O Fogo em Nós Dois

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Quando Aang foi sequestrado por Zhao, ele foi resgatado por alguém inesperado. O coração de Aang acelerou quando a flecha acertou a sua máscara, fazendo o adolecente desmaiar, e acelerou ainda mais quando viu a cicatriz.

Aang levou Zuko para um lugar seguro na floresta. Quando ele se certificou que estava tudo bem, ficou um tempo encarando o príncipe. Quando deu por si, estava passando os nós dos dedos levemente pelo rosto de Zuko, tocando seus olhos, sua cicatriz e seus lábios. Aang se afastou rapidamente, ignorando o calor que crescia em seu peito.

Isso meio que aconteceu de novo. No Polo Norte, enquanto Aang estava no mundo espiritual, Zuko passou levemente as pontas dos dedos pelo rosto do Avatar. Por um momento, pensou em como eles lidavam com tudo aquilo. Pensou na responsabilidade sobre os ombros de Aang e a pressão que a Nação do Fogo colocava no príncipe banido. Talvez eles sejam muito jovens para isso.

Por fim, Zuko caiu na real e foi para a entrada da caverna em que estavam, pensando que o calor que estava sentindo fosse algum tipo de defesa do corpo por causa do frio.

Sempre que estava na presença de Zuko, Aang se sentia quente, mas quando o príncipe o procurou oferecendo ensinar a dominação de fogo, foi como se um incêndio houvesse começado dentro de Aang. Se Katara e Sokka não tivessem abertos às bocas, Aang o teria aceitado no grupo na hora.

Talvez ele fez a escolha certa. Ele pôde pensar com cuidado, e pensou que finalmente poderia descobrir de onde vem aquele calor, e a viagem ao Templo dos Mestres do Fogo poderia dar essa resposta.

Quando estavam voltando, os dois garotos resolveram acampar em um campo aberto ao lado de uma floresta assim que anoiteceu. Aang estava dando comida para Appa quando sentiu uma mão em sua cabeça.

- Gostei do seu cabelo! - Aang resolveu ficar com seu cabelo mesmo depois de sair da Nação do Fogo, e agora Zuko estava com a mão nele.

- Obrigado. - Aang se afastou rapidamente - e-eu vou tentar ascender a fogueira!

Aang foi para a pilha de lenha à frente, fez os movimentos corretos com as mãos, mãos e o fogo não saiu. Quando abaixou os olhos, viu que elas estavam tremendo.

Zuko se aproximou e colocou as mãos grandes sobre as mãos de Aang.

- Calma... - Zuko falou baixo - respire devagar e se concentre.

Aang fez isso e a fogueira acendeu. Ele sorriu aliviado e, quando olhou para baixo, percebeu que suas mãos ainda estavam se tocando. Ele se virou para o mais velho e pousou a mão direita em seu peito, enquanto a esquerda tocava delicadamente o seu braço.

Zuko ficou confuso. Ele abriu a boca para falar, mas foi interrompido.

- Zuko, o que é isso? Desde que eu te conheci, meu peito se aquece, e o seu também... O que é isso?

- E-Eu não sei.

Os olhos dourados de Zuko encarou profundamente os olhos cinzentos de Aang, e depois foi para os lábios. O príncipe se aproximou lentamente e parou a poucos centímetros dos rostos se tocarem.

- Mas acho que pode ser isso.

- Zuko... - Aang sentiu o calor se espalhar por suas bochechas.

- Posso? - Zuko pediu a confirmação do menor.

- Pode.

Os lábios do príncipe eram macios, foi a primeira coisa que Aang notou. O Avatar nunca avia beijado alguém antes, mas já sabia que tinha uma certa atração por garotos.

Para duas pessoas que nunca beijaram na vida, eles se saíram muito bem. A boca de Aang abriu um pouco, pedindo passagem com a língua, que logo foi concedida por Zuko. Uma das mãos do menor foi parar nos cabelos do príncipe, que eram tão macios quanto os lábios, enquanto a outra mão estava no rosto, o dedão acariciava a cicatriz. As mãos do príncipe foram parar rapidamente na cintura de Aang, o puxando para mais perto.

Os dois se separaram por causa da falta de ar. As testas se tocaram enquanto ambos ofegavam.

- O mundo... - Disse Zuko, com a respiração pesada - não é o único que prescisa de você!

Aang sorriu com a frase dele, e sorriu mais ainda quando viu que o rosto do garoto estava tão vermelho que a cicatriz era quase imperceptível.

Sem nem perceber, Zuko foi guiado por Aang até os sacos de dormir. Ele também não percebeu quando os dois se deitaram lado a lado. O beijo o enfeitiçou profundamente.

Uma brisa fria passou por eles, fazendo Aang se encolher. Zuko chegou mais perto do garoto e o abraçou fortemente. Com a dominação de fogo de ambos, o frio da noite foi substituído por um calor agradável e aconchegante.

Aang encostou a cabeça no pescosso alheio e começou a acariciar os cabelos negros do maior, que, por sua vez, tinha as mãos novamente na cintura do garoto, e seu rosto estava afundado nos cabelos castanhos.

- Aang... - Zuko disse com a voz abafada - Eu... amo você! Já tem um tempo isso, na verdade. Desculpe por demorar para admitir, para mim mesmo e para você. 

- Eu também amo você, Zuzu! - Aang riu lembrando do apelido feito pela cunhada.

Zuko também riu antes de adormecer. Os dois dormiram abraçados por muitas outras noites, acompanhadas de beijos roubados, risadas e carinhos. Não importa quando tempo passasse, o fogo que eles dividiam nunca se apagou, pelo ao contrário, foi ficando mais forte com o fim da guerra, a coroação, o nascimento de seus dois filho, Tenzin e Izumi, com as viagens em família e com a velhice chegando. Com o tempo, esse fogo de amor foi substituído por um de amizade, com a Avatar Korra, mas os espíritos dos dois se encontrariam e o fogo iria arder de novo.

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