se o veneno da provocação estivesse destilando de seus lábios. — Porra, eu pagaria pra assistir um ménage desses.
O rosto de Kazutora ficou pálido por um segundo. A ideia de ver você nos braços de outra pessoa — especialmente de dois de seus melhores amigos — era demais para suportar. Sentiu o enjoo subir, mas tentou manter a postura.
— Ela pode foder com quem ela quiser.. — A voz dele falhou, expondo o medo que ele tentava esconder.
— Sei... — Sanzu riu baixinho, sabendo que tinha atingido um ponto sensível. — E se ela se apaixonar por outro? Tudo bem pra você, já que não sente nada, certo?
Mikey entrou na provocação, abrindo um sorriso malicioso.
— É verdade. Seria até bom ela te superar, já que seus sentimentos por ela não são recíprocos.
De repente, Kazutora travou.
A ideia de você nos braços de outro era aterrorizante, mas o pensamento de que você pudesse realmente se apaixonar por alguém que não fosse ele era insuportável. O ciúmes explodiu em seu peito, misturado com um medo irracional de perdê-la para sempre.
— Ela... ela não pode... — Ele começou, sua voz falhando.
— Por que não? — Mikey perguntou com uma risada. — Ela é solteira, não é?
Kazutora respirou fundo, fechando os olhos por um instante, tentando afastar as imagens que sua mente projetava — você com outra pessoa, feliz, longe dele. Seu estômago revirava, e seu peito apertava.
— Por que ela pode acabar magoada. — Ele respondeu finalmente, tentando manter a compostura. — E eu... quero que ela fique com alguém que a trate bem, é só isso.
— Cara, olha só como ele tá vermelho. — Sanzu gargalhou. — Own, que gracinha!
— Ele é maluco por ela. — Mikey completou, rindo com o amigo.
— Vão se foder! — Kazutora estalou, batendo a mão no balcão, suas bochechas coradas. — Sei lá cara... o que eu posso fazer? Vocês sabem que o Baji nunca me perdoaria.
O nome de Baji trouxe um silêncio momentâneo. Todos sabiam da relação profunda entre os dois e o peso que isso carregava.
— O Baji não é cego. — Mikey deu um longo suspiro.
— E, cara, ele vai acabar aceitando, porque ele se importa com vocês dois. Ele quer que vocês sejam felizes. — Sanzu completa.
Kazutora ficou em silêncio, processando as palavras de Mikey. Ele sabia que eles estavam certos. Sabia que o que sentia por você não ia desaparecer.
— Quer saber? — De repente, Kazutora se levantou da banqueta, com uma determinação que ele não sentia há muito tempo. — Vocês estão certos.
Ele pegou o shot de absinto, levantando o copo no ar.
— 1, 2, 3... — Contou, e os três brindaram antes de virarem os shots de uma só vez. O líquido queimava sua garganta, mas algo dentro de Kazutora finalmente parecia mais leve.
Kazutora acendeu o baseado que havia acabado de bolar, dando uma longa tragada antes de responder.
— Foi mal, Baji. — Ele murmurou, mais pra si mesmos do que para os amigos, soltando a fumaça lentamente. — Mas, eu preciso fazer isso.
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𝐓𝐇𝐄 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐃 𝐑𝐔𝐋𝐄, 𝘩𝘢𝘯𝘦𝘮𝘪𝘺𝘢 𝘬𝘢𝘻𝘶𝘵𝘰𝘳𝘢
Fanfiction───── ❀ ❝𝘛𝘰 𝘴𝘢𝘺 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘸𝘦'𝘳𝘦 𝘪𝘯 𝘭𝘰𝘷𝘦 𝘪𝘴 𝘥𝘢𝘯𝘨𝘦𝘳𝘰𝘶𝘴, 𝘣𝘶𝘵 𝘨𝘪𝘳𝘭 𝘐'𝘮 𝘴𝘰 𝘨𝘭𝘢𝘥 𝘸𝘦'𝘳𝘦 𝘢𝘤𝘲𝘶𝘢𝘪𝘯𝘵𝘦𝘥. ❞ ➥ 𝚂𝙸𝙽𝙾𝙿𝚂𝙴 Seu irmão mais velho Keisuke Baji sempre foi do tipo superprotetor, e só permitia...