Capítulo 2 - Quem é Day?

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O passeio do trio estava fluindo bem, até que Dalila recebeu uma ligação de sua mãe, que deixou todos ali um pouco preocupados. Apesar de a conversa ser particular, ela compartilhava conosco sua cara de preocupação ao escutar o que sua mãe dizia, e quando desligou o telefone, começou a explicar sua pressa.

— Mamãe quer que eu vá logo para casa, parece que um erro do passado do papai voltou a ser discutido e ela disse que eu vou ficar surpresa com a descoberta deles quando chegar, não quis me contar por telefone.

Quando ela dizia sobre erro do passado, nós já sabíamos do que se tratava. No primeiro ano de casamento entre Amélia e Brant (pais de Dalila) os dois acabaram tendo uma discussão, e para descontar a raiva ele teria ficado com outra mulher.

A Dona Amélia era muito nova na época, ela se casou com 18 anos com um dos maiores médicos da cidade, que na época tinha 29 anos. Os pais de Amélia eram muito rigorosos e eles não poderiam saber de nada do ocorrido, e depois de muito arrependimento os dois voltaram a se dar bem novamente e a ser uma família feliz, e pouco tempo depois nasceu Dalila, e erros como esse nunca mais aconteceram. Os pais de Dalila acreditam muito na sinceridade então nunca esconderam esse acontecimento dela, que acabou nos contando, e isso serviu de aprendizado para nós, de que pessoas mudam e melhoram, pois, o Senhor Brant é o homem mais responsável e amigável que eu conheço hoje em dia.

Mas, o que será que possa ter acontecido para trazer esse problema do passado de volta? Acho que terei de esperar para descobrir.

...

Eu mal consegui dormir naquela noite, Dalila não respondia às minhas mensagens e Rick estava tão preocupado quanto eu. Quando ela finalmente me respondeu, disse apenas que não iria para a escola no dia seguinte e pediu para não insistir no assunto. Ficamos preocupados, porém, respeitamos o pedido dela.

No dia seguinte, eu fui sozinha com Rick para a escola. Já nos deparamos com os alunos que participam da diretoria, pedindo para aproveitarmos o tempo livre para escolher ao menos três matérias extracurriculares, que pudessem nos ajudar no nosso projeto de vida. Sinceramente, eu não faço ideia do que eu quero fazer quando sair daqui. Não tenho muitos talentos; amo ler, algo que tenho em comum com Dalila, graças às nossas mães. Além disso, não faço ideia do que fazer. Tenho uma boa criatividade, então já pensei em trabalhar na área da moda, mas, odeio costura ou qualquer coisa que envolva roupas extravagantes. Já quis trabalhar com educação física, porém, sou sedentária demais para isso. Eu gosto de desenhos, mas, não sei se tenho muitas opções quanto a isso e provavelmente irei herdar a empresa de financiamento do meu pai, o problema é que sou péssima com cálculos. Analisei cada matéria e decidi cursar artes cênicas por causa do meu famoso drama, financiamento pessoal, pois acho que vai ser útil para minha vida ou para a possibilidade de entrar na empresa do meu pai e design e suas possibilidades, pois acho que vai ser bom para expressar minha criatividade.

Certo, matérias escolhidas, um problema a menos. O Rick resolveu continuar com as mesmas matérias do ano passado e a Dalila não me respondia, então, a diretora disse que ela poderia escolher no dia seguinte aquelas que não estiverem lotadas.

Tomara que ela consiga entrar em alguma que goste.

Depois da aula eu e Rick resolvemos ir para a minha casa para decidirmos o que fazer em relação à Dalila, pois, ela não aparecia com notícias, e enquanto estávamos devorando uma pizza portuguesa pensando em como entrar em contato com ela sem invadir seu espaço, o meu telefone toca. Ao ver o nome de Dalila na tela o Rick logo atende, deixando no viva-voz para que nós três pudéssemos conversar.

Rick: — Finalmente! Estávamos preocupados, você bem que podia ter mandado alguma mensagem falando sobre o que aconteceu.

Sam: — Verdade Dal, a gente não aguenta mais esperar.

Dalila: — Desculpa gente, eu vou explicar tudo, mas preciso que me encontrem na Livraria A'A.

Sam: — Dal, já são quase 23:00, a biblioteca está fechada.

Dalila: — Eu sei, mas a mamãe me entregou a chave, ela concorda e já avisou a sua mãe, eu quero um lugar tranquilo para apresentar uma pessoa para vocês.

Rick: — Que pessoa é essa de tão importante para te fazer sair de casa nesse horário para ir até lá? Eu sei que vocês gostam de lá, mas nunca foram tão tarde.

Dalila: — Só faz o que eu estou mandando, não preciso de carona, a Day vai me levar de moto.

Rick e Sam: — QUEM É DAY?

A Dalila logo desligou o telefone, nos deixando sem escolha, precisando ir até o local marcado. Não é a primeira vez que saímos a noite, mas é a primeira vez que vamos para a livraria tão tarde. Leva uns 20 minutos para a gente chegar, e quando chegamos a Dalila já estava na porta, mas estava sozinha, e então, fomos até ela, que parecia estar eufórica.

— Cadê a pessoa que você disse que iria te trazer? — perguntei.

— Ela me trouxe e foi resolver uma coisa dela, mas já vou adiantando tudo para vocês, vamos entrar que a história é longa.

Nós fomos até nosso lugar favorito da A'A, onde tem uma pequena mesinha com poltronas vermelhas, perto dos fundos, um lugar confortável e afastado, nosso lugar de paz. Lá Dalila já começou falando.

— Vou começar do início, vocês se lembram do caso que meu pai teve com aquela moça um pouco antes de eu nascer?

— O da menina do Bar? — questiono.

— Sim, ela mesmo, ela ficou grávida, mas como foi só um caso de uma noite meu pai nunca mais teve contato com ela.

— GRÁVIDA!? — perguntamos em simultâneo, surpresos.

— Então quer dizer que você tem um irmão? — Rick perguntou.

— Sim, deixa eu terminar de falar. Na verdade, eu tenho uma irmã, o nome dela é Dayana Leal, mas todo mundo a chama de Day Leal, não levou o nome do meu pai. Ela tem 17 anos e a sua mãe faleceu a alguns meses, minha irmã não queria ficar em um orfanato e começou a procurar pelo pai. Ela tinha algumas dicas que a levaram ao meu pai e foram fazer um teste de DNA, que comprovou que é minha irmã, agora a Day vai morar com a gente. Como ela repetiu de ano está na nossa série, pode ser que tenhamos algumas aulas juntas, meu pai já está correndo atrás para matriculá-la.

Enquanto Dalila terminava de soltar tudo o que tinha para falar, eu e Rick ficávamos cada vez mais boquiabertos, e quando ela terminou ouvimos um barulho de moto estacionando do lado de fora da livraria, sabíamos que seria a Day, e eu estava louca para conhecê-la.

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