Capitulo 1

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Existe uma teoria que diz que sempre temos duas escolhas.

Como por exemplo, ir para a direita ou para a esquerda e cada uma delas molda nosso futuro de uma maneira distinta.

Então, o que teria acontecido se Pete tivesse decidido ficar com Vegas ao invés de fugir.

PETE

" Quem seria capaz de amar um monstro?"
— A bela e a fera

— Apenas prometa que não vai me deixar Pete — Vegas pede em desespero — Nós podemos recomeçar.

Suas palavras ecoam em minha mente enquanto escuto o click da algema sendo aberta e seu peso cair do meu pulso.

— Por favor, Pete — Vegas repete o pedido.

Levanto meu olhar finalmente encarando seus olhos, a tanta coisa ali, dor, medo, raiva, preocupação, desejo e amor, eu não duvido disso, sei que Vegas está apaixonado por mim assim como eu estou por ele, e merda isso é tão problemático, eu não queria sentir o que sinto mas não posso negar, mais então, eu reúno toda força que ainda resta em meu corpo machucado cerrando o punho e acerto o primeiro soco no rosto de Vegas.

Isso o faz cair para trás e ele me olha e por Buda odeio aquele olhar, porque ele parece compreender minha atitude, então antes que perca a coragem, monto sobre suas pernas no chão e acerto um segundo soco, Vegas não revida e não tenta desviar de nenhum de meus golpes. Eu nunca estive com tanta raiva antes. Toda a angústia e os demais sentimentos que tive que suprimir vem à tona. Estava com raiva dele, de mim, da situação que nos envolvia e acima de tudo estava com raiva por estar completamente apaixonado por ele.

Apenas quando o rosto de Vegas está sangrando eu paro e deixo meu corpo cair sobre o dele cansado por tudo que estava acontecendo.

— Eu te odeio, seu filho da puta — xingo rente ao seu ouvido enquanto as lágrimas começam a cair — Eu te odeio, te odeio, te odeio… — repito cada vez mais baixo e embargado por causa das lágrimas — Eu te odeio principalmente por fazer eu me apaixonar por você.

— Por favor, Pete — ele repete quase em um sussurro.

— Eu não vou a lugar nenhum Vegas — digo me rendendo de vez — Enquanto me quiser do seu lado, é onde eu vou estar.

●●●

VEGAS

Pete está deitado sobre meu corpo, ele ainda chora baixinho, meu rosto está dolorido mas não o impedi, porque ele precisava disso, precisava deixar toda a frustração sair.

Levo minha mão aos seus cabelos e os acaricio torcendo para que ele se acalme, e me dando tempo para me acalmar também, eu sempre tive tudo calculado, cada passo meu era devidamente pensado, mas com Pete tudo vai por água abaixo.

Não consigo entender como ele pode amar um monstro como eu?

Mas vou agradecer a todos os deuses  por isso ter acontecido. Então quando sinto seu corpo relaxar decido cumprir minha palavra e recomeçar, levanto meu corpo com Pete ainda grudado nele, no momento em que ele se senta em meu colo passei meus braços em suas coxas e levantei com ele, imediatamente Pete enlaçou minha cintura com as pernas e abraçou meu pescoço deixando seu rosto afundado em minha nuca.

Começo a caminhar para fora do quarto e no momento em que saímos percebo Pete erguer o rosto e observar a casa, e daí me dou conta que fora as duas vezes que ele te dou fugir essa é a primeira vez que ele sai daquele quarto. E também a primeira vez que ele pode observar o lugar sem ter que se preocupar com outra coisa.

Vegas seu desgraçado olha o que você fez com esse garoto.

Me mantenho calado enquanto caminho para o quarto que deveria ser meu, mas eu mal usei já que dormia com Pete praticamente todo dia. Entro nele  fecho a porta e caminho em direção ao banheiro, quando entramos lá toco na coxa de Pete pedindo para que ele desça e Pete entende, com cuidado ele solta meu corpo e fica parado em minha frente, vou até o chuveiro e o ligo deixando a água ir esquentando.

Caminho até Pete novamente colocando minhas mãos na barra de sua camisa e o encaro pedindo sua permissão, ele levanta os braços me deixando tirar o tecido de seu corpo, desço a mão por seu abdômen até o botão de sua calça e também a tiro o deixando apenas de box, Pete fica me olhando esperando o próximo movimento, me livro das minhas roupas até ficar somente de box também. Então com cuidado pego a mão de Pete que não está cortada e puxo ele para debaixo da água comigo.

Lavo com cuidado suas mãos principalmente a que ele cortou com a faca, depois pego o sabão líquido e começo a lavar seu corpo, escuto Pete soltar um leve arfar e eu sorrio, por incrível que pareça não tenho nenhuma intenção sexual dessa vez, quero mostrar que ele pode confiar em mim, que posso dar muito além de dor e prazer para ele. Nesse momento quero apenas que ele relaxe.

Então o viro de costas para mim e começo a massagear seus ombros que estão tensos.

— Isso é bom — Pete murmura.

Eu automaticamente sorri e depositei um beijo em sua bochecha, que fez Pete virar de frente para mim, ele segurou meu rosto e juntou nossos lábios, não há língua no beijo é apenas um selar sincero, acho que nesse momento Pete e eu concordamos que precisamos do carinho um do outro e nada mais é como eu disse, um recomeço.

Ele então se afasta e pega o sabão líquido, o espalhando em suas mãos e começando a passar no meu corpo.

— Agora é minha vez de cuidar de você — Pete diz e sinto uma lágrima silenciosa descer no meu rosto.

Cuidar de mim, nossa quando foi a última vez que alguém se preocupou em cuidar de mim, então pela primeira vez em muito tempo me permito desligar de tudo, da Primeira Família, da segunda, do meu pai e toda a confusão que nos rodeia. E deixo que meu garoto cuide de mim.

Hiraeth (VegasPete)Onde histórias criam vida. Descubra agora