Depois que você não voltou | kth + knj

II

Esse capítulo contém menção a transtorno alimentar causado por luto, cuidado durante a leitura.
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No nosso 8° ano você ficou em uma sala diferente da minha, no início eu quis mudar para a sua, mas nossas mães me convenceram ao dizer que seria saudável que a gente começasse a criar alguns ciclos sociais diferentes.

Bom, nós criamos só que ficamos tão animados com a ideia de apresentar uns aos outros que acabamos virando um grupo de 13 amigos divididos entre duas salas.

Mesmo aqueles que não eram melhores amigos se tornaram inseparáveis, meu caso com o Jimin.

— Tae, você está bem? Faz um tempo que você 'tá no banheiro. Quer que eu te ajude com algo?

A voz mansa dele me despertou para a realidade. Faz realmente muito tempo que eu estou no banheiro? Provavelmente. Depois que eu me sentei na tampa do vaso sanitário ficou um pouco difícil de levantar, me sinto cansado.

Faria mal alguma ajuda? Não sei se quero pensar sobre agora.

— Ahn, eu acho que preciso. Pode entrar… por favor.

Ele entrou com cuidado, provavelmente não queria ferir minha privacidade, porém eu não sei se consigo me importar com esse tipo de coisa no momento.

Park pegou uma toalha no armário do banheiro e se ajoelhou na minha frente, quieto — como sempre era — ele passou a secar meu cabelo.

— Você comeu?

— Comi.

— Mas comeu bem?

Não consegui responder, por algum motivo a resposta se prendeu de forma pesada embaixo da minha língua e eu não consegui mais sumir com a mesma ou dá-la à ele. Engolir se tornou um ato muito complexo e acho que ele viu no meu rosto o que eu era incapaz de dizer.

— Você quer tentar comer alguma coisinha leve? Eu posso fazer algo gostoso pra você.

— Eu não sei.

— Tudo bem. Eu vou fazer alguma coisinha e aí a gente tenta, se você não conseguir nós esperamos até ummomento certo, pode ser?

Enquanto ele falava terminou de arrumar meu cabelo, os dedos dele passeando pelo meu couro cabeludo me fizeram fechar os olhos em deleite e por alguns segundos eu quis chorar. 

Diante de tamanha atenção e cuidado, me senti inclinado a aceitar a proposta. De qualquer modo tentar não faria mal, eu apenas não conseguiria comer.

— Sim, pode.

Ele balançou a cabeça em concordância e se levantou. Esticou as duas mãos para mim e eu as segurei para tentar levantar.

Com a ajuda do apoio consegui ficar em pé e agora diante da minha imagem no espelho agradeci pela toalha em volta da minha cintura e a oferta de alimento, eu não pareço bem.

Quando voltamos ao quarto me envergonhei ao tomar consciência da enorme bagunça, sempre fizemos nosso melhor para apresentar organização as visitas. Jimin não pareceu se importar, fiquei aliviado porém não menos envergonhado.

— Quer ajuda pra se vestir? — Me virei para ele assim que ouvi o questionamento e lhe dei um sorriso leve, o rosto de Park Jimin é com certeza tão bonito quanto o altruísmo dele.

— Consigo fazer isso sozinho.

— Okay, vou estar na cozinha.

E assim ele saiu. Não consegui evitar lembrar de quando nos apresentou.

[...]

12/09/2008

É o dia do seu aniversário e mesmo que eu esteja me arrumando para ir com você ao cinema, nosso hábito de todo dia 12 de setembro, eu não conseguia deixar de me sentir ao ponto de queimar de dentro para fora.

A sensação iniciou quando você me contou que não seria só nós dois como sempre e seguiu o assunto com uma descrição sobre um amigo, ou melhor, seu novo melhor amigo. Um garoto que segundo você é baixo, lindo de morrer, inteligente, tem um ótimo gosto musical  e que se parece com um anjo, apesar de sempre discordar afirmando ser uma fada.

Um garoto perfeito e que eu mal sabia que existia. Eu conheço todos os seus amigos, por que justo esse, que parece tão incrível para estar na mesma posição que eu, você demorou tantos meses para me contar?

Eu não sabia se estava sendo besta ou não com tudo isso, sempre fui muito ciumento e por isso tinha noção de que podia ser paranóico, contudo a situação toda me parecia muito longe de só uma saída entre amigos. Todo o conjunto da obra me fazia querer chorar e sentir como se respirar não fosse uma tarefa fácil.

As coisas ficaram ainda mais caóticas quando cheguei no local e pude ver com meus próprios olhos quem era Park Jimin. Eu não sabia dizer se meu ar estava faltando por ansiedade ou se ele só era encantador.

Quando já estava bem perto de vocês, ele deu alguns passos até mim enquanto você tinha uma expressão neutra em seu rosto, mesmo que estivesse me encarando com muita atenção.

— Oi! Você é o Taehyung, certo? Eu sou o Jimin. Namu fala tanto sobre você, é um prazer enorme te conhecer! — Sua expressão era de pura felicidade e seu tom animado era contagiante.

As informações que Park havia dito eram simples, porém foram jogadas de uma vez e agora eu precisava de alguns segundos para absorver tudo. Ao processar o que ouvi, senti meu coração voltar a bater um pouco mais lento com a afirmação de que você falava muito sobre mim.

— Ahn… É um prazer em te conhecer também, Jimin! — disse após alguns segundos em silêncio, não sabia muito bem o que responder então fiz o que melhor para ser simpático e sorri para ele.

O rosto de Jimin que já estava corado ficou um pouco mais vermelho à medida que ele parecia se dar conta de algo.

— Falei demais, não foi?

— Ah não, tudo bem!

— Desculpa, acho que fiquei ansioso demais.

— 'Tá realmente tudo bem. Eu entendo o sentimento.

Ele sorriu para mim e durante essa conversa gentil, e um tanto embaraçosa, você se aproximou.

— Fico feliz que estejam se dando bem.

Mesmo com a chateação que estava sentido por conta do ciúmes, não consegui evitar te agarrar em um abraço apertado.

— Feliz aniversário!

— Muito obrigado, lindo — disse baixo em meu ouvido enquanto me apertava de volta.

[...]

14/12/2021

Algumas horas depois de meu primeiro encontro com Jimin, nós estávamos comendo quando ele pediu licença para ir ao banheiro e você se aproveitou da saída do mesmo para falar comigo.

Você sabia que eu estaria me sentindo inseguro e percebeu o meu esforço para que as coisas ficassem calmas, já que era um dia especial para você.

Durante o tempo que ficamos sozinhos você fez questão de me abraçar e dizer o quanto eu era importante e que nenhum outro menino legal mudaria isso.