quatro meses depois.
Loid ainda estava lutando por seu país. Depois do dia em que Yor correu entre o campo para o encontrar, a cabeça de Loid ficou mais descansada.
Grande parte da sua falta de motivação para o serviço era o receio de que Yor o parasse de amar, por conta de sua súbita ausência. E se ela estivesse brava com ele, tirasse Anya dele? A criasse com outro homem?
Mas, depois daquele dia, em que viu o amor de sua vida enfrentando a morte e a dignidade para sentir seus braços novamente, percebeu que aquele amor era, definitivamente, para toda a vida.
Hoje era um dia especial. Ostânia estava à beira de se render, afirmando que, se Westalis ganhasse mais uma batalha, a guerra se encerraria. E essa batalha seria hoje.
No aniversário de Anya.
O sangue de Loid fervia. Sua filha tinha quatro anos agora, e ele não a via crescer há quase dois anos. Era o segundo aniversário que perdia. Tirando os de sua esposa.
- Ei, Forger. - Dominic, um colega de dormitório de Loid, se aproximou nele. - Tá pensando? Não se preocupa, cara. Os cara parecem gelatina, é fácil para caralho ganhar deles.
- Hoje é o aniversário de minha filha.
- Porra, cara. - Colocou uma mão sobre o ombro de Loid. - Quantos anos ela faz?
- Quatro. Eu fui embora quando ela tinha dois.
- Sinto muito. Você festeja depois, né? - Dominic sugeriu.
- Não. Eu quero celebrar hoje. - Loid fez uma pausa. - É..Dominic, você acha que se ganharmos hoje eu posso ir hoje mesmo para casa?
- Poder pode, cara. Mas vai chegar todo machucado. O tenente quer que todo vamos no hospital para fazer um check-up.
- Eu posso ir hoje para casa.
- Caralho, Forger, você não escutou o que eu disse?
- Eu posso ir hoje para casa! - Era tudo em que Loid podia pensar. Tudo o que ele tinha captado daquela conversa. Saiu correndo, pegando em sua arma. - Vamos a isso!
Horas depois, a batalha havia terminado. Vitória para Westalis.
Loid conseguiu.
Agora, Ostânia se havia rendido. A guerra terminado. O mundo tinha voltado ao seu normal.
- Parabéns, soldados. - Yuri, que havia se tornado um comandante, parabenizou. - Finalmente estamos fora desse inferno. O tenente Donovan quer que todos passemos pelo hospital da base antes de sairmos daqui. Provavelmente estão todos recheados de cicatrizes, vamos tentar melhorar isso. Chegarão a casa em segurança daqui a três dias. Bom trabalho, a todos! - Os soldados gritaram, em pura alegria, menos Loid. Não esperaria três dias.
Foi para sua cama e começou a fazer suas malas, com a pouca roupa que tinha, às pressas. Yuri notou.
- Ei, Loid. - Chamou o cunhado. - Você tá bem? Hoje é o aniversário da Nini, né?
- É. Eu vou embora, Yuri.
- Ei! Nem pensar! Você foi um dos melhores soldados em campo, deve estar todo fodido.
- Não ligo, vou tomar um banho num banheiro público qualquer. Eu preciso ver Yor. Preciso ver Anya hoje. - Colocou a mochila ao ombro. - Me cubra no hospital.
- Loid! Você vai ter muitas dores! - Yuri tentou gritar, mas Loid o ignorou, correndo para fora da base.
Dor pior do que não celebrar um ano de vida de sua garotinha? Desconhecia.
⚔
Chegou na cidade, ainda fardado de soldado. Sentia sua pele arder. As pessoas que o viam na rua reconheciam a farda e o agradeciam. Mas de todos os agradecimentos, ele só queria ouvir dois.
Parou numa loja de conveniência que sabia que tinha uma cabine com chuveiro, e lá entrou. Chegou no chuveiro e se despiu, vendo todas as marcas de sangue que tinha pelo corpo. Lavou o corpo. Lavou a guerra refletida nele, aliviando o sangue. Utilizou alguns curativos que tinha na mochila para esconder a maioria dos machucados e se trocou, vestindo uma camiseta branca e uma calça jeans azul. Estava pronto para ver suas garotas. Saiu da cabine e foi até ao espelho, bagunçando o cabelo. Era assim que Yor gostava.
Chegou ao prédio, subindo as escadas e agradecendo a todos os Deuses o facto de não haverem vizinhas no corredor. Bateu no apartamento em que não pisava há um ano e quatro meses.
Yor atendeu.
Loid não a deixou falar, beijando-a.
- L-Loid? - Yor falou, boquiaberta. - Meu Deus, Loid! - Falou, rindo de forma adorável, enquanto a abraçava. - Como você já está aqui? A guerra acabou tem algumas horas.
- Depois da guerra vem a paz. - Colocou o rosto no pescoço da esposa, o cheirando. Ela usava um perfume que ele lhe tinha dado. No segundo aniversário de casamento, mais precisamente. - Cadê meu amor mais pequeno?
- Na sala. - Yor pegou a mão de Loid, o levando para a sala, onde Anya estava ajoelhada assistindo TV, com um chapéu de aniverário.
- Amor? - Anya olhou para o lado de onde ouviu ver a voz, a reconhecendo imediatamente.
- PAPA'! - Anya gritou, correndo para os braços dele. Loid abraçou a filha como se sua vida dependesse daquilo. - Muita saudade, papai.
- O papai também teve muita saudades de você. - Beijou a bochecha na filha. Com ela ainda no colo, puxou o fio do chapéu que Anya usava. - E feliz aniversário, grandinha.
- Bigadu', papai! - Anya disse, saindo do colo do homem e correndo para o sofá, pedindo ao pai para se sentar.
Enquanto estava indo para o sofá, Loid olhou para sua esposa, que segurava sua mão.
- Ela me chamou de pai. - Sussurrou.
- Eu nunca a deixaria te esquecer. - Beijou a testa do marido, que derramava algumas lágrimas. - Nunca.
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Entre Pólvora E Sangue | twiyor
FanfictionLoid Forger, um policial comum, foi recrutado, junto à maioria dos homens do seu país, para servir o mesmo como militar, deixando para trás sua esposa, Yor Forger, e sua filha, Anya Forger, de apenas dois anos. Depois de um ano dentro da guerra, Lo...