CONTO DE TRÊS PALAVRAS | byler

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Eu te amo.

Céus. Me perdoe começar assim, na verdade, era só o que eu ia escrever. Mas creio que em vista a tudo que passamos juntos, era muito mínimo que você recebesse três palavras num documento tamanho A4.

Will, eu não pretendo lhe enviar isso. Mas gostaria de expressar e destrinchar a primeira frase deste pequeno desabafo — eu te amo, no caso.

Foi a última frase que você me disse antes que eu viesse embora com Jane para Nova York. Desde então, dizer ela a qualquer outra pessoa se tornou tolice. Assim como tomar cappuccino com canela, ou cheira as páginas dos livros novos. Ou ouvir qualquer música do Cigarrets After Sex sem você. É tolice.

E seria ainda mais tolo se eu continuasse negando a mim mesmo o quanto sinto sua falta. E me privando de expor mesmo que seja para mim mesmo, que o que eu sinto vai muito além de três palavras e eu não estou dizendo que elas não são significativas. Eu estou dizendo que, a sensação tranquila que eu tinha quando estava com você, a paz de só rir de filmes aleatórios, e até das nossas brigas bobas que sempre acabavam com um "Para, Michael, estou tentando ficar bravo com você!".

Will, eu estava tentando ficar bravo com você também. Não porque você fez algo de errado. Mas por me fazer pensar em você e cada momento do meu dia, por me fazer sentir como se vivesse uma mentira e que estar vivo significa estar próximo de você, mesmo que não seja romanticamente; só estar perto. Só te ouvir rir. Te ver revirar os olhos. Te assistir desenhar por horas seguidas. E não posso negar, te ouvir dizer de novo e de novo: e.u.t.e.a.m.o. Do jeito sussurrado e manso, incerto por saber que havia uma aliança com o nome de Jane em meu dedo.

Eu nunca mais consegui dizer que a amo Will. Muita gente diz essas três palavras. Casais apaixonados de todas as idades não temem em murmurar esta declaração aos quatro ventos. Mas pra mim, ela é nossa.

Dentro de toda a singularidade que esta frase carrega. E toda a bolha que eu criei em volta dessas três palavras, eu te amo Will Byers.

Nunca haverá outro se não for você.

A verdade é que Mike apagou tudo aquilo. Secou as lágrimas do rosto e fechou o computador ao ouvir a voz sonolenta da mulher o chamar. Esboçou um sorriso e seguiu para se deitar ao lado dela.

— Eu te amo, Mike. — ela sussurrou, baixinho, já com os olhos fechados novamente.

O olhar do Wheeler estava longe, e pensando nos olhos verdes, disse a si mesmo: "Eu te amo".