Capítulo 1 - Nova Fase

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Eu estava prestes a surtar! Como alguém consegue demorar tanto para se arrumar só para ir à escola?

Hoje é o nosso primeiro dia de aula, estamos entrando no Ensino Médio, eu estou surtando com as matérias novas que vou ter que me preocupar a partir desse ano, e a minha melhor amiga, Dalila Felpes, está quase fazendo com que eu me atrase devido a um delineado. Quem faz delineado às 7 horas da manhã?

— Dal, anda logo, o Ricardo está esperando lá fora! — Disse, tentando apressar minha amiga gêmea.

— Samanta, você vai fazer eu errar meu delineado com toda essa pressa e vou ter que recomeçar do zero! — Respondeu ela.

Odeio quando me chamam de Samanta.

Eu chamo Dalila de amiga gêmea pela forma que a nossa amizade começou, a gente nasceu no mesmo dia e no mesmo hospital, eu nasci apenas algumas horas antes de Dalila. No dia que a gente nasceu nossas mães se conheceram e acabaram se tornando melhores amigas também. Minha mãe fala que eu estava no berçário chorando quando colocaram Dalila no quarto, e eu parei de chorar no mesmo instante, como se a presença dela tivesse me acalmado. E essa é a história linda de como Amélia e Anastácia se conheceram. Em menos de um ano elas resolveram abrir uma livraria no centro da cidade de Santa Margot. E elas acabaram se mudando para o mesmo bairro mais perto do centro, o que foi responsável por eu e Dalila irmos sempre juntas para a creche, escola primária e todo evento que a gente iria comparecer desde então. E é claro que a Livraria A'A acabou sendo nosso ponto de encontro favorito, nosso lugar especial em toda a cidade.

Sempre foi só nós duas até a sexta série, quando um garotinho chamado Ricardo se mudou para a rua da frente, ele era um ano mais velho, mas estudava na mesma escola que a gente, e acabamos fazendo amizade com ele, desde então somos o trio mais unido de todos.

Isso me lembra que Ricardo está nos esperando lá na rua para nos levar para a escola, ele está no segundo ano, tem 16 anos, e aqui, com 16 pode dirigir, e eu acho isso um máximo! Embora seja realmente mais caro tirar carteira nessa idade do que esperar pelos 18.

— Dalila, se apressa por favor, não quero chegar atrasada no primeiro dia de aula, seu delineado está lindo, você está linda, vamos?

— Estou pronta! Obrigada Sam, você bem que podia passar uma maquiagem às vezes, algo para destacar suas sardas. — Ela me respondeu.

É claro que eu ignorei totalmente sua sugestão, não sou muito chegada nessas coisas que Dalila ama tanto, sempre consegui me sentir bem sem precisar de maquiagem, salto então nem pensar! Prefiro mil vezes minhas calças folgadas e minhas camisetas. Agradeço muito pela escola que estamos indo não pedir farda, é muito raro em escolas como aquela, eu não suportaria ter que usar saia durante todo o meu ensino médio.

— Finalmente! Achei que precisaria subir lá e buscar vocês duas na marra, estão lindas, mas é só a escola, não estão indo para nenhuma festa. — Disse Ricardo quando finalmente entramos em seu carro preto vintage, mas não velho.

— Culpe a Dal, precisei ver ela passar mais de meia hora tentando acertar esse delineado. — Me defendi.

— Gente, é o primeiro dia de aula, dá um tempo! Ricardo, conta tudo! Como são as coisas na EPSM? (Escola Privada de Santa Margot) — Dalila estava realmente muito empolgada.

Enquanto Ricardo foi falando eu só conseguia olhar para a janela daquele carro pensando em como faria para sobreviver 3 anos no ensino médio. Todo mundo está sempre preocupado com popularidade, Dalila é uma calmaria perto das garotas que Ricardo falava, sempre atrás dos meninos do time de basquete que Ricardo sempre recusou entrar, embora seja muito bom nesse esporte. E pelo que ele falava, os garotos estavam mais preocupados com as meninas do clube de torcida, normalmente as namoradas, ou ficantes dos meninos do time. Parece que está tendo um projeto para começar um time feminino de algum outro esporte, estou gostando da ideia, Dona Tácia (minha mãe) vai amar saber disso, mesmo que a chance de eu participar seja mínima.

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