Capitulo 3 - Cheirinho de pêssego

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Queria poder dizer que teve uma ótima noite de sono mas com o maldito do Hatake em sua cabeça o abraço de Morfeu foi quase nulo. Suas pálpebras pareciam pesar toneladas de chumbo. Quase não se reconhecia no espelho do banheiro branco como um quarto de um hospital psiquiátrico. Decerto era outra pessoa, a cara desfigurada do lado direito e olhos pretos que podiam brilhar tão vermelhos quanto rubis e safiras preciosas. Tateou a cicatriz que havia em sua boca, começava abaixo do inferior e terminava perto do nariz. De longe não era a única marca presente em seu rosto, o lado direito era coberto por esses traumas, mas não era feio, muito longe disso, ele era lindo mas não se achava. Era monstro e apenas isso.

O par de escuras e grossas sobrancelhas se torceram para formar uma careta de ardência. A dor bateu forte contra o ferimento em seu abdômen. Olhou para a região vendo os pontos quase se abrindo. Fechou os olhos e mordeu o lábio rosa com força, doía. Teria de chamar Kakuzu mais uma vez para o costurar e levaria uma grande bronca por fazer excesso de esforço. Catou sua máscara laranja jogada sobre a pia, ao lado de sua escova de dente, e a vestiu. Ele ainda estava molhado, havia acabado de sair do banho, a toalha enrolada em sua cintura era um sinal disso. Uma gota caiu de seu cabelo, descendo pelo peitoral definido e abdômen forte tendo seu fim no tecido felpudo da toalha branca. Assim como o rosto, a parte direita de seu corpo forte era coberto de cicatrices e estranhamente era mais clara do que a cor de sua pele. Era evidente que sofrera algum tipo de acidente.

Um suspiro escapou da boca vermelha e passou os dedos grossos entre os fios pretos e molhados de seu cabelo, afastando a franja encharcada de sua testa. Saiu do banheiro e checou se havia alguém pelos corredores tão sem vida, sem cor, sem essência da casa repleta de mãos manchadas de sangue e para sua sorte não tinha ninguém perambulando pelos corredores logo pela tão agradável e calorosa manhã. Caminhou sem pressa alguma para seu quarto e fechou a porta escura para adentrar ao cômodo de cor branca tão tranquilizante quanto o cheiro de pêssego que um certo ser de cabeleira cacheada tinha.

Olhava entediado para o calendário, 22 de julho, ainda. O vento sobrava com força do lado de fora, podia facilmente ouvir o som da água batendo nas rochas, as folhas dançando tango e as nuvens se aconchegando sob o calor do Sol afim de se aquecer. Catou qualquer roupa que viu pela frente; não teria importância afinal não sairia de seu quarto. Tinha que pedir para Kakuzu para que costurasse seu ferimento mas não o faria. Após vestir-se ele se jogou na cama. Iria ,mais uma vez, tentar dormir. Apenas tentar caso não conseguisse novamente iria caçar algo para fazer ou simplesmente ficar deitado sem fazer nada até que algo invadisse a sua mente.

06:54am
22 de julho.

O sol pairava de tão bela forma no céu claro da manhã que Kakashi não pode simplesmente não o apreciar. Apoiou-se sobre a proteção da varanda e observou o triste sofredor de um amor platónico que era aquela bola cheia de energia que queimava hélio. O céu passava a se mesclar em tons de azul e leves pinceladas na paleta do laranja e rosa. O acordar do amanhecer era demasiado lindo e merecia ser apreciado e adorado todos os dias e por todos. Era um fenômeno que um dia nunca mais ocorrerá. O Sol irá explodir assim que queimar todo o hélio que há em seu núcleo e os seres humanos não poderão fazer nada além de chorar e desaparecerem como o sobrar de uma poeira cósmica sem importância nenhuma.

A entropia da mente do Hatake sabia disso e mesmo assim não se abalava, sorriu com bocejo do universo e se dirigiu para a cozinha preparar seu café da manhã. Fez o que sempre fazia: panquecas e café. Não sentia muita fome quando acordava então comer não era uma preocupação tão grande. Sentou-se e começou a degustar do seu café da manhã, estava tranquilo comendo. Estava bom e matava sua mínima fome mas sempre havia algo que iria torrar a sua paciência. Desta vez era alguém, pessoas, três. Kakashi foi escalado para ser líder de outro time, antes teriam de passar no teste. O branco já não tinha paciência nenhuma para lidar com três crianças, será que Hiruzen não percebera isso no momento que a informação de que havia provavelmente quebrado a costela de um aluno chegara em seus ouvidos? Será possível daquele velho estar tão gagá ao ponto de não escutar direito?? Estressado ou não Kakashi tinha um trabalho para fazer.

Kakashi no Tobi, Pêssego (🍑) time! - Obikaka KakaobiOnde histórias criam vida. Descubra agora