Diluc E A Queda De Celestia

Rotina

Diluc prendeu seus cabelos vermelhos num rabo de cavalo alto. Se acostumou a fazer o gesto após tantas repetições que antecediam suas operações. Conhecido como protetor de Mondstadt à noite e dono de uma adega de dia, o que muitos não sabiam é que sua "área de serviço" ia muito além da cidade ou do vinhedo. Dessa vez, seu objetivo se localizava na Espinha do Dragão.

Enquanto saía sorrateiramente da mansão, avistou Kaeya, um homem negro de cabelos exuberantes, tão longos como os seus.

-Extendendo o expediente novamente? Assim vai criar olheiras e estragar essa sua cara de patricinho.

-Se quiser perder o outro olho é só falar.

Com esse simples diálogo. Os dois seguiram até a base da montanha congelada, quietos. Sabiam qual era o objetivo da vez: os fatui. Até porque se fosse o Abismo Kaeya nem teria vindo com o ruivo.

-Sua Visão vai ser inútil aqui.

-Você acha que sou dos Cavaleiros Favonius por causa da minha Visão?

-...

Avistaram os alvos, os quais raramente viam naquela região. Damas do Espelho. Estavam em desvantagem em razão do ambiente gélido. Seus movimentos teriam de ser extremamente calculados, qualquer erro poderia ser fatal.

-Quer ir sorrateiramente ou só destruir tudo?

-Os dois. Você ataca eles de surpresa e, quando estiver em desvantagem, eu apareço e congelo elas.

Essa estratégia surpreendeu Diluc, não esperava que Kaeya fosse liderar o ataque. De fato, essa era a melhor opção deles, já que as fatui também dependeriam muito de suas Ilusões. Dessa maneira, os dois se esconderam atrás de uma rocha bem atrás das mulheres. Não estavam interessados em investigar que planos elas tinham, pois na maioria das vezes sempre davam a desculpa que "eram apenas ordens do superior" ou algo parecido.

Diluc avançou com seu espadão em mãos e lançou seu ataque mais forte de primeira, destruindo o acampamento inimigo. Porém, antes de serem atingidas, as Damas do Espelho desapareceram em seus portais. Uma delas reapareceu atrás dele e o prendeu num círculo de água. O ruivo imbuiu sua espada em chamas e cortou a prisão. Ele a achou estranhamente calma para alguém que acabou de ter a sua carta na manga destruída, mas descobriu o porquê logo em seguida. A prisão que tinha cortado estava dentro de outra ainda maior, e a pessoa que estava à sua frente desapareceu.

-Acha mesmo que nós somos tão previsíveis assim?

Os pelos de Diluc eriçaram. Olhou em volta e viu dezenas da mulher de momentos atrás; era uma ilusão de ótica. Foi pego na armadilha. Não tinha energia elemental o suficiente para repetir o mesmo ataque que usou quando destruiu o acampamento, mas não podia desistir. Viu centenas de agulhas de água se formarem a sua volta. Uma a uma, voaram em sua direção. Mesmo que desviasse ou bloqueasse os projéteis que julgava fatais, a perda de sangue era muito alta. Somando ao frio, logo pegaria uma infecção nas feridas. Sua arma estava ficando quebradiça, não estava aguentando os ataques e a temperatura.

Sua consciência foi lentamente sendo tomada. O que poderia fazer? Não sabia nem onde as fatui estavam e nem como poderia derrotá-las. Diluc começou a raciocinar em meio aos ataques, então teve uma perspectiva da situação em que estava. Uma das Damas estava o prendendo ali dentro, enquanto outra atirava nele. Isso significa que não podem fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Não adiantaria refletir os projéteis na barreira já que são do mesmo elemento. Se enrolasse demais, iria morrer pelas feridas. Se tentasse sair a força, a outra Dama o mataria. "Não quero parecer fraco, principalmente na frente do Kaeya... Já sei" pensou.

Sem muita energia elemental, partiu para seu movimento final, que poderia tanto resultar numa vitória esmagadora ou em uma tragédia mal calculada.

Colocou fogo em si mesmo e correu para atravessar a barreira numa direção aleatória, apostando na sorte. Caso seus cálculos estivessem corretos, os ataques inimigos não fariam efeito pois iriam evaporar quando tocassem nele e a barreira iria apagar o fogo totalmente, mas permitiria sua passagem. Exatamente como pensou.